Série Príncipes do Mar
Numa noite de lua, o príncipe Lazar di Fiori retorna à ilha de Ascensão para vingar a morte de sua família e a usurpação de seu reino.
Allegra Monteverdi, a filha de seu acérrimo inimigo, demonstra ser uma valente adversária e lhe implora para que não mate a sua família.
Sua beleza e coragem impressionam
Lazar e impregnam em seu frio coração, por isso aceita manter sua vida com a condição de que se converta em sua prisioneira.
Apenas no mar, confundida entre o medo e a sedução, Allegra descobre que o misterioso e vingativo homem é o príncipe Lazar, aquele com que sonhava quando era menina.
Mas será preciso muito mais que seu crescente amor para conseguir com que o príncipe pirata enfrente os fantasmas do passado e consiga apaziguar seu atormentado coração.
Capítulo Um
Maio de 1785
Uma onda lhe alagou o rosto de água salgada e com um furioso piscar sacudiu a ardência do sal enquanto se esforçava sobre os remos várias vezes com toda sua força.
Ao seu redor, as ondas formavam redemoinhos e se elevavam como prateadas plumas de espuma, ensopando-o em seu esforço para conduzir o bote entre as afiadas rochas que protegiam a caverna.
Apesar da dor nos braços e ombros continuou se esforçando em manter o bote bem manejado até que, ao final, com um grito de raiva, conseguiu passar entre as altas e dentadas rochas.
Ao deslizar sob o arco rochoso, teve que baixar a cabeça para penetrar a boca da caverna.
Nesse mesmo instante, a muitas léguas atrás dele, sete navios ancorados aguardavam na baía iluminada pela lua.
Uma vez debaixo da escura abóbada de granito, secou o suor da testa com o antebraço e começou recuperar o fôlego.
Ali não havia ninguém que percebesse sua presença, exceto os exércitos de morcegos que pendiam e batiam as asas por cima de sua cabeça, então prendeu uma tocha.
Por fim, conduziu o bote para o chão e saltou à terra firme.
Quinze anos. Tinham passado quinze anos desde a última vez que o príncipe Lazar di Fiori pisara em Ascensão.
Quase a metade de sua vida, pensou, ou daquele tempo infernal que não tinha sido vida absolutamente.
Olhou a suave areia que brilhava sob suas gastas botas negras e se abaixou para pegar um punhado em sua endurecida mão dourada pelo sol.
Com expressão absorta e triste observou como a areia escorria entre seus dedos, igualmente acontecia com todo o resto.
Seu futuro. Sua família. E, ao amanhecer, sua alma.
A areia caiu no chão com um sussurro até que só ficou uma pequena pedra negra na palma da mão.
Também essa deixou cair. Não queria nada.
Levantou-se e ajeitou o cinturão do qual pendia sua espada.
O couro úmido pressionara seu peito e irritara sua pele que a camisa negra deixava descoberto. De novo tomou um gole de rum da cigarreira de prata que pendurava de seu pescoço em um fino cordão de pele e estremeceu ao sentir o fogo que produzia em seu estômago.
Levantou a tocha e observou a caverna ao seu redor até que localizou a entrada para os túneis secretos subterrâneos que tinham sido escavados séculos atrás por sua família.
Era estranho pensar que agora ele era o único que sabia que não se tratava de outra lenda a respeito da grande casa dos Fiori.
Avançou até a tosca entrada esculpida na rocha e levantou a tocha com prudência, esforçando-se para ver algo naquela garganta negra.
Era condenadamente claustrofóbica para um homem acostumado ao mar aberto.
— Vá em frente, traseiro medroso
Série Príncipes do Mar
1 - O Príncipe Pirata
2 - A Princesa
3 - O Príncipe Azul
Série Concluída