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21 de dezembro de 2011

Um Homem e Uma Mulher

Série Tutores
Connor, denominado Muhamed pelos árabes, está a ponto de dar uma mudança decisiva em sua vida, mas antes quer saber se é capaz de agradar uma mulher, por isso contrata uma prostituta na estalagem em que se hospeda. Meg é a viúva de um vigário que retorna ao lar que herdou de seus pais para enfrentar uma vida de solidão e pobreza, mas antes quer sentir outra vez o calor do corpo de um homem, por isso intercepta a prostituta que o árabe contratou e troca de lugar com ela.
Assim se cruzam duas vidas, dois destinos cheios de carências, anseios... e desejos.

Capítulo Um

Desejava um homem – mesmo que fosse somente por uma noite.
O homem, de pé diante dela, estava disposto a pagar por uma mulher só por uma noite. Ele bloqueava a porta, 1,82 de altura contra seus 1,64. Seu rosto era rudemente bonito; parecia que seus traços foram esculpidos pela areia e o sol. Rugas emolduravam sua boca e saíam ao lado de seus olhos – olhos tão escuros que pareciam negros. Muhamed, tinha chamado o hospedeiro. Sr. Muhamed. Ele era um árabe. Ela uma inglesa. Estava vestido com uma túnica branca e turbante; ela estava vestida com um vestido negro e véu. Não tinham absolutamente nada em comum exceto seus desejos físicos, mas aqui estavam ambos no Land’s End, Cornwall.
Megan sabia o que tinha que fazer; era a coisa mais difícil que já tinha feito. Lentamente, deliberadamente, levantou o véu e o amarrou no centro do chapéu Windsor. Endireitando a coluna, mentalmente se preparou para saber que seria: recusa ou aceitação.
O árabe lhe tinha pedido ao hospedeiro que lhe conseguisse uma puta; em troca, uma viúva de quarenta e oito anos tinha chamado a sua porta.
E ele a tinha deixado entrar. Como se ela fosse de fato, a prostituta que pretendia ser. E provavelmente o fosse. Nenhuma mulher respeitável teria tomado parte na farsa que agora ela representava.
Seu seio subiu e baixou, seus pulmões enchendo-se, esvaziando-se – não podia obter suficiente ar em seu corpo carente de oxigênio. A áspera lã de seu vestido irritava seus mamilos. Não tinha que olhar para baixo para saber que lhe marcavam através do sutiã.
Seu negro olhar deslizou por seu rosto, seus seios – que se inflamaram sob seu exame, mais cheios que os de uma garota jovem, mais pesados – e desceu por seu corpo para estudar seu estômago e seus quadris que como o resto de seu corpo se arredondaram com o passo dos anos. Lentamente seu olhar se levantou de volta para seu rosto e as rugas que havia ali não tinham nada haver com areia ou sol, mas tudo com a idade de uma mulher. Colocou a mão de um lado da saia e sentiu no bolso, a chave de seu quarto que era justamente no final do corredor. Agora ele a aceitaria, ou agora ele a recusaria...
- É muito velha para ser uma puta, disse seco.
Mas não muito velha para desejar um homem.
Por dentro, estremeceu. Por fora, manteve seu olhar; seus olhos verdes, que ao menos, não tinham trocado com o tempo. - Alguns diriam, senhor, que você é muito velho para necessitar dos serviços de uma.
Uma tênue cor obscureceu suas bochechas – ou provavelmente foi seu próprio descaramento o que coloriu sua visão. - Está nua sob o vestido.
A quente cor que tinha as maçãs do rosto dele se transformou em um ardente calor nos mais arredondados dela.
Desafiante, levantou o queixo. - Sim.
Megan não usava anáguas, espartilho, blusa, calcinhas ou meias. Nenhum dos atrativos que as mulheres respeitáveis usavam.

