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23 de novembro de 2020

Uma Magia Distante

Série Guardiões

Em sua viagem a Marselha, Jean Macrae, membro da linhagem escocesa dos Guardiões, é capturada pelo atraente e poderoso pirata Nikolai Gregório.  

A jovem ruiva logo descobrirá que ele não é um patife em busca de um resgate, e sim que, por trás de seus motivos, ele esconde uma velha vingança contra o próprio pai dela, que abandonou o jovem Nikolai a seu destino em uma emboscada em alto mar. Depois de anos como escravo, o destino dá a Nikolai seu momento para sua vingança, mas, infelizmente, seus poderes mágicos não serão de grande ajuda contra a intrépida e curiosa escocesa, com quem, além disso, ele sente uma conexão profunda. Estando ela capturada e incapaz de lutar contra o que já estava escrito, eles vão forjar uma aliança que os levará a começar na arte da magia, a conhecer o alcance de seus poderes e a lutar contra a escravidão, numa aventura através do tempo, do amor e do significado de suas vidas.

Capítulo Um

Valletta, ilha de Malta, outono de 1733
Os dois senhores estrangeiros que atravessaram a praça do mercado de Valletta pareciam ter bolsos dignos de um assalto. Nikolai seguiu discretamente a multidão, ciente de que eles não notariam um garoto do tamanho dele no meio daquela agitação. Sobre sua cabeça, ele escutava uma dúzia ou mais de idiomas. Nikolai conhecia todos eles e poderia ser entendido na maioria deles. Valletta era a encruzilhada do Mediterrâneo, um lugar onde a Europa, África e Ásia se uniam para trocar suas mercadorias.
Esses homens tinham os cabelos e a pele clara dos europeus do norte. Quando Nikolai chegou perto o suficiente para ouvir a conversa, descobriu que falavam inglês. Essa era uma das línguas que ele falava melhor, pois sua mãe tinha uma fraqueza pelos marinheiros ingleses.
Havia outros estrangeiros vagando pelo mercado, mas aqueles dois tinham o ar e as armadilhas da riqueza e eram tolos o suficiente para andar sozinhos, sem guardas. Eles teriam sorte se voltassem ao barco ainda com as roupas.
Ainda atrás deles, Nikolai deslizou atrás de uma carruagem puxada por um jumento para se aproximar de sua presa. Seu talento para passar despercebido o salvara de morrer de fome nos anos após a morte de sua avó, embora raramente conseguisse se alimentar bem.
O mais alto dos dois ingleses, um homem corpulento de cabelo vermelho escuro, com bastante toques cinza, parou para admirar as bugigangas de um vendedor maltês. Ele levantou um par de brincos de filigrana de prata.
— Acho que minha esposa vai gostar disso.
— Nós vimos melhores na Grécia, Macrae — comentou seu companheiro. Ele era mais baixo e mais jovem, com uma constituição fina e um gosto elegante para se vestir. — Diga-me novamente por que você estava tão determinado a parar em Malta.
— Valeu a pena voltar à terra firme por um dia ou dois. — Depois de chegar a um acordo com o vendedor, Macrae pagou dois pares de brincos de prata. — Além disso, tenho a sensação de que aqui está alguém que vale a pena conhecer.
— Que estranho! — O outro bufou.
Nikolai prestou pouca atenção à conversa, que só lhe interessava porque mantinha sua presa distraída. Quando o mais alto dos dois homens se virou para o companheiro, Nikolai colocou uns dedos semelhantes a borboletas no bolso direito. Sim, ali havia moedas...
De repente alguém agarrou seu pulso e ele viu-se perfurado por penetrantes olhos cinzas. Olhos que o observavam como ninguém o olhara desde a morte de sua avó.
Tentou escapar mordendo a mão de Macrae e saltou para longe quando ele o soltou praguejando. Ele correu para um beco próximo. Através das ruelas fétidas e sinuosas de Valletta, podia despistar aqueles dois brutos num piscar de olhos.
O mais baixo proferiu várias palavras ininteligíveis. O ar estremeceu estranhamente e de imediato Nikolai sentiu que seus membros não respondiam. Embora quisesse correr, mal conseguia ficar em pé. Ele caiu contra os tijolos da parede do beco, respirando laboriosamente. Não se sentia tão fraco desde que esteve prestes a morrer da mesma febre que levara sua mãe.
Macrae entrou no beco e pôs as mãos sobre seus ombros; então se agachou até seus olhos estarem nivelados.
— Não queremos machucá-lo — ele disse em bom italiano.
Nikolai cuspiu nele, mas sem saber como errou o alvo. Macrae franziu a testa.
— Ele não parece entender italiano — disse ele em inglês. — Eu gostaria de conhecer aquele árabe asqueroso que as pessoas aqui falam.
Nikolai não se incomodou em cuspir novamente, já que não ajudava. Mas rosnou como um cachorro. Árabe asqueroso! Sim! O maltês era a língua antiga dos fenícios. Mas como nunca fora aprisionada na forma de um alfabeto, era o jargão privado dos malteses, um mistério para estrangeiros estúpidos como aquele.
O baixo que estava atrás do ruivo disse sarcasticamente:
— Tem certeza de que quer falar com um cachorro raivoso como esse?
Macrae se endireitou e soltou os ombros de Nikolai.
— Olhe isso com uma visão mágica e depois me pergunte novamente.
Os olhos do homem baixo se estreitaram por um momento; então eles se arregalaram. — Bom Deus, o menino irradia poder!

