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20 de março de 2011

Se uma Estrela Aparecer...

Um pedido às estrelas...

Lady Letitia e lady Viola não entendem nada de casamento! 
As duas insistem que é preciso ter amor... Pois eu, Hannah Chillton, afirmo que basta aproximar um homem e uma mulher e deixar que a natureza faça o resto. E para provar que estou certa, tenho um plano secreto para fazer aquelas duas subirem ao altar! Claro que é um desafio e tanto, considerando-se que ambas já passaram um pouquinho da idade de casar... 
E desde quando o amor tem algo a ver com o casamento que elas estão providenciando para mim? 
Confesso que quando conheci St. Albans, fiquei um pouco sem fôlego, mas depois que nossa carruagem acidentalmente o atropelou, estou convencida de que ele pertence àquela desprezível categoria de homens infames e conquistadores. 
A arrogância dele é insuportável... Verdade que às vezes ele parece tão tímido e carinhoso que chego a pensar se não existem dois St. Albans, totalmente diferentes um do outro. Mas isso seria impossível... Ou não?

Capítulo Um

Cemitério da Abadia Kirkwell, Inglaterra, Devon
Aquele não era o dia de sorte do conde de Devonsfield. Para completar, seu descanso eterno também estava ameaçado.
Aborrecido, o conde levantou a cartola e removeu a peruca para coçar com suas unhas roídas a calva brilhante.
— Bem, o que me diz, Pinkerton?
Seu criado pessoal, um cavalheiro elegante e perspicaz, equilibrava-se perigosamente num dos galhos da imensa sorveira brava que ficava ao lado do mausoléu.
— Acho que o funcionário do cemitério está certo, milorde. Não há outra opção; pelo menos nenhuma que eu possa ima­ginar. Não vejo como adicionar mais um andar ao mausoléu sem comprometer a estrutura.
A resposta não agradou ao conde. Ele, porém, era um ho­mem que aprendera com a vida que as mudanças eram ne­cessárias e invitáveis, e não iria se render diante do primeiro obstáculo.
— Nesse caso, não nos resta alternativa. Teremos de au­mentar nas laterais, Pinkerton. — O elegante cavalheiro olhou paras as lápides vizinhas ao mausoléu de sua família. — Poderemos tentar persuadir os Anatole a remover seus familiares para outro terreno.
A expressão que surgiu no rosto do criado deixava claro que ele não acreditava num desfecho favorável para a idéia, mas acima de tudo vinha sua lealdade e ele aquiesceu.
— Entrarei em contato com os Anatole para verificar a viabilidade de seus planos, milorde.
Com cartola e peruca nas mãos, lorde Devonsfield cami­nhou pelo gramado que circundava o local de repouso de seus antepassados. Em seguida, suspirou ao tocar as paredes de mármore, imaginando se aquilo tudo não era conseqüência de seu terrível azar. Após duzentos anos, o mausoléu dos Devonsfield estava lotado, justamente quando sua passagem pela Terra estava com os dias contados. E a culpa era de seu irmão, sem sombra de dúvida. Mesmo depois do trágico fa­lecimento de todos os familiares do conde num terrível aci­dente — que matara seus dois filhos —, ainda havia um espaço vago que lhe pertencia de direito. Mas então seu ir­mão mais jovem, Thelonius, morrera de repente, utilizando seu lugar no mausoléu.
— Milorde, posso descer da árvore agora? — Pinkerton, como sempre vestido de preto dos pés à cabeça, oscilava ner­voso no galho.
— O quê? Oh, claro! Já terminamos. — O conde acenou-lhe para que descesse. — Por falar em árvore, poderia me ex­plicar melhor o que descobriu sobre minha árvore genealó­gica. Mais especificamente sobre o ramo em que podemos encontrar meu herdeiro? Já faz um mês que aconteceu o acidente e você ainda não localizou aquele que herdará o condado de Devonsfield.
Pinkerton apoiou-se com cautela num galho mais baixo.
— Fique tranqüilo, sir. Sei, por exemplo que o cavalheiro mora na Cornualha. É filho de seu primo em segundo grau.
O conde encarou-o incrédulo e, aproximando-se da árvore, bateu com a bengala no tronco.
— Maldição, Pinkerton. Por que não me disse antes? Pre­ciso falar com o rapaz sem demora. Qual é o nome dele?