A melhor espadachim de Paris enfrenta três ameaças: um assassino mascarado, um complô contra o Rei e os encantos de um jovem aristocrata.
Todos em Paris ouviram falar do famoso espadachim Léonide de La Rochelle, mas quase ninguém sabe que se trata de uma mulher. Treinada por um antigo mosqueteiro, Léonide se propõe a capturar Renard Noir, o criminoso que semeia o terror na cidade noturna, entretanto, seus planos são alterados quando ela se vê obrigada a ensinar esgrima para Valérian, o arrogante filho de um aristocrata. Enquanto trata de converter o menino num herói, Léonide se verá envolta numa luta de poder que lhe poderá custar a vida
Caítulo Um
O Melhor Espadachim de Paris
Léonide de La Rochelle jogava a vida com duas cartas: sua inegável beleza, e sua habilidade com a espada. Por estranho que pareça, sua beleza a tinha tirado de mais apuros, do que o aço. E não porque fosse torneada e perfeita, como a das Virgens do Châlons3, era bem delgada, poderosa, de pele clara e com as maçãs do rosto muito salientes. Tinha o rosto de alguém que parecia um homem sob o sol e, uma mulher à luz do fogo. Ou talvez fosse ao contrário.
De qualquer forma, o importante daquele rosto não eram os traços, pouco harmoniosos, nem os olhos, de um marrom completamente vulgar, era o sorriso. Um sorriso cingido e branco que, quando iluminava seu rosto, fazia com que as mendigas como Fifi Lachance, e as grandes damas como mademoiselle Archambault sentissem o impulso irracional de proteger seu proprietário. Mas a espada também era uma boa aliada. Léonide tinha aprendido a empunhá-la por sua própria conta, usando uma das armas defeituosas que seu pai Absolon de La Rochelle havia fundido, na pequena ferraria que possuía na cidade.
Possuía um estilo particular e uma espantosa segurança em si mesma, algo que, segundo mademoiselle Archambault, “a mataria, qualquer dia”.
Contudo, Léonide não se converteu em espadachim até que o destino a colocou rumo a Paris. Enquanto vivia com seus bondosos pais em La Rochelle, as armas não eram mais que um escandaloso entretenimento para si, Paris e seus perigos tinham mudado tudo. Mas esse era um episódio de sua vida que preferia não recordar.
Por enquanto, continuava com a vida. E não havia nada que gostasse mais que tentar a sorte. A noite parisiense era dela: ia da hospedaria Pot d’Or para Bourbon em busca de gascões presunçosos e outros homens que precisaria manter distantes, e depois se deixava convidar para um vinho e recebia as quinquilharias de suas admiradoras.
Seguida fielmente por Fifi Lachance, rainha dos canalhas, sentia que a cidade noturna lhe pertencia por direito. Não queria um professor. De fato, pensava que nenhum homem de armas podia lhe ensinar mais do que ela já sabia.