Mostrando postagens com marcador Série Edenbrooke. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Série Edenbrooke. Mostrar todas as postagens

25 de setembro de 2016

O Herdeiro de Edenbrooke

Série Edenbrooke


Philip Wyndham nunca invejou o irmão mais velho por ser o herdeiro de Edenbrooke. 

Ele prefere ser dono do seu destino e viver sem as obrigações impostas por essa posição. 
No entanto, quando seu irmão morre inesperadamente, sua vida é virada do avesso e seu dever exige que ele abandone a vida com a qual sempre sonhou.
Entre outras coisas, ele deve se casar e, portanto, encontrar uma esposa adequada. 
Torna-se o solteiro mais cobiçado em Londres, um papel que, às vezes, pode deixá-lo cansado. Sente-se como uma raposa perseguida por um bando de jovens casadeiras que parecem sempre desmaiar em seus braços…Finalmente, ele decide fugir e, por uma reviravolta do destino, acaba em uma estalagem de estrada, onde conhecerá a incomparável Marianne Daventry.

Capítulo Um

Espanha, 1811
—Comandante Wyndham?
Levantei a vista do mapa que estava desdobrado ao longo da mesa. Acabávamos de relatar a batalha e estávamos mergulhados na análise da estratégia para a campanha do dia seguinte. Esfreguei os músculos do pescoço, doloridos depois de tanto tempo inclinado sobre o mapa, e assim que me ergui e me voltei para a voz que tinha me chamado, senti o cansaço. Na porta da tenda, havia um soldado que elevava a mão em uma saudação militar.
—Uma carta, senhor —disse, estendendo-a em sua mão enluvada.
Tomei um momento para confirmar que, de fato, era a letra de minha mãe. Uma sensação de alívio me tomou: “Sã e salva!” Era a típica reação de um soldado quando transcorre muito tempo entre uma carta e outra. Em vez de rasgar o envelope e abrir a carta ali mesmo, como desejava, deslizei-a, a contragosto, no bolso de meu casaco. 
Um soldado, mesmo um oficial, faz dúzias de sacrifícios ao dia. Apenas percebia alguns deles, mas, daquele, era muito consciente.
—Uma carta de casa? —perguntou o comandante Colton, ao ver que minha mão, pendente do bolso, segurava o tesouro inesperado.
Assenti, e depois afastei por completo a questão de minha mente, na tentativa de dar as costas a um amanhecer que, entretanto, esperava com ânsia. A aurora chegaria logo, em nosso caso, literalmente, e era nosso dever preparar uma estratégia. Concentrei minha atenção novamente no mapa antes
que as velas e eu apagássemos a qualquer rajada de brisa quente que entrasse na tenda; uma rajada que, na verdade, não poderia secar o suor que me escorrera pelas costas durante todo o dia. A Espanha tinha suas coisas boas, mas o clima quente do final do verão não era uma delas.
Depois que entrei em minha própria tenda, uma hora mais tarde, tirei a carta do bolso e a coloquei com delicadeza em minha cama de armar. Depois, desabotoei o casaco, joguei-o a um lado e tirei a camisa empapada de suor. Aqueles dias tão duros, de combate árduo, faziam que a velha cicatriz no ombro estremecesse e me recordasse que tudo tem um preço. Embora não fosse um preço muito alto. Feriram-me em uma missão e tinha aquela cicatriz, mas também obtive uma distinção por ser o comandante mais jovem no exército de Sua Majestade.
Girei os ombros de um lado para o outro para aliviar os músculos endurecidos e, por um momento, sonhei com os campos típicos da Inglaterra: ventos úmidos, ar frio e uma chuva gelada e incessante.
Enquanto tentava voltar de meu sonho, inclinei-me sobre uma bacia, joguei água no rosto e deixei que escorresse pelo peito. Penteei o cabelo com os dedos úmidos, que me frisava muito mais na Espanha que na Inglaterra, e suspirei com alívio quando uma leve brisa penetrou pela porta aberta da tenda. Por fim, tirei as botas, joguei-me sobre a cama e relaxei.
Então, tomei a carta e a aproximei da vela. A escuridão era total no exterior e os sons do acampamento foram se apagando até se converterem em roncos distantes, que se misturavam com a marcha imperturbável e tranquila da patrulha noturna.
Podia adivinhar o que conteria a carta: em primeiro lugar e mais destacado, as preocupações maternais por Charles, meu irmão mais velho. Era opressivo, arrogante e insuportável; tinha herdado tudo depois da morte de meu pai e estava vivendo a vida flagrante e improdutiva de um homem rico com um título.
 No fundo, sentia muito pouca simpatia pelo que minha mãe chamava «seus problemas». Com um pouco de sorte, também contaria algo interessante sobre William, meu irmão menor, que estudava em Oxford. 
Louisa apareceria no papel da teimosa filha caçula, que crescia sendo muito bonita para seu próprio bem. Talvez houvesse notícias sobre as propriedades, os arrendatários ou algum parente longínquo. 
Em resumo, aquela carta me levaria para casa, junto a uma mãe que sentia saudade do filho que estava há anos no exército. Talvez meus irmãos discutissem meu status de filho favorito, mas, a essas alturas, nada podia quebrar minha autoconfiança.
Rompi o lacre, desdobrei o papel e sorri de antemão... 

