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29 de outubro de 2019

O Príncipe

Série The Devill’s Duke
















Capítulo Um

Setembro de 1825
Corredor dos Cirurgiões Edimburgo, Escócia
Lenços de pescoço eram muito mais apertados do que ela tinha imaginado. E as calças comprimiam uma pessoa bem no centro de onde ela menos queria ser beliscada. Mas ninguém a havia notado. Até mesmo os estudantes nos bancos de ambos os lados, murmurando para seus companheiros sobre a dissecação no centro do teatro cirúrgico em forma de U, não olhavam duas vezes para ela.
Obviamente, as costeletas tinham sido um golpe de gênio. No entanto, Libby Shaw manteve os ombros curvados e a cabeça inclinada, espiando a demonstração, oculta sob a aba de seu chapéu. Quando o cirurgião afastou o músculo para expor os ossos, um arrepio de prazer a percorreu.
Havia sentado neste teatro antes para assistir a dissecações e cirurgias públicas. Agora, disfarçada de homem, tudo parecia diferente: os médicos com suas sábias sobrancelhas e mãos que faziam milagres; o arranhar dos lápis dos alunos nos blocos de notas; o público curioso atraído pela palestra, se encolhia; e o fedor da carne na mesa, em sua deterioração natural, diminuído pelo porão fresco em que o assistente cirúrgico a guardava todas as tardes para preservá-la para a palestra do dia seguinte.
Durante uma semana, os cirurgiões mais célebres de Edimburgo vinham realizando dissecções, sistema por sistema, mas Libby não se preocupara em participar até hoje, o dia reservado para sua parte favorita: o Sistema Ósseo. O esqueleto humano era robusto, estável, um prazer imenso de se estudar.
― Essa é a fíbula ― o jovem à sua esquerda sussurrou para seu companheiro.
― É? ― O outro sussurrou incerto. Não. Libby mordeu os lábios. As suíças disfarçavam seu rosto, não sua voz. ― Claro, imbecil! ― o primeiro disse. Ela reconheceu aquele tom arrogante. Havia conhecido muitos desse tipo quando seu pai convidava seus alunos para jantar. Pensavam que sua arrogância a impressionaria. ― Já estive em dezenas dessas dissecações ― ele acrescentou. No entanto, ele não diferenciava uma fíbula de uma tíbia.
― O que é isso? ― O outro sussurrou, apontando. O sóleo.
― A tíbia anterior ― disse o altivo.
― Claramente não leu o “Sistema de Dissecações” de Charles Bell. Aparentemente, ele também não tinha. Seus sussurros se tornaram mais altos. Libby avançou no banco e virou a orelha para o andar de baixo. ― Veja, o tensor ― disse o altivo.








Série The Devill’s Duke

01- O Espadachim
02- O Conde
02,5 - O Pirata e Eu
03 - O Duque
04 - O Príncipe

12 de junho de 2019

O Duque

Série The Devill’s Duke

Quando Amarantha e Gabriel se conheceram, as suas vidas eram muito diferentes. 

Ela era apenas uma jovem a caminho da América para se casar com um pregador protestante. Ele era marinheiro, e não podia acreditar na beldade perante si. Numa noite de tempestade, com a pequena cidade em risco, encontraram um no outro a segurança que o mundo nunca lhes poderia dar. Mas a sorte nem sempre protege os apaixonados. 
Pouco tempo depois, prestes a cancelar o casamento com o pregador, Amarantha recebeu a notícia de que Gabriel tinha morrido no mar, numa última missão antes de voltar para tomá-la como esposa. De coração partido, decidiu avançar com o casamento. Agora, Amarantha é viúva. Dirige-se à Escócia em busca da sua cunhada desaparecida, Penny, e espanta-se com as histórias surpreendentes do Duque do Diabo, e laird daquelas terras. Um duque satânico, capaz das piores violências, dedicado a uma vida de prazeres profanos e maldades. Enorme é a surpresa de Amarantha quando descobre a sua identidade. É Gabriel. E está vivo. Amarantha não é capaz de conciliar essas duas imagens no seu coração. O Gabriel que conhecera era carinhoso e respeitara a sua inocência. Este Gabriel é odiado e temido por todos. Amarantha precisa saber. Precisa descobrir a verdade sobre o Duque do Diabo. 

Capítulo Um


Agosto de 1817 Willows Hall, Shropshire Querida Filha Emily Uma acompanhante foi contratada!

