Riordan Barrett: o último libertino.
Com seus amigos devassos sucumbindo à vida pacata, todos apostavam que o charmoso Riordan Barrett seria o próximo da lista.
Mas ele não havia nascido para se render à falsa ideia de um final feliz.
Além disso, toda a sociedade sabia que não havia um traço sequer de salvação em seu corpo perigosamente sexy.
Até que, de repente, Riordan não só recebe o título de conde, como também se torna pai de duas crianças!
Sua única experiência de vida é na arte da irresponsabilidade.
Riordan precisa de ajuda, e não seria nenhum sacrifício contratar uma governanta bela e jovem. Sua fama, porém, o, precede.
A doce e inocente Maura Caulfield parece ser a única dama de Londres a ignorar sua reputação. Mas seu desconhecimento não perdurará muito, pois ele mostrará a ela como o pecado pode ser divertido...
Capítulo Um
— Eu aceitarei qualquer coisa que você tiver. — Maura Harding estava sentada ereta, com mãos enluvadas e cruzadas comportadamente no colo.
Ela se esforçava para soar afável em vez de desesperada. Não estava desesperada. Maura forçou-se a acreditar na quase ficção. Se ela não acreditasse, ninguém mais acreditaria. O desespero a transformaria num alvo fácil. Pessoas podiam sentir desespero como cães farejavam medo.
De acordo com o pequeno relógio preso ao corpete de seu vestido, eram 10h30 da manhã. Ela viera direto da carruagem que transportava correspondência para a Agência de Encaminhamento da sra. Pendergast para Jovens Ladies de Boa Criação e precisava de um trabalho até o fim do dia. A sra. Pendergast espiou sobre a borda de seus óculos e hesitou.
— Eu não vejo referências aqui. — O peito volumoso da sra. Pendergast inflou em desaprovação quando ela fez o pronunciamento.
Maura respirou fundo, em silêncio repetindo o mantra que a sustentara durante a longa jornada de Exeter: em Londres haverá ajuda. Não desistiria agora simplesmente porque não tinha referências. Afinal de contas, sempre soubera que esse seria um obstáculo provável.
— É a minha primeira vez procurando uma posição, senhora.
— Primeira vez usando um nome falso, primeira vez viajando para fora de Devonshire, primeira vez sozinha... muitas primeiras vezes, sra. Pendergast, se você pudesse imaginar...
As sobrancelhas da sra. Pendergast se arquearam numa expressão desconfiada. Ela pôs o papel escrito cuidadosamente por Maura sobre a mesa e deu-lhe um olhar intransigente.
— Eu não tenho tempo para jogos, srta. Caulfield.
O nome falso soava... bem... falso para Maura, que passara a vida inteira sendo a srta. Harding. A sra. Pendergast poderia saber? O nome soaria falso para ela? Ela desconfiava?
A sra. Pendergast levantou-se para indicar que a entrevista estava terminada.
— Estou muito ocupada. Tenho certeza de que você não deixou de notar a sala de espera repleta de jovens ladies com referências, todas ansiosas para trabalhar em residências familiares. Sugiro que você tente a sorte em algum outro lugar.
Isso era um desastre. Maura não podia ir embora de lá sem uma posição. Para onde mais iria? Não conhecia mais nenhuma agência de empregos. Sabia sobre esta somente porque sua preceptora a mencionara uma vez. Maura pensou rápido.
— Eu tenho algo melhor do que referências, senhora. Tenho habilidades. — Maura gesticulou em direção ao papel descartado. — Sei bordar muito bem, sei cantar, dançar e falar francês. Sei até mesmo pintar aquarelas.
Maura pausou. Suas realizações não pareceram impressionar a sra. Pendergast.
Quando o argumento racional fracassava, havia sempre a súplica.
— Por favor, senhora, eu não tenho para onde ir. Deve haver alguma coisa que eu possa fazer. Posso ser dama de companhia para uma lady idosa, tutora particular para uma garotinha. Posso ser qualquer coisa. Deve existir uma família em Londres que precise de mim.
Não deveria ser tão difícil assim. Londres era uma cidade grande, com muito mais oportunidades do que aquelas oferecidas no interior de Devonshire, nos arredores de Exeter, onde todos conheciam todos, uma situação que Maura vinha tentando arduamente evitar. Não queria ser conhecida, embora estivesse descobrindo que essa escolha vinha acompanhada de suas próprias consequências. Era agora oficialmente uma estranha num lugar estranho, e seu plano calculado com cuidado se achava em risco,
A súplica funcionou. A sra. Pendergast recostou-se a abriu uma gaveta da mesa.
— Eu devo ter alguma coisa. — Ela mexeu dentro da gaveta e retirou um envelope. — Não é exatamente uma situação de “família”. Nenhuma das garotas aí fora irá aceitar esta posição. Eu já enviei cinco educadoras nas últimas três semanas. Todas abandonaram o emprego.
Com aquelas palavras fatídicas, a sra. Pendergast empurrou o arquivo na direção de Maura.
— O cavalheiro é solteiro, com duas crianças cuja tutela herdou do irmão.
Maura estava ouvindo apenas parcialmente, tamanha era sua empolgação.
A senhora continuou:
— É uma situação difícil. O novo conde é um completo libertino. Passa as madrugadas fora de casa, entregando-se a só Deus sabe que tipo de prazeres, enquanto as crianças enlouquecem em casa. Então há o problema com o irmão do conde. — Ela meneou a cabeça em desaprovação e olhou de maneira significativa para Maura, por sobre os óculos, mais uma vez. — A maneira como ele morreu foi muito chocante e repentina. Como eu disse, é uma situação difícil, más se você quiser, a posição é sua.
Se ela quisesse? É claro que aceitaria. Não se achava em condições de ser exigente nesse momento. Maura começava a ver como sua fuga havia sido precipitada, ainda que tivesse sido necessária.
— Está ótimo, obrigada. A senhora não vai se arrepender. — Ela teria estendido sua gratidão, mas a sra. Pendergast ergueu uma das mãos.
— Eu não irei me arrepender, mas talvez você se arrependa. Ouviu uma palavra do que eu falei, srta. Caulfield?
— Sim, senhora.
Série Lordes Libertinos