O rei concedera-lhes um ano de amor.
Gerard de Wilmont queria, acima de qualquer coisa, tornar Ardith de Lenvil sua esposa.
Mas e se ele e sua amada saxônica não fossem abençoados com o herdeiro que faria com que a união de ambos durasse para sempre?
Lady Ardith hesitou quanto ao decreto real que a tornava prometida de Gerard, barão de Wilmont, pois, embora ele sempre tivesse sido o dono de seu coração, ela sabia que o destino cruel não a fizera adequada para ser esposa de homem algum! Ela não podia se negar a cumprir o desejo do rei, mas sabia que seu casamento com Gerard estava fadado a terminar muito antes que ele imaginava!
Capítulo Um
Wilmont, Inglaterra, 1106
Gerard adiantou-se depressa pelo chão congelado do pátio elevado do castelo.
Rajadas do vento cortante de início de inverno sopravam-lhe contra o manto de pele. O céu cinzento combinava com seu humor.
A farsa daquela manhã fora idéia sua.
Tendo planejado cada detalhe do funeral forjado, ele não esperara o aperto na garganta quando o caixão vazio descera à terra.
Sabia que sua inquietação não se abrandaria enquanto não conversasse com seu meio irmão, Richard, que, por bem pouco, escapara de ter estado realmente naquele caixão.
Saltando dois degraus de cada vez, Gerard subiu pela escada externa que levava à ala residencial do castelo. Abriu a pesada porta de carvalho e entrou no grande salão principal.
Olhou apenas de relance para as tapeçarias familiares penduradas em torno do brasão e de armas antigas, mal notando os entalhes ornamentais de mármore feitos nas paredes de pedras caras.
Tampouco prestou atenção às criadas atarefadas nos preparativos do banquete que ele ordenara que fosse servido depois da missa do suposto funeral.
A porta maciça fechou-se atrás de si.
Gerard olhou por sobre o ombro para Thomas, um serviçal jovem mas de total confiança, uma das poucas pessoas que sabiam da farsa necessária para esconder e proteger Richard.
Retirando seu manto de peles, jogou-o para Thomas.
— Vou falar com o monge. Leve-nos cerveja — ordenou ele e, então, subiu a escadaria interna que conduzia aos aposentos da família.
Ao final do corredor bateu duas vezes a uma porta, esperou um momento e, em seguida, bateu mais duas vezes. Como esperado, Corwin abriu-a.
Exibindo um sorriso maroto, ele executou uma exagerada mesura, dizendo:
— Enfim, reforços. Entre, milorde.
— Richard não está se comportando bem? — perguntou Gerard.
Corwin fechou a porta com a tranca.
— Tão bem quanto se poderia esperar, acho eu, levando em conta que se trata do dia do próprio enterro dele.
— Está de mau humor, não é?
— Péssimo.
Da cama, Richard resmungou:
— Você fala como se eu não estivesse presente. Por que não pergunta a mim como estou?
Gerard aproximou-se com um ar pensativo, avaliando a expressão contrariada no rosto de Richard, um rosto que era quase um reflexo do seu. A semelhança era espantosa, muito embora ambos fossem filhos de mães diferentes: uma esposa nobre e uma amante camponesa. Apesar de Gerard ser mais alto, quando montados a cavalo em suas armaduras era praticamente impossível distinguir um do outro.
Por causa da semelhança, Richard quase morrera…
Série Wilmont
1 - Por Decreto Real
2 - Lord of the Manor
3 - By Queen's Grace
4 - Knave of Hearts
4 - Knave of Hearts