O navio partiu! Sua irmã foi embora!! Estou fora de mim e disse as suas outras irmãs que, se alguma vez olharem para um pregador, o pai renegará todas elas. Que pena que o homem se pareça tanto com o homem em que ela formou seu plano de infância!
Se ao menos ele tivesse cabelos negros e um semblante sombrio, nossa querida Amarantha nunca teria olhado duas vezes para aquele inadequado senhor com a sua missão miserável! Eu amaldiçoaria inteiramente cachos dourados se não fosse pela deliciosa lavagem de limão, que Sally prepara para minha toilette, que tem efeitos soberbos sobre os meus cabelos.
Os pretendentes de Amarantha estão profundamente aborrecidos. Ao ouvirem a notícia, o pobre Eustace, filho de Lady Witherspoon, chorou e sentiu um distúrbio tão forte de temperamento que não deixou seu quarto por dois dias inteiros. Sir Roger anunciou sua intenção de navegar atrás dela imediatamente. (Seu pai sentiu a necessidade de lembrá-lo de como, no verão passado, na festa do barco, ele ficou doente com o balanço, e Sir Roger explicou que foi devido ter comido quatro tortas de limão naquele dia, em vez de suas três habituais.) O poema de Lord Brill
— Desamparo Perante a Perda de uma Flor de Morangueiro, — que eu anexo aqui, fala por si. No entanto, receio que nenhuma das suas lágrimas viris a traga para casa! Também junto uma mensagem do teu pai. Está devastado não só por tê-la perdido para Londres, mas também à nossa querida Amarantha para as miseráveis colónias!!
Eu vou chorar até adormecer esta noite e passar a semana inteira na cama com as cortinas fechadas, consolando-me, apenas, no conhecimento de que Manchester é agora o governador daquela ilha miserável, e sua duquesa é extremamente elegante, apesar de agora ser uma colonialista. Nossa querida Amarantha simplesmente deve se agarrar a ela para orientação. Venha até Hall em breve. Estamos perdidos e uma visita nos animaria.









Série The Devill’s Duke

01- O Espadachim
02- O Conde
02,5 - O Pirata e Eu
03 - O Duque
04- O Príncipe

21 de maio de 2019

O Pirata e Eu

Série The Devill’s Duke
Anos atrás, a Srta. Esme Astell apaixonou-se perdidamente por Charles Brittle, um simples e respeitável ditor de uma impressora em Londres.

Então ele desapareceu sem uma palavra. A última coisa que Esme sonhou foi encontrar Charlie
novamente. Em um beco escuro... Em uma chuva torrencial... Em uma perseguição com a polícia...
Na Escócia... Ela pode resistir em cair novamente, mas desta vez para o bandido perigoso que ele se tornou?

Capítulo Um

Março de 1823 Edimburgo, 
Escócia Apesar da chuva e da pouca frequência dos lampiões na rua, Esme Astell saltava em poças e sombras e ela se sentia notavelmente bem. Seu primeiro dia na reunião da Society of Perfumers, para a qual ela gastara metade das economias de sua vida para viajar a Londres, não fora muito mal, afinal de contas. 
Apenas modesta. Três garrafas quebradas de Eau d'Aurore não eram um preço tão alto a pagar para se apresentar acidentalmente e abruptamente ao seu ídolo, Monsieur Pierre Poe, mestre perfumista e convidado de honra na reunião. Amanhã pela manhã, depois de pagar pelas garrafas desperdiçadas, ela ainda teria um quarto das economias de sua vida sobrando para viajar com ele para Paris.
Se ele a convidasse. Por favor, querido Senhor, deixe-o convidar-me. Por gentileza, o Sr. George, seu cliente mais ávido na loja de Londres, a trouxera tão longe.
 — Seu nariz, senhorita Astell, é o melhor instrumento que encontrei em anos. Você não deve desperdiçá-lo nesta pequena e miserável loja em Gracechurch Street. 
— Sua carta ao presidente da Sociedade insistia que, mesmo que fosse uma mulher, e uma mulher muito jovem — ela deveria ser bem recebida entre o grupo de elite de perfumistas reunindo-se em Edimburgo para este evento internacional de uma década. Ela deveria agora se concentrar no restante do caminho para chegar a Paris. E ela o faria, mesmo que não pudesse pagar pela passagem na carruagem do correio e tivesse que andar por todo o caminho. 
Exceto através do canal, ela supôs. Se necessário, ela iria nadar. A chuva penetrava nas rachaduras dos calcanhares de suas botas, saturando seu único par de meias sem manchas enquanto se apressava, sem fechar seu belo instrumento de inalação contra os aromas que se erguiam dos paralelepípedos molhados. 
As sombras do beco estavam cheias de lixo que ela não queria inalar, mas as ruas sem importância naquela parte da cidade estavam fadadas a serem escuras e cheirando mal. 








Série The Devill’s Duke

01- O Espadachim
02- O Conde
02,5 - O Pirata e Eu