Série concluída


 



19 de maio de 2020

Feitiço de casamento

Série Guardiões
Jack Langdon, um dos oficiais mais respeitados do duque de Wellington, leva muito a sério a honra de sua família.


Também oculta um vergonhoso segredo: um dom para a bruxaria que lhe ensinaram a reprimir e rechaçar. Mas um acidente deixa Jack à beira da morte e sua única chance de sobreviver é Abigail Barton, filha de um casal de magos e sendo ela mesma uma. 
Seu preço: a mão de Jack em matrimônio. Jack não demora muito para se sentir irresistivelmente atraído por sua honesta esposa, cujo encanto é tão intenso quanto seu novo despertar para as habilidades mágicas que já não pode negar.
Abigail teve que fazer um grande sacrifício para realizar um feitiço suficientemente poderoso para salvar a vida de Lorde Frayne, e mesmo que não possa evitar se sentir atraída pela reticente sensibilidade e amabilidade de seu esposo, não é alheia ao ódio que este sente pela magia. 
Está decidida a viver separada dele uma vez que tenha o filho que tanto deseja, para que assim Jack possa preservar sua reputação e ela possa seguir fiel a seus dons.
Porém, nem Abby nem Jack preveem a ardente paixão que seu feitiço originou. Ambos desafiarão os extraordinários poderes mútuos e os profundos desejos em nome do amor o que poderá lhes custar o que lhes é mais querido.

