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25 de fevereiro de 2009

Tormenta de Paixões

Série Irlanda

Irlanda,1588.

No furor da tempestade, eles descobriram um amor para toda a vida...
Última sobrevivente de seu clã escocês, Karen Mulvaine fora aprisionada em um castelo na costa da Irlanda.
Uma noite, o mar tempestuoso enviou-lhe um homem que acendeu a chama do amor e da esperança em seu coração.
Brian McKenna buscava aventura e foi lançado com seu navio em meio ao perigo.
Não havia ninguém que pudesse salvá-lo das mãos de seus inimigos, a não ser uma linda e fascinante garota...

Capítulo Um


Castelo de Dunluce.Antrim, Irlanda,26 de outubro de 1588

Karen Mulvaine inclinou-se contra o vento, céu estava negro, embora ainda faltasse muito para o pôr-do-sol. Diante dela, a espuma da água do mar varria a costa, encobrindo as rochas.
Longe, Mimms, o cão, brincava e uivava. Não fosse ele, Karen estaria com as costas em carne viva, e os ossos, quebrados. Mimms era seu protetor contra o velho que a ator¬mentava todos os dias.
― Nós não pertencemos a este lugar. ― Karen, naquele momento, tinha apenas a égua e Mimms como ouvintes.
Deus havia muito desertara os Mulvaine, e privilegiara todos os O'Donnell. Como as famílias inimigas da qual se originara, uma irlandesa, outra, escocesa, ela era condenada e maldita.
Dessa forma, aguardava que a tempestade chegasse e acabasse com o seu sofrimento. Sabia que ninguém se importava com ela. Sua morte seria assunto particular entre Karen e Deus.
Desesperada, desejou que a tempestade derrubasse o castelo de Dunluce, mas este permanecia inabalável.
Mimms correu para perto da água e começou a latir, feroz. Karen sentiu medo.
Firmou as pernas e ficou firme contra o vento, segurando a respiração à medida que as ondas ficavam cada vez mais altas.
A vela desamarrada de um navio despontou no horizonte, como um fantasma sob as águas do mar. Era uma visão tão inesperada que Karen piscou.
O navio desapareceu na vaga entre as ondas.
Esfregou os olhos, limpando-os para focalizar o mar revolto. Trovões e relâmpagos completavam o cenário.
O navio reapareceu e rumava para leste, como um brinquedo, na direção da perigosa formação rochosa conhecida por Pontas de Chaminé, uma península de rocha irregular que se estendia para longe, para a Escócia.
Karen costumava caminhar pelas rochas traiçoeiras quando a maré estava baixa. A borda ao redor da península era bastante acidentada e perigosa. Estava claro que os tripulantes do navio não conheciam a costa. Ela precisava alertá-los do perigo. Começou a agitar os braços, gritando.
O navio se aproximava cada vez mais. Os relâmpagos permitiram que Karen visse homens lançando cordas, movimentando arcas para fora.
Achou que eles sabiam o que estavam fazendo. Conduziu a montaria para um terreno mais alto a fim de verificar se o navio conseguiria transpor os rochedos.
O som de madeira se rompendo veio com o vento.
― Bom Deus, não!
Homens pulavam do convés, e o mar abocanhava-os com vontade.
― Deus, seja misericordioso ― exclamou Karen. ― Não. Não permita que isso aconteça.
Piscou com força, como se quisesse apagar a imagem.
Mas era verdade, e ela não podia fazer nada para ajudá-los.
De repente, Karen desceu da égua e ajoelhou-se, fazendo uma prece.
Sentia a mão de Deus nesse episódio. A vida era preciosa demais para ser jogada fora. Por que pensara em morrer? Porque a dor imposta pelo avô era demasiada para seus ombros? Não. Ela era mais forte que isso.
O horror daquela cena abalou-a até a alma.
Erguendo a cabeça, enxugou a água de chuva e do mar de seu rosto,A] a água já tomava conta das últimas passagens no penhasco.
― Certo. ― Karen levantou-se, acariciando a égua.
― Calma, Netta. Nós já vamos. Mimms. ― Olhou para a maré que subia. ― Mimms, venha.
A água já chegava a seus pés.
O cão uivava, dançava entre as ondas e parecia não querer voltar.
― Mimms, seu cachorro bobo. Não há nada que possamos fazer!