Série Tutores
1 - O Tutor
2 - Um Homem e Uma Mulher
Série Concluída

20 de dezembro de 2011

O Tutor

Série Tutores
Elizabeth Petre é a honorável esposa de um aspirante a primeiro Ministro britânico. Diante da Sociedade tem que representar o papel da perfeita esposa, em sua casa, seu marido se mostra desdenhoso quando não indiferente com ela. Para Elizabeth é cada vez mais penoso que seu marido a mantenha longe de seu coração e de seu leito e com a idéia de voltar a seduzi-lo, de fazer com que esqueça suas inúmeras amantes, aprendendo as mesmas artes que elas.
Para conseguir, recorre a Ramiel Devington, o filho bastardo de uma nobre inglesa e um Sheik árabe. Repudiado pela sociedade britânica, ele aceita a proposta da dama, pois intui que apesar de sua fria aparência, Elizabeth esconde um espírito livre e apaixonado que prisioneiro de convencionalismos, anseia em escapar e poder desfrutar tudo o que a vida pode oferecer.
Dia a dia, lição a lição, Ramiel vai mostrando a Elizabeth um mundo desconhecido, ensinando-lhe todos os segredos da arte da sedução e sutilmente, atiça o fogo e a sensualidade, com conseqüências dramáticas e inesperadas para os dois.

Capítulo Um

Ramiel não consentiria que nenhuma mulher o chantageasse e não lhe importava quão forte pudesse ser sua necessidade de satisfação sexual. Apoiou contra a porta da biblioteca e observou com os olhos semicerrados à mulher que estava em pé frente às portas envidraçadas que davam ao jardim. Ligeiros retalhos de bruma se estendiam entre ela e as cortinas abertas. Em contraste com estas, como colunas de seda amarela, a mulher parecia um escuro monólito embainhado em lã negra.
Elizabeth Petre.
De costas, não a reconheceu, coberta como estava, dos pés a cabeça com um chapéu e uma grossa capa negra. Mas na realidade não a teria reconhecido nem nua frente a ele, com os braços e as pernas abertas lhe convidando lascivamente.
Ele era o Sheik Bastardo, filho ilegítimo de uma condessa inglesa e de um Sheik árabe. Ela era a esposa do ministro da Economia e Fazenda e seu pai o primeiro-ministro da Inglaterra.
Pessoas como ela não se misturava socialmente com gente como ele, salvo a portas fechadas e sob lençóis de seda.
Ramiel pensou na mulher de escuros cabelos cuja cama acabava de deixar, apenas uma hora. A marquesa de Clairdon o tinha seduzido num baile de rameiras, onde tinha dançado nua igual ao resto das assistentes. Usara-o para alimentar sua excitação sexual e durante algumas horas se converteu no animal que ela desejava, investindo, esmagando e amassando no interior de seu corpo até encontrar aquele momento de liberação perfeita onde não existiam nem passado, nem futuro, nem Arábia, nem Inglaterra, somente o esquecimento.
Talvez teria possuído também aquela mulher se esta não tivesse forçado a entrada de sua casa deliberadamente através da coação e a chantagem. Com os músculos tensos pela cólera contida, afastou devagar do frio contato do mogno e atravessou silencioso o tapete persa que cobria o chão da biblioteca.
— O que é que pretende, senhora Petre, invadindo meu lar e me ameaçando?
Sua voz, um áspero murmúrio de refinamento inglês que ocultava a ferocidade árabe, ricocheteou no arco formado pelas portas e alcançou a barra de bronze da cortina que bordeava o muito alto teto circular.
Pôde sentir o sobressalto de temor da mulher, farejando-o quase por cima da neblina úmida.
Ramiel desejava que sentisse medo. Desejava que se desse conta de quão vulnerável era, sozinha na guarida do Sheik Bastardo sem que seu marido ou seu pai pudessem protegê-la.
Queria que soubesse da maneira mais elementar e primitiva possível que seu corpo lhe pertencia para dar a quem quisesse e que não admitiria chantagens na hora de conceder seus favores sexuais. 

Série Tutores
1 - O Tutor
2 - Um Homem e Uma Mulher
Série Concluída

2 de dezembro de 2011

A Mulher de Gabriel

Série Os Anjos
Desamparada e aterrorizada por um obscuro perseguidor, aos trinta e quatro anos de idade, Victoria Childers possui apenas uma coisa de valor na vida, sua inocência. O seu preço comprará sua segurança. Mas Gabriel, um homem perigosamente lindo, compra a virgindade dela, mas o que realmente quer, é o homem que a persegue, o responsável por destruir seus sonhos inocentes. Aprisionados em um lugar onde todos os desejos podem ser cumpridos, Victoria e Gabriel vão mergulhar em um jogo de paixão onde a maior ameaça é o desejo carnal e desfrutá-lo, é a única regra de sobrevivência.