Série Edenbrooke
0.5 - O Herdeiro de Edenbrooke
1 - Edenbrooke
Série Concluída

9 de setembro de 2016

Edenbrooke

Série Edenbrooke
Marianne Daventry faria qualquer coisa para escapar do aborrecimento de Bath e das investidas amorosas de um cretino que não lhe interessa absolutamente. 
Assim quando recebe um convite de sua irmã gêmea, Cecily, para que se una a ela em uma maravilhosa casa de campo, aproveita a oportunidade. 
Por fim, poderá relaxar e desfrutar do campo, que tanto gosta, enquanto sua irmã tenta obter as atenções do atraente herdeiro de Edenbrooke.
Entretanto, Marianne acabará por descobrir que inclusive os melhores planos podem dar errado: primeiro, terá um aterrador encontro com um ladrão de estrada, depois, uma paquera aparentemente inofensiva... o caso é que, ao final, Marianne se verá envolvida em uma inesperada aventura cheia de intriga e de amor, tão apaixonante que não poderá dar descanso a sua mente.
Será capaz de controlar seu coração traidor ou cairá rendida a um misterioso desconhecido?
Está claro, o destino quer para Marianne algo distinto do que ela tinha planejado ao ir a Edenbrooke.

Capítulo Um

Bath, Inglaterra, 1816
Aquele carvalho me distraiu. Ao passar sob seus frondosos ramos, não pude evitar elevar o olhar e ser testemunha de como o vento balançava suas folhas e as fazia girar sobre seus caules. Dei-me conta, então, de quanto tempo fazia que eu não girava sobre mim mesma. Fiquei imóvel enquanto tentava recordar a última vez que havia sentido a necessidade de dar voltas e mais voltas.
O senhor Whittles aproveitou minha distração para se aproximar silenciosamente.
—Senhorita Daventry! Que inesperado prazer!
Pus-me a andar, surpreendida, procurando com desespero minha tia Amélia, que devia ter continuado pelo caminho de cascalho enquanto eu me detinha sob a sombra da árvore.
—Senhor Whittles! Não o tinha ouvido.
Acostumava estar atenta de qualquer som que delatasse sua chegada, mas aquele carvalho me distraíra.
Obsequiou-me com um esplêndido sorriso e uma reverência tão exagerada que seu espartilho protestou. Seu rosto redondo brilhava pelo suor e levava o cabelo, ou o que ficava dele, grudado à cabeça. 
Dobrava-me em idade e era tão ridículo que apenas podia suportar sua presença. De todos seus traços repulsivos, o que mais me horrorizava era a boca, pois quando falava, na comissura de seus lábios se alojava indevidamente um fio de saliva.
Tentei não me fixar neles quando começou a falar.
—Faz uma manhã esplêndida, não lhe parece? De fato, convida-me a cantar. Oh, que esplêndida manhã! Oh, que esplêndido dia! Oh, que esplêndida mulher divisei ao longe! —Fez uma reverência, como se esperasse que o aplaudissem. Entretanto, hoje posso lhe oferecer algo melhor que essa cançãozinha. Compus um poema só para você.
Encaminhei-me na direção que devia ter tomado minha tia Amélia.
—Minha tia ficará encantada de escutá-lo, senhor Whittles. Vai um pouco adiantada, mas somente uns passos, tenho certeza.
—Mas, senhorita Daventry, é você a quem eu desejo agradar com minha poesia. —aproximou-se de mim—. Porque gosta da minha poesia, verdade?
Escondi as mãos atrás das costas se por acaso ele tentasse me dar a sua. Já o fizera outras vezes e tinha sido extremamente desagradável.
—Temo que não sei apreciá-la tão bem como minha tia.
Dei uma olhada por cima do ombro e suspirei aliviada. Minha tia solteirona vinha a meu encontro, apressada. Era uma acompanhante excelente; um fato que não soubera apreciar até esse momento.
—Marianne! Está aqui! Oh, senhor Whittles, não o tinha
reconhecido de longe. Minha pobre vista, j{ sabe< —Dedicou-lhe um sorriso transbordante de alegria—. Compôs outro poema? Eu adoro sua poesia. Você tem o dom da palavra.
Minha tia teria sido a esposa perfeita para o senhor Whittles. Seus problemas de vista suavizavam a natureza repulsiva dos traços dele e como a pobre tinha mais cabelo que engenho, tampouco sua ridicularia a horrorizava tanto quanto a mim. De fato, levava algum tempo tentando desviar a atenção do senhor Whittles para ela, embora até o momento não tivesse tido muito êxito.
—Pois, a verdade é que sim.
Tirou uma folha de papel do bolso do casaco, acariciou-a com ternura e umedeceu os lábios. Uma gota enorme de saliva ficou pendurada à comissura e não pude evitar cravar nela o olhar, apesar de não querer fazê-lo. A gota tremulou quando começou a ler, embora não se desprendesse.
—A senhorita Daventry é formosa e singular, e tem olhos de uma cor sem igual.


Série Edenbrooke
0.5 - O Herdeiro de Edenbrooke
1 - Edenbrooke
Série Concluída