Capítulo Um

Melton Mowbray, Leicestershire,
Midlands de Inglaterra,  Janeiro de 1813

Um telescópio tinha vários usos valiosos e louváveis. Uma pessoa podia estudar as aves executando seu voo. Também podia admirar os anéis de Saturno ou o mistério eterno das estrelas.
Ou bem podia empregá-lo para observar jovens atraentes durante a temporada de caça. Dado que tanto cavalos quanto cães atravessavam com frequência a toda velocidade os campos de seu pai, para Abigail Barton parecia totalmente justo que se permitisse admirar os esplêndidos espécimes masculinos que haviam transformado sua Leicestershire natal na principal zona de caçadas da Inglaterra. Três caçadas famosas tinham sua base nos arredores do povoado com o mercado de Melton Mowbray, de modo que a cada inverno a zona atraía os caçadores mais dedicados.
Fazia um dia perfeito de início de janeiro. Um sol pálido iluminava os campos vazios e o ar limpo deixava sentir um frescor nada desagradável. Descansou o telescópio sobre seu suporte. O encontro de caçadores de hoje está acontecendo do outro lado do vale…ah, ali.
Observou a agitação dos cavalos, cães e cavaleiros visível da fazenda, no cume da colina em frente de Barton Grange. A caçada não tardaria em começar, mas por enquanto, os cavaleiros cumprimentavam seus amigos, bebiam algo e faziam tudo o que fazem os homens em tais ocasiões. Sobretudo falar de cavalos.
Como mulher prática, Abby sabia que caçar raposas pelo campo era uma atividade estúpida demais. Caçar era um modo pouco eficaz de eliminar ameaças, resultava terrivelmente caro e eram muitos os homens e cavalos que terminavam feridos, lesionados ou mesmo mortos. De todos os modos, entendia quão embriagadora chegavam a ser a velocidade e a temeridade, e imaginava que os jovens que integravam o grosso da caçada apreciavam a camaradagem de seus companheiros.
Inspecionou pouco a pouco o amplo prado onde os caçadores iam se reunindo. Reconhecia alguns homens da região ou visitantes habituais dos condados de Midlands. Outros eram desconhecidos. Tanto fazia. Desfrutava vendo sua excitação e expectativa. Para os mais jovens, caçar aqui pela primeira vez se aproximava a uma experiência religiosa.
Deteve a lenta varredura de seu telescópio. Então Jack Langdon tinha conseguido desfrutar parte da temporada de caça. Ainda que agora fosse lorde Frayne, todavia lhe custava pensar nele deste modo. Vira-o pela primeira vez há dez anos talvez, quando não era mais do que um moleque. Agora estava todo um homem, de ombros largos e musculoso.
Percebia-se que se sentia maravilhosamente bem sobre a garupa do cavalo, o qual não era nenhuma surpresa, pois tanto ele como vários dos amigos que riam a seu lado eram oficiais do exército. Durante a campanha de verão enfrentavam a ocupação de Napoleão na Península Ibérica, mas a luta diminuía ou cessava por completo durante o inverno. Wellington e outros comandantes militares davam mostras de generosidade ao conceder permissão aos oficiais subalternos para que regressassem a sua casa durante a temporada de caça. Perseguir raposas mantinha-lhes em forma e contentes, prontos para perseguir franceses na primavera.
Havia visto de vez em quando Jack Langdon em Melton Mowbray, sempre o centro de um grupo de amigos. Ainda que não fosse o mais bonito nem o que mais seguia a moda, sempre atraía seu olhar. Sua personalidade magnética chamava a atenção como o sol atrai as flores.








Série Guardiões
0.5 - Casamento Alquímico
1 - O Beijo do Destino
2 - Magia Roubada
3 - Feitiço de casamento
4- a lançar



28 de abril de 2016

Casamento Alquímico

Série Guardiões

Sir Adam Macrae passou um ano na Torre, acorrentado em ferro e condenado pelo seu apoio a Maria, Rainha dos Escoceses. 

Adam é um poderoso mago que pode controlar o tempo, e o ferro o priva de seu poder.
Para sua surpresa, um dia Mestre John Dee, o mago da corte de Elizabeth, lhe pede que conjure uma poderosa tormenta para afundar a frota espanhola. 
Adam odeia os espanhóis, mas odeia ainda mais os ingleses, e se nega. 
Dee o apresenta a Isabel de Cortes, uma maga de ascendência espanhola, que tem motivos para odiar seu país ancestral.
Quando Adam usa o cristal de vidência de Isabel e vê o que pode acontecer com sua amada Escócia, se compromete a provocar a tormenta, mas um ano acorrentado drenou seu poder. 
No entanto, Isabel é uma mulher forte que junto com Adam pode ser capaz de reunir a energia necessária para pôr fim a Armada, se é que podem desenvolver a confiança exigida para cooperar entre si.