Capítulo Um

Gabriel reconheceu a mulher da capa gasta. Conhecia-a porque uma vez havia sido como ela. Com frio. Com fome. A presa perfeita para um predador preparado. Ela tinha vindo matar um anjo. Não viveria para ver o alvorecer. Vozes misturadas sobressaiam como a fumaça amarela e do fumo cinzento.   Homens com casacos negros e coletes brancos e mulheres com trajes brilhantes e jóias reluzentes se moviam entre um labirinto de mesas iluminadas por velas: de pé, sentados, recostados em cadeiras de mogno de Honduras, inclinando-se sobre toalhas de seda branca... Não sabiam que era a caça: a flor e nata da alta sociedade inglesa em busca de prazer, e os prostitutos e prostitutas de Londres que ambicionavam sua riqueza. Não sabiam que uma mulher os espreitava; o corpo de Gabriel palpitava diante aquele conhecimento. De prazer; de riqueza. De vida; de morte. Para a reinauguração da Casa de Gabriel - um local aonde era possível satisfazer qualquer desejo carnal, havia convidado tanto os clientes quanto as prostitutas.
Sexo e morte.
Uma labareda branca chispou em uma vela. Uns metros mais abaixo, um homem o olhou diretamente nos olhos. Um homem de cabelo escuro como a noite, em contraste com o loiro dele. Um homem com olhos de cor violeta, em vez de prateados.
E a face direita escurecida por cicatrizes. Vinte e sete anos de lembranças os uniam. Imagens de uma França faminta por causa da guerra em vez de uma Inglaterra inundada no inverno. Eram então dois jovens de treze anos meio mortos de fome. Tinha passado muito tempo. “Meus dois anjos”, havia dito  madame que os tinha recolhido em uma rua de Paris. “O moreno, para as mulheres; o loiro, para os homens”. Tinha-os instruído para exercer a prostituição e se transformarem em autênticos peritos; tinha lhes ensinado o oitavo pecado capital, e o tinham cometido. O brilho da vela enfraqueceu, recordando bruscamente  Gabriel da pistola que segurava em sua mão esquerda. Michael, o anjo marcado de cicatrizes, tinha vindo  proteger  Gabriel, o anjo intocável.
A vingança não seria possível sem ele. Sem ele não haveria necessidade de vingança. A mulher morreria porque um anjo de cabelos escuro vivia. E amava. Seu pulso marcava um ritmo implacável contra a culatra da arma: homens, mulheres; dor, prazer; vida, morte. O revólver Adams tinha um dispositivo de segurança: disparando manual para um disparo de precisão, disparando automático para ganhar rapidez. Podia disparar manualmente o revólver. Podia soltar o gatilho e efetuar um único disparo certeiro.
Uma bala mataria  Michael, e pararia aquele ciclo letal que já durava vinte e nove anos. Gabriel não destravou o revólver.
Não podia matar  Michael. O segundo homem tinha enviado uma mulher para que fizesse o trabalho que Gabriel não tinha feito seis meses antes. Uma pontada aguda percorreu suas costas. A mulher se interpôs entre a luz que projetavam as velas, com o Michael em seu campo visual. Pela extremidade do olho direito, Gabriel viu um garçom com jaqueta negra e colete branco inclinar-se e levantar um guardanapo de seda branca. Debaixo de Gabriel, dois garçons se aproximaram de Michael. Suas mãos permaneciam ao lado; não iam matar uma mulher. Quatro mesas mais à frente, outro garçom servia champanha de uma garrafa recém aberta. Pôde ver o brilho do vidro e até seu líquido faiscante. Do segundo homem ainda não havia nem rastro. Mas estava ali em baixo, um camaleão vestido com jaqueta negra e colete branco, disfarçado de cliente ou de prostituto, recostado em uma cadeira de mogno de Honduras ou inclinado sobre uma toalha de seda branca. Duro. Ereto. Excitado pelo calor do sexo e a expectativa do assassinato. O tempo pareceu sincronizar-se com os batimentos do coração de Gabriel. A mulher da capa espichou os braços e segurou com firmeza um objeto escuro e opaco entre as mãos. Uma pistola de metal azul não refletia a luz. Gabriel sabia por que a sua tinha essa particularidade. O ensurdecedor bulício da troca sexual se atenuou. A cabeça da mulher permanecia oculta depois de um escuro capuz, impedindo Gabriel de ver suas feições. A tristeza o transpassou como uma faca. Pelos homens e mulheres que tinham morrido; pelos homens e mulheres que morreriam. Pela mulher que estava ali abaixo, e que dentro de um instante estaria morta. Presa perfeita de um predador preparado. Gabriel apontou para a mancha clara que se adivinhava como o rosto da mulher. Nesse mesmo instante, uma clara voz feminina proclamou:
—Cavalheiros, ofereço-lhes minha virgindade. Gabriel ficou petrificado. A mulher se vestia como uma prostituta  de ruas, mas falava como uma dama distinta Uma a uma, foi parando as risadas refinadas dos homens e as afogadas risadinhas fingidas das prostitutas. O som da seda se transformou em um sussurro. As velas piscaram. O estupor deixou os garçons petrificados.

