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2 de fevereiro de 2011
O Triunfo do Amor
Charlotte, mergulhada no trabalho de sua fazenda, vive ignorando sua feminilidade.
Mas um dia aparece em suas terras um grupo de vaqueiros dispostos a enforcarem um homem.
Charlotte, determinada a evitar qualquer tipo de intrusão em sua propriedade, impede o enforcamento e abre as portas da sua casa para a vítima, um belo californiano chamado Walker.
A atenção e a masculinidade de Walker despertam um tórrido desejo em Charlotte, que relutantemente se reencontra com a mulher apaixonada em seu interior.
Capítulo Um
Em Two Trees (Duas árvores – nome da fazenda) no Texas, havia apenas duas árvores, e as duas estavam em frente à casa da senhorita Charlotte Butterworth.
Provavelmente por isso um grupo de vaqueiros selvagens entrou cavalgando em seu jardim em meio a uma nuvem de poeira e escolheu a maior das árvores para pendurar Walker Reed.
Eram seis homens no total, cinco para administrar a justiça e outro para recebê-la.
Era um jardim agradável, cuidado da mesma forma que a casa branca de madeira a qual cercava.
Naquela tarde, em 1880, na última hora, quando o sol se fundia atrás das árvores e banhava de luz os arbustos e flores, murchas do calor, a casa, de um andar com a aparência respeitável, parecia apática.
Atrás da casa um pequeno jardim resistia ao calor intenso.
Também ali estava tudo cuidado: duas fileiras de quiabo, duas de ervilhas, abóboras e mais distante, perto da cerca, os tomates.
No organizado interior da casa de madeira Charlotte Butterworth, a quem em Two Trees todos chamavam carinhosamente de senhorita Lottie, estava na cozinha vigiando um bolo de vinagre que estava no forno de seu novo fogão Champion Monitor de seis bocas.
Assustou-se ao ouvir o repentino ruído de cascos de cavalos misturados com vozes fortes que vinham do caminho em frente sua casa e, alterada, fechou a porta de seu fogão novo com mais força do que tinha desejado.
Imediatamente agradeceu a escolha da torta de vinagre em vez da torta de Robert E. Lee, cuja massa teria certamente impedido de fechar a porta do forno.
O barulho se aproximou. Provavelmente eram novamente os bagunceiros filhos de Mason, perseguindo um magro coiote e tentando encurralar o animal assustado em sua grade. Na semana anterior tinha sido um coelho meio morto de fome. Uma mulher que morava sozinha tinha que ficar alerta ou se aproveitavam dela.
Além disso, não podia permitir que pisoteassem suas flores novamente, de modo que guardou as colheres na gaveta e a fechou com o quadril, sacudiu a farinha do avental branco e ignorando as manchas em seu nariz, entrou na sala.
Tirou os óculos, porque nunca permitia que ninguém a visse com eles, se aproximou com passo enérgico das janelas com vista para frente e olhou discretamente, — porque a tinham ensinado que uma dama sempre faz assim — através da única cortina de renda de todo o condado para ver o que era aquele ruído.
Olhando através da ampla entrada, por cima dos espirais de jasmim de Carolina enroladas nas bordas da grade, viu cinco vaqueiros do rancho Triplo K.
Como temia, estavam pisoteando seu canteiro de flores. Começou a murmurar de raiva e se propôs a sair quando percebeu que essa não era a única coisa que eles faziam.
Eles estavam amarrando uma corda grossa a sua árvore preciosa. Isso em si já era horrível, mas para seu horror, descobriu seguindo a corda — que na outra ponta havia um laço no pescoço de um desconhecido, muito contrariado, por não dizer absolutamente infeliz. Meu Deus: vão enforcar esse homem!
Charlotte disse a si mesma, e pensou que um enforcamento não era assunto seu.
Estava prestes a se virar quando percebeu onde eles iriam enforcá-lo e incrédula, disse em voz alta: Na minha árvore!
Pensando no que iria acontecer no quintal da frente de sua casa, Charlotte, pálida, ficou olhando para o cabelo preto do homem.
Mesmo da janela, viu que ele estava sujo do que parecia ser sangue e areia.
A roupa, ou o que restou dela, estava rasgada e cheia de sangue, como o houvessem amarrado a um cavalo e arrastado a distância. Era evidente que ele não tinha chegado lá de bom grado, mas o que poderia um homem contra cinco?
Charlotte observou as mãos, com bolhas e ensanguentadas, amarradas nas costas.
Com alarme crescente, ela as viu se fechando e abrindo, tencionando os músculos dos braços e reforçando as veias e artérias.
Mas o que mais a impressionou foi o rosto do desconhecido, e observou por um longo tempo, absorta em sua beleza viril, as maçãs do rosto salientes brilhando de suor, o nariz reto, queixo forte.
Quando o seu cavalo se moveu nervoso com a corda que pendia de seu lado, o homem se virou e Charlotte viu seus olhos de um azul profundo, frios e penetrantes.
Apesar de sua expressão distante, Charlotte tinha certeza de que tinham ferido o orgulho daquele homem, que parecia implacável, desafiador e muito capaz de exercer a violência e, no entanto, possuía uma aura de integridade.
Podia ser muitas coisas, mas não era um criminoso.
A posição orgulhosa de sua cabeça, costas retas, queixo apertado, a atitude tranquila, carente de humilhação e súplica, tudo isso proclamava sua inocência.
Charlotte recordou outra época e outro lugar, no qual havia contemplado com horror o assassinato de um inocente.
Só que naquela ocasião era apenas uma criança.
Charlotte Augusta Butterworth observava de trás das cortinas de renda, os olhos azuis fixos no desconhecido, sua cabeça martelava e tinha um nó na garganta, onde descansava a mão.
Nunca tinha visto um homem ser enforcado.E não estava disposta a vê-lo, se pudesse evitar.
Afinal, a árvore era sua e tinha o direito de decidir se continuaria a ser uma árvore para dar sombra ou tornar-se uma forca.
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