Capítulo Um

Torre de Londres, julho de 1588
Mesmo que as celas fossem espaçosas e estivessem mobiliadas como correspondia a um prisioneiro de nível, as frias paredes de pedra estavam saturadas com a dor e a morte. Sir Adam Macrae caminhou por sua prisão, sacudindo os grilhões e se perguntando se seria concedido a ele a formalidade de um julgamento antes de ser executado. Ou seria mantido para sempre ali, apodrecendo no silêncio enquanto seu espírito e seu corpo definhavam?
A grossa porta rangeu ao ser aberta. Se virou com cautela, sabendo que não era a hora da entrega dos alimentos. Sua expressão se endureceu a entrada de dois homens com capas escuras e capuz. Assim que a Rainha Virgem e seus conselheiros tinham escolhido silenciá-lo, assassinando-o ao invés de se arriscar a decapitar um escocês proeminente.
Bem, por Deus, não seria derrubado sem uma luta. Se apoderou do pedaço da corrente que conectava suas algemas. Ainda que o detestável ferro reduzisse seu poder, os pesados elos seriam uma arma aceitável.
O mais alto dos homens tirou o capuz, revelando uma longa barba branca e um olhar penetrante. Era John Dee, o bruxo da rainha.
Macrae recobrou o fôlego. Dee tinha verdadeiro poder, assim como influência com a Rainha, mas não seria enviado ali para realizar um simples assassinato.
— Achei que vivia no continente, Mestre Dee. Me disseram que talvez terminasse seus dias na Boêmia, onde seu trabalho é muito valorizado.
Dee lhe deu um pequeno sorriso seco.
— Oficialmente, ainda estou na Boêmia, mas minha rainha me necessitava para uma grande crise que se aproxima.
— Inglaterra está em perigo? Esplêndido. — Macrae aplaudiu, as argolas tilintaram — Rogo por força a seus inimigos.
— Não seja tão rápido para invocar a destruição. Existem destinos piores que Elizabeth, não importa o pouco que você goste dela.
— Ela assassinou a rainha dos escoceses, — disse terminantemente Macrae — merece tudo o que disse e mais.
— Ninguém lamentou a morte de Maria Stuart mais do que Elizabeth. Ela permaneceu a seu lado por anos — décadas — apesar de todas as evidências de que sua rainha estava envolvida em complôs traidores. A necessidade de executar sua própria prima e companheira soberana, provocou em Elizabeth uma dor que quase a deixou louca.
— No entanto, assassinar sua prima, foi o que fez.


Série Guardiões
0.5 - Casamento Alquímico
1 - O Beijo do Destino
2 - Magia Roubada
3 - Feitiço de casamento
Série concluída

26 de abril de 2016

Magia Roubada

Série Guardiões
Nos escuros bosques da Inglaterra do século XVIII se trava um combate encoberto dos olhos dos homens. 

Simon, membro da estirpe de magos conhecida como os Guardiões, enfrenta o renegado Drayton. 
Mas o poder deste último é muito grande e só a intervenção de uma estranha jovem, Meg, salva Simon de uma morte certa. 
Meg não tem consciência de seu passado nem de sua verdadeira natureza, já que seus poderes, sua personalidade e até mesmo sua beleza, foram reprimidos durante anos através de um feitiço para servir os escuros interesses de Drayton. 
Quando está perto dela, Simon descobre pela primeira vez a magia mais antiga e poderosa que existe: a paixão. Mas para poder desfrutar de seu inesperado amor, antes terão que deter as maquinações do mago escuro, em uma apaixonante aventura onde se conjugam o mistério, a magia e o romance. 
Meg não lembra de nada da sua vida antes que Lorde Drayton a encontrasse no bosque. Sua inteligência, sua forte personalidade e sua vontade própria estão submetidas desde então pelo poder do feiticeiro. 
Um poder capaz de ocultar sua autêntica beleza e fazer que os demais a vejam como uma jovem feia e comum. 
Ela nem mesmo suspeita que possui um enorme dom mágico, um poder que Drayton aprendeu a utilizar e a única razão porque a mantém viva. Até que o encontro com outro mago, Simon, consegue que o malefício se quebre. 
Duas emoções vêm então inquietar a alma da jovem: o desejo de vingança contra o homem que a atormentou durante anos e o poderoso impulso do amor, junto daquele que lhe devolveu sua verdadeira natureza. 