Série Os Anjos
1 - O Amante
2 - A Mulher de Gabriel
Série Concluída

1 de dezembro de 2011

O Amante

Série Os Anjos
Aos 36 anos, Anne Aimes é uma solteirona cuja única atração reside em sua enorme riqueza. Mas atrás de sua aparência se esconde uma mulher apaixonada que deseja sentir sobre sua pele as mais ardentes carícias. Michel de Anges é o sedutor do momento: todos elogiam sua capacidade para agradar suas amantes. E tudo o que vai custar a Anne são dez mil libras.
Trespassado pela tragédia e impulsionado por sua ânsia de vingança, Michael procura esquecer de si mesmo satisfazendo uma mulher que a única coisa que lhe pede é prazer, que nem sequer suspeita quais são suas mais íntimas necessidades ou os motivos pelos quais aceitou sua proposta.
Incapaz de resistir à maré de um desejo cada vez mais ardente, Michael enredará  Anne em uma sórdida trama em que o preço do prazer será a vida dela…

Capítulo Um

Morte.
Desejo.
Michael não sabia qual dos dois o havia trazido de volta a Londres. Sentou e esperou que ambos chegassem. As vozes subiam e desciam a seu redor. As pontas vermelhas dos charutos acesos pareciam olhos de ratos famintos. As chamas das velas tremiam, os cristais cintilavam, as jóias brilhavam. Mulheres vestidas com chamativos vestidos longos de seda e cavalheiros embelezados com jaquetas negras e coletes brancos se amontoavam em uma escada de carvalho coberta por um tapete vermelho que amortecia o som de seus passos. Não havia dúvidas sobre o que os havia trazido para aquele local exclusivo. Na Casa de Gabriel a bebida se cobrava por taças e os quartos se alugavam para o sexo.
Uma risada feminina saiu de um canto escuro coberto por cortinas de veludo. Michael sabia perfeitamente o que os homens sussurravam ao redor das mesas iluminadas por candelabros enquanto esperavam sua vez ou recuperavam forças. Também era consciente do motivo pelo qual as prostitutas riam ao mesmo tempo em que bebiam champanha.
Michel de Anges.
Michael dos Anjos.
Um homem a quem antes as mulheres pagavam para que lhes desse prazer, e que agora tinha que pagar para obter prazer delas.
Mon  frére - Gabriel apareceu sem aviso junto a ele. Não tocou em Michael (não havia tocado ninguém em muito tempo)—. Ela está aqui.
Lentamente, Michael virou a cabeça para olhar Gabriel. Seus olhos violetas se encontraram com os prateados. Gabriel manteve o olhar fixo no rosto de Michael, e ele tampouco pôde afastar seus olhos da beleza loira e etérea de Gabriel.
Meus dois anjos, havia dito madame  de maison de rendezvous quando vinte e sete anos antes os tinha salvado de morrer de fome nas ruas de Paris. O moreno para as mulheres. O loiro para os homens. Naquele tempo, naquele tempo eram rapazes de treze anos que escaparam de casa. Agora tinham se transformado em homens de quarenta anos.
E ainda fugiam do passado.
—Está sozinha? —perguntou Michael.
—Sim.
Os testículos de Michael se encolheram diante aquela expectativa. Como um sinal de ira frustrada. Ela não merecia isto, aquela mulher vinha para ele em busca de satisfação sexual.
—Ainda não é muito tarde - murmurou Gabriel—. Posso lhe dizer que vá e acabou o problema.
Cinco anos antes Michael teria estado de acordo.
Cinco anos antes teria pensado que seu segredo estava a salvo. Muito tarde. Ambos estavam presos: a mulher por sua necessidade de prazer e ele por sua necessidade de vingança.
Michael sorriu.
Conhecia o efeito daquele sorriso, quando a pele escura se enrugava, provocando rejeição mais que atração.
Era um sorriso desprovido de alegria.
—Não se precipite mon vieux. Quando ela vir meu rosto, certamente pensará que foi extorquida.

