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19 de outubro de 2014

O Reverso da Vingança








Clive precisava conquistar Lara para pôr em prática sua vingança implacável!

O marquês de Darincourt, Clive Darin, sorriu satisfeito ao ler o anúncio de casamento que mandara publicar na gazette.
Todos pensariam que fora ele quem rejeitara a esnobe lady Charlotte. 
Na verdade, estava magoado e humilhado, pois ela preferira se casar com um duque!
Sua sorte mudou ao encontrar lady Lara, prima de Charlotte, fugindo de casa. A linda órfã seria uma substituta perfeita para a noiva que o preterira...

Capítulo Um

1819
O marquês de Darincourt dirigia seu faetonte com rapidez para fora de Londres.
Todos os pedestres, com os quais cruzava, admiravam seu veículo. Os dois cavalos que havia adquirido recentemente nos leilões de Tattersall eram soberbos e constituíam uma parelha perfeita.
O faetonte, projeto seu, era amarelo, com rodas negras e, sem dúvida, o mais elegante de toda St. James Street.
O próprio marquês tinha uma aparência digna de ser admirada. Além de muito belo, sua postura-e comportamento justificavam seu apelido de Darin, o ousado.
Quando no Exército, Clive Darin alcançara o posto de capitão. Costumava levara bom término qualquer missão que lhe era confiada, não importando seu grau de dificuldade ou perigo. Conseguira per­manecer vivo graças a sua sagacidade e inteligência, daí ganhando dos companheiros a alcunha de ousado.
A guerra havia lhe arrefecido um pouco das ilusões românticas. Por isso, regressando a seu país, dedicou o tempo a amores fortuitos e inconsequentes com entediadas e solitárias senhoras casadas em­bora muito atraentes e sofisticadas.
Todas mostravam-se dispostas a recebê-lo secretamente quando os maridos se ausentavam.
Faziam parte do exclusivo beau monde. Assemelhavam-se às cocottes francesas, que havia conhecido em Paris quando lá estivera, com o Exército de Ocupação.
Finda a guerra, voltou ao lar passando a destacar-se como um dos mais cobiçados homens solteiros do beau monde. Tinha plena consciência de que sua posição exigia que tivesse uma esposa. Como não era de seu feitio adiar decisões importantes, nesse dia levantou-se e preparou-se para uma missão que lhe era nova.
Jamais havia feito algo semelhante antes.
Havia decidido casar-se.
Era filho único. Tanto seu pai, antes de falecer, como todos os parentes, haviam sentido muito medo que desaparecesse num campo de batalha.
Teria sido lamentável se o nome Darincourt, que era parte im­portante na história do país terminasse abruptamente. O título ho­norífico de marques, criado apenas cem anos atrás, fora um acréscimo à glória familiar.
Também isso não deveria ser perdido.
O marques conhecia bem a importância de sua posição.
Tudo isso justificava o assédio sofrido por ele pelas debutantes. Usavam de todos os recursos para atrair-lhe a atenção, contando com a cumplicidade e orações das ambiciosas mamães, que vence­riam qualquer obstáculo para tê-lo como genro.
Porém, em vez de se tornar arrogante ou cheio de autoconvencimento, ele passara a encarar tais expectativas com uma certa dose de cinismo. No íntimo, apreciaria casar-se pelas próprias qualidades e não por suas posses. Seus amigos teriam rido de tal prova de sentimentalismo. Preferiria procurar o amor verdadeiro, tal como ocorria no passado.
O marques Clive Darin era um homem culto que, em contraste com suas aventuras, gostava de deleitar-se com boas leituras. Havia se impressionado com os poemas escritos por lorde Byron. Aliás, o poeta era seu conhecido, pois frequentavam o mesmo clube, o con­ceituado White’s.
Já fazia algum tempo que, tanto a avó quanto os parentes, lhe imploravam, quase de joelhos, para que se casasse.
Sempre atento a tudo o que se passava a sua volta, Clive acreditava haver descoberto, entre as debutantes, uma perfeita pérola.
Lady Charlotte Warde, filha do conde de Langwarde, era, sem sombra de dúvida, a mais bela da nova geração.