Capítulo Um

Monmuthshire, 1748 
Como Conde Falconer, Simon Malmain viajava escoltado por carruagens, cocheiros e, sobretudo, seu valete. Como o encarregado de fazer cumprir a lei do Conselho dos Guardiões, viajava sozinho, como uma escura sombra na noite.
O céu estava coberto de nuvens, perfeito para as manobras secretas. Ia vestido de negro e levava o cabelo loiro escondido debaixo do tricórnio. E não porque temesse Lorde Drayton, cujos poderes eram menos impressionantes que suas ambições, mas porque um caçador astuto não deixava nada ao azar.
Tinha deixado o cavalo em um prado para poder se aproximar do castelo de Drayton com a maior discrição possível. Havia estado vigiando o castelo à distância e conversado com um antigo criado que partiu porque temia por sua alma. 
O senhor estava em casa, fazia pouco que tinha retornado de uma viagem a Londres, onde ocupava um cargo no governo. Simon tinha cogitado a possibilidade de se enfrentar com ele na cidade, mas logo acabou decidindo por este lugar mais remoto. Se ocorresse uma batalha mágica, quanto menos gente fosse afetada, melhor.
O castelo se levantava acima de uma colina rochosa circundada pela curva de um rio que levava até Severn. A construção original tinha sofrido reformas e ampliações ao longo dos séculos, mas seguia assentada na imponente colina que repelia ataques. Teria custado muito aos soldados penetrar no castelo. À Simon, não.
Encontrou-se com o primeiro obstáculo no alto da colina. Era um escudo de proteção surpreendentemente eficaz. Drayton deve ter praticado bastante. Simon começou a desenhar uma série de símbolos com uma mão. No campo energético, se abriu um buraco com forma humana. Simon o cruzou e o fechou, deixando-o intacto. Ainda que pudesse ter se livrado dos vigias no mesmo instante, não queria colocar Drayton de sobreaviso.
O obstáculo seguinte foram as portas fechadas. Por sorte, tinha uma porta lateral que dava acesso ao castelo e que ficava bem escondida pela abundante vegetação. O feitiço que protegia a fechadura não resultou em nenhuma complicação para Simon. Silenciou o ranger da porta e a fechou atrás de si sem fazer ruído. Seria melhor deixá-la sem passar o trinco. Supôs que não teria que sair correndo, ainda que nunca considerasse nada como certo. Os Guardiões encarregados de fazer cumprir a lei que faziam suposições, tinham muitas poucas possibilidades de morrer na cama.
Oculto detrás da sombra da parede, usou seus sentidos mágicos para estudar o pátio. Tinha um par de guardas entediados vigiando a partir da torrezinha que havia em cima das portas de acesso ao castelo. Em uma Inglaterra em período de paz, aquilo demonstrava que Drayton era um homem desconfiado. Sem dúvida, o produto de uma consciência culpada.
Antes de entrar, observou a torre do tributo. A essa hora, a maioria dos criados estavam dormindo nos desvãos ou nos estábulos, um edifício separado atrás do castelo. 
Enrugou o nariz com desagrado quando percebeu a energia daquela propriedade. Era intensa, corrupta, com a maioria dos seus habitantes prisioneiros do medo e da brutalidade. 
Sentiu a inquieta e mais limpa energia de uma jovem, talvez uma donzela muito jovem. Simon supôs que a pobre logo teria motivos de sobra para amaldiçoar seus pais por tê-la posto para trabalhar sob o mando de Drayton. Pode ser que até mesmo estivesse literalmente submetida a ele. Outra razão a mais para enfrentá-lo antes de que pudesse fazer mais danos.
Em um canto do segundo andar, havia uma sala iluminada e Simon percebeu que Drayton estava ali trabalhando. Sua energia estava tranquila, não tinha se dado conta que alguém havia entrado no seu castelo.
Protegendo-se com um feitiço de invisibilidade, cruzou o pátio e subiu pelas escadas da torre de tributo. 
Os guardas da torre não reagiram, se o viram, foi só como uma sombra.

Série Guardiões
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1 - O Beijo do Destino
2 - Magia Roubada
3 - Feitiço de casamento
Série concluída


18 de março de 2012

O Beijo do Destino

Série Guardiões



Gwynne pertence à linhagem dos Guardiões, famílias possuidoras de poderes mágicos que velam há séculos pela paz na Grã-Bretanha.