Série Os Anjos
1 - O Amante
2 - A Mulher de Gabriel
Série Concluída

30 de dezembro de 2010

Amantes do Escândalo

Série O Clube de Homens e Mulheres
Casada aos quinze e viúva aos quarenta e nove, a provinciana Frances Hart conhecia apenas as funções de esposa e mãe, e nunca as alegrias de uma mulher. Decidida a expandir seus horizontes se atreve a ir sozinha explorar Londres em toda sua glória sensual...
Um advogado bem sucedido e agora um viúvo de Londres, James Whitcox, sabe o que é o dever, mas nunca conheceu a paixão. Une-se a uma sociedade exclusiva, que é dedicada a discutir as relações sexuais, mas falar sobre os prazeres da carne é algo distinto de experimentá-los. Então Francês Hart, acidentalmente entra em uma das reuniões e expõe suas idéias ao Clube dos e Homens e das Mulheres sobre as necessidades de uma mulher, o que faz James colocar suas teorias em prática...

Capítulo Um

Via o mundo que o rodeava com os olhos de uma mulher.
O abajur a gás de cinco globos. A mesa de mogno de mais de seis metros.
Os doze membros do Clube de Homens e Mulheres.
Um doutor, um banqueiro, uma publicitária, uma professora, um estudante, uma sufragista, um arquiteto, uma filantropa, um jornalista, um contador...
Fixou o olhar no advogado que estava sentado à cabeceira da mesa. Cãs prateadas salpicavam as têmporas de seu cabelo crespo e castanho; umas linhas pertinazes saíam de seus frios olhos de cor avelã.
A verdade se impôs ante ele com toda sua força.
Durante vinte e quatro anos de casamento, sua esposa foi uma perfeita dona-de-casa e mãe. E logo morreu.
Sozinha.
Caiu sem vida sob as rodas de uma carruagem.
E ele jamais chegou a conhecer a mulher que adotou seu sobrenome e lhe deu dois filhos. Nunca conheceu seus temores, seus sonhos, suas necessidades.
Ao pensar no indivíduo de cabelos salpicados de prata e frios olhos cor avelã, caiu na conta de que esse era o homem ao que sua esposa estava acostumada a ver todas as manhãs à hora do café da manhã. Encontravam-se todos os dias com um desconhecido. James Whitcox. Marido, pai, advogado, assessor da Rainha.
De repente se ouviu um forte golpe. A porta de mogno se chocou contra a parede coberta por um papel de parede bordô e o ruído despertou James de seu ensimesmamento e lhe fez voltar para a realidade.
A mulher causadora do alvoroço ficou paralisada na entrada, com a mão estendida para tentar agarrar de novo o pomo que lhe tinha escapado. Um chapéu de palha redondo emoldurava aquele rosto no qual a maturidade tinha deixado suas marcas. Seu exuberante cabelo vermelho lhe cobria as têmporas. Seu casaco de veludo xadrez verde, a saia combinando e a blusa de seda também de cor verde eram objetos caracteristicamente femininos.
Não era o tipo de mulher que tentava esconder sua sexualidade. Era evidente que não era membro do Clube de Homens e Mulheres.
O chiado de uma cadeira sulcou o ar do salão. A mulher olhou como a porta de mogno ricocheteava ao se chocar contra a parede.
Tinha mãos pequenas e as cobria com luvas de pelica.
Em qualquer momento uma daquelas mãos agarraria o pomo da porta, e a mulher se afastaria dali. Era uma desconhecida, como sua esposa tinha sido para ele. E nunca saberia...
James a olhou nos olhos.
—Que deseja uma mulher?

Série O Clube de Homens e Mulheres
1 - Amantes do Escândalo
2 - Não Traduzido
3 - Não Traduzido