Série Irlanda
1 - O Guerreiro da Ilha
2 - Tormenta de Paixões
Série Concluída

24 de fevereiro de 2009

O Guerreiro da Ilha

Série Irlanda

Morgana chegara a Benburg e se deparara com uma armadilha inesperada.

Não havia santuário para ir quando se fugia de uma igreja. Mas Morgana não cometeria o mesmo erro duas vezes. De agora em diante, não confiaria em Ninguém.
— Morgana de Kildare, eu lhe disse meu nome: Hugh O'Neill. Aqui é o meu lar, o castelo de Dungannon.
Não posso entrar no castelo! Não posso!
O desespero em sua voz fez Hugh virar-se para os lados e analisar as portas abertas do salão principal. Encheu-se de orgulho. Ali sempre aconteciam festas memoráveis, cheias mulheres bem vestidas e bem penteadas. Sabia que tinha um lar elegante e aconchegante.
A melodia da harpa, acompanhada pela voz suave de um tenor, entretinha um grupo de convidados nobres.
— Você acha que eu gostaria de ser vista neste estado deplorável? Não existe uma porta lateral por onde possa entrar? — indagou Morgana. — Que diferença faz? Ninguém a conhece.Com quem a comparariam? Não agradece por estar viva?
Mesmo imunda e descabelada, Morgana era uma mulher atraente.  Ao contrário das belezas da corte da rainha Elizabeth, ela não fazia a sobrancelha, o que a deixava mais linda ainda.
Eram grossas o suficiente para deixá-lo louco de vontade de percorrer os dedos sobre os arcos naturais. Tinha a cútis alva. O nariz era fino.  A boca... bem poderia ficar horas e horas compondo poesias e mais poesias sobre os lábios que se abriam com tanta delicadeza
Você é lady Morgana Fitzgerald, filha mais velha do exilado conde de Kildare, James FitzMaurice Fitzgerald.

Capítulo Um

Além das traiçoeiras correntes do rio Abhainn Mor, o mais temperamental da Irlanda, ficava o seio de Ulster.
A fronteira setentrional impetuosa e unida, formada por vales estreitos, montanhas com vegetação abundante e invencíveis rochedos íngremes à beira-mar tinha resistido à submissão inglesa desde a conquista normanda.
As terras margosas de Ulster haviam criado gerações de heróis; gigantes de outrora, santos de fé mística, guerreiros de reputação duradoura e mulheres de grande coração.
Uma lenda ligava as ravinas, as correntes e as repentinas mudanças de humor do Abhainn Mor ao rei dos reis do clã dos O'Neill.
Ao cair da noite do dia cinco de maio de 1575, a enchente causada por um dilúvio de primavera expôs o rio ao pior de seus humores.
Águas impetuosas chicoteavam a ravina em Benburg com ferocidade; o Abhainn Mor libertou-se de seu antigo leito e ameaçou lanhar mais um caminho através da Irlanda. O furioso estrondo da corrente de água se misturava ao rumor dos trovões e aos ventos uivantes.
Se a lenda fosse considerada verdadeira, o temperamento sombrio do rio se asseme-lhava à perfeição ao do herdeiro de Dungannon.
Montado em seu cavalo de batalha predileto, Boru, um animal pardo de belo porte, o conde favorito de Sua Majestade, Hugh 0'Neill, observava sete soldados ingleses saírem de Benburg, seguindo a trilha de mais uma vítima.
A rainha Elizabeth desaprovaria a indumentária do conde de Tyrone se o visse agora. O lorde Hugh não vestia as elegantes roupas de um cortesão inglês, mas as de um escocês: xadrez e couro.
O semblante jovem de Hugh refletia todo o dissabor com a cena na ravina.
Através de um acordo particular entre a rainha e ele, o direito de administrar Ulster lhe pertencia, bem como o de matar os malfeitores.
Os soldados britânicos não deveriam entrar ou patrulhar as terras do falecido mártir Shane O'Neill.


Série Irlanda
1 - O Guerreiro da Ilha
2 - Tormenta de Paixões
Série Concluída