Apesar disso ainda não desenvolveu nenhum poder próprio, e se contenta com sua tranquila e apartada vida de bibliotecária. 
Quando entra em sua vida Duncan Macrae, poderoso Guardião escocês se sente envolvida por sua tremenda paixão e grande força. 
Não é preciso nenhuma magia para que ambos os jovens se sintam irremediavelmente atraídos um pelo outro, mas não deseja atar-se a alguém tão poderoso. Entretanto, o Conselho dos Guardiões decide por ela: tem que aceitar a ser a esposa do Duncan, porque as visões anunciam que só ela poderá evitar que o escocês leve a todo o país a uma guerra catastrófica. 
A jovem se vê obrigada a aceitar um plano que a levará a trair seu amor. Apanhada entre o dever e o coração… será capaz?


Capítulo Um

Richmond, Inglaterra Verão de 1745
Duncan Macrae fez uma funda inspiração, aspirando encantado os embriagadores aromas do verão. Chegado a Londres só a noite anterior de um larguísimo e laboriosa viagem pelo Continente, teria preferido acontecer todo o dia dormindo, mas seu amigo lorde Falconer não tinha parado de insistir em levá-lo ao Richmond. Já ali, estava contente de ter ido.
Enquanto davam a volta à esquina da mansão da anfitriã, passeou o olhar pelas mulheres embelezadas com magníficos vestidos que passeavam pela erva verde esmeralda paquerando desenfadadamente com cavalheiros de trajes mais magníficos ainda.
—As damas de Londres são como um buquê de flores exóticas —comentou.
Simon Malmain sorriu perezosamente.
—Não encontrará mulheres tão deliciosas nessas selvagens montanhas escocesas tuas.
—As moças escocesas são igualmente formosas e com muito menos artifício. —Duncan olhou o céu. — Lady Bethany escolheu bem seu dia. Inglaterra em seu melhor aspecto.
—Como sabe, tem algo de sangre Macrae. A suficiente para escolher sempre um formoso dia para suas festas apesar de nosso variável tempo inglês. —Alisou amorosamente uma arruguita da manga de sua jaqueta de brocado azul. — Se tivesse ameaçado chuva não me teria posto esta jaqueta nova. Custou-me condenadamente cara.
Duncan sorriu. Seu amigo imitava tão bem os maneiras de um petimetre que inclusive ele, que o conhecia da sala de estudos dos meninos, às vezes tinha dificuldade para recordar que era o mago mais perigoso da Grã-Bretanha, com a exceção talvez dele mesmo.
—Onde está lady Bethany? Devo ir apresentar lhe meus respeitos a nossa anfitriã. Faz anos que não a vejo.
Simon se fez viseira com a mão para procurá-la entre os grupos.
—Aí, nesse mirante.
Os dois puseram-se a andar para a anfitriã. Duncan olhou com interesse as mesas cheias de refrigérios, mas comer devia esperar; primeiro os bons maneiras. Enquanto se aproximavam do mirante ouviu a música que estava tocando um quarteto de corda dentro do mirante, uma música tão alegre como o dia.
—Costa acreditar que sobre Grã-Bretanha se abate a sombra de uma guerra —comentou em voz baixa.
—Por isso está você aqui —repôs Simon, também em voz baixa. — E esse é o motivo que eu e outros tenhamos passado tanto tempo na Escócia. O futuro não está fixado. Se os Guardiões construir muitas pontes entre nossas nações, talvez se possa evitar a guerra.
—Talvez —disse Duncan, — mas os escoceses e os ingleses levam séculos lutando, e esses malditos hábitos não se abandonam facilmente. —Olhou de soslaio a seu amigo. — A primeira vez que nos vimos, os dois fizemos todo o possível para deixar ao outro inconsciente.
—Sim, mas isso não se deveu a que você fosse um bárbaro escocês —replicou Simon sem perder um segundo. — Eu te odiei porque lhe trouxeram para a sala de estudo durante minhas classes e imediatamente demonstrou que sua grego era melhor que o meu.
Duncan sorriu irônico recordando esse primeiro encontro.
—Suponho que isso é melhor que nos odiar por nossas nacionalidades.

Série Guardiões
0.5 - Casamento Alquímico
1 - O Beijo do Destino
2 - Magia Roubada
3 - Feitiço de casamento
Série concluída