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16 de janeiro de 2019

Sobre as Pontes de Paris

A melhor espadachim de Paris enfrenta três ameaças: um assassino mascarado, um complô contra o Rei e os encantos de um jovem aristocrata.

Todos em Paris ouviram falar do famoso espadachim Léonide de La Rochelle, mas quase ninguém sabe que se trata de uma mulher. Treinada por um antigo mosqueteiro, Léonide se propõe a capturar Renard Noir, o criminoso que semeia o terror na cidade noturna, entretanto, seus planos são alterados quando ela se vê obrigada a ensinar esgrima para Valérian, o arrogante filho de um aristocrata. Enquanto trata de converter o menino num herói, Léonide se verá envolta numa luta de poder que lhe poderá custar a vida

Caítulo Um
O Melhor Espadachim de Paris
Léonide de La Rochelle jogava a vida com duas cartas: sua inegável beleza, e sua habilidade com a espada. Por estranho que pareça, sua beleza a tinha tirado de mais apuros, do que o aço. E não porque fosse torneada e perfeita, como a das Virgens do Châlons3, era bem delgada, poderosa, de pele clara e com as maçãs do rosto muito salientes. Tinha o rosto de alguém que parecia um homem sob o sol e, uma mulher à luz do fogo. Ou talvez fosse ao contrário.
De qualquer forma, o importante daquele rosto não eram os traços, pouco harmoniosos, nem os olhos, de um marrom completamente vulgar, era o sorriso. Um sorriso cingido e branco que, quando iluminava seu rosto, fazia com que as mendigas como Fifi Lachance, e as grandes damas como mademoiselle Archambault sentissem o impulso irracional de proteger seu proprietário. Mas a espada também era uma boa aliada. Léonide tinha aprendido a empunhá-la por sua própria conta, usando uma das armas defeituosas que seu pai Absolon de La Rochelle havia fundido, na pequena ferraria que possuía na cidade.
Possuía um estilo particular e uma espantosa segurança em si mesma, algo que, segundo mademoiselle Archambault, “a mataria, qualquer dia”.
Contudo, Léonide não se converteu em espadachim até que o destino a colocou rumo a Paris. Enquanto vivia com seus bondosos pais em La Rochelle, as armas não eram mais que um escandaloso entretenimento para si, Paris e seus perigos tinham mudado tudo. Mas esse era um episódio de sua vida que preferia não recordar.
Por enquanto, continuava com a vida. E não havia nada que gostasse mais que tentar a sorte. A noite parisiense era dela: ia da hospedaria Pot d’Or para Bourbon em busca de gascões presunçosos e outros homens que precisaria manter distantes, e depois se deixava convidar para um vinho e recebia as quinquilharias de suas admiradoras.
Seguida fielmente por Fifi Lachance, rainha dos canalhas, sentia que a cidade noturna lhe pertencia por direito. Não queria um professor. De fato, pensava que nenhum homem de armas podia lhe ensinar mais do que ela já sabia.

17 de março de 2018

Uma Sombra na Aljama

O amor é a única coisa que não nos obriga a ser o que os outros decidem.

Em uma época em que a religião decidia o destino das pessoas, Maria, ladra e cristã, vê-se necessitada de um médico para curar uma pessoa muito querida para ela.
Forçada pelas circunstâncias, tem de trabalhar, até pagar por seu erro, para o homem que acabara de roubar: Enoc, médico e judeu.
Acompanhando-o quando das visitas a seus pacientes, entre Maria e Enoc começa a florescer um sentimento que, aos olhos do resto do mundo, é proibido, perigoso e, até criminoso. Repudiados por cristãos, acossados por judeus e perseguidos pela Inquisição, como conseguirão sobreviver e fazer seu amor dar certo?

Capítulo Um

imediatamente. Era um homem usando quipá. Já há bastante tempo Cutelaria, examinando diferentes a misturando enquanto analisava cada detalhe de sua grandes, o cabelo comprido e de formar uma entanto, levou-lhe mais tempo do que o judeus Deus. da . stante , misturandoenquanto , e normal. aljama? Com um tanto como 6 pouco de sorte, estaria demasiado concentrado em sua tarefa para adivinhar as intenções de Maria. Se não, no pior dos casos, a moça podia correr.
Era ágil como uma gata; antes que o homem desse conta, teria desaparecido por algum beco. Alheio ao que acontecia ao redor, o jovem se deteve junto à banca de Pedro. Na rua da Cutelaria se vendiam adagas, punhais e estiletes, assim como utensílios domésticos de diferentes tipos; mas também havia bancas de comida e bebida.
Pedro vendia cevada; nesse momento, precisamente, estava enganando a balança, enquanto distraía um cliente descuidado. Enquanto isso, deu um jeito de trocar um olhar cúmplice com Maria. Ela captou a mensagem: era seguro. Era o momento de agir. A moça caminhou com ar inocente para a sua vítima. Com as mãos nas costas, inclinava-se sobre as mercadorias e as contemplava com ar crítico, fossem sacos de grão ou bainhas de couro. Ao mesmo tempo, vigiava a bolsa que o jovem tinha pendurada no cinto. O cordão não parecia muito grosso.
Quando esteve a menos de dez polegadas dele, ouviu que Pedro dizia: ― Quer provar a minha cerveja, senhor? Não encontrará outra melhor em toda a paróquia de São Salvador…, o que digo!

6 de fevereiro de 2018

Às Portas de Numancia

154 a.C.
De Óstia em Roma para Numância na Celtibéria

De um mundo civilizado para um porão de um navio e desse para a Hispânia controlada pelos mais ferozes e temidos guerreiros.
Cassia Minor vê-se em território selvagem forçada a casar com Leukón de Sekaisa se quiser salvar a sua vida.
Inicialmente decidida a fugir de Numância, assim que tiver oportunidade, traindo quem a protegeu, Cassia dá por si dividida entre a fidelidade a Roma e os sentimentos que começam a desabrochar pelo bárbaro que a defendeu do aço e do fogo.
Como conseguirá lidar com a guerra iminente que opõe o seu pai a seu marido, a sua educação aos seus sentimentos e que ameaça destruir tudo aquilo que aprendeu a amar?

Capítulo Um

Más notícias. 
Não pretendia espiar, de maneira nenhuma. Mas ao passar pelo átrio escutei o meu nome e não pude evitar deter-me.
― Como vou dizer isso a Cassia?
Era a voz de minha mãe. Estava falando com o capitão Alexis, que tinha vindo visitar-nos aproveitando a sua tarde livre. Eu os tinha deixado a sós por educação.
― Com sensatez, querida ― respondeu o capitão ―. Ela já sabe que o seu pai é centurião, e um centurião não pode abandonar as suas tropas. Não agora que se trava outra guerra na Hispânia.
Aquelas palavras aceleraram o meu coração.
Outra guerra?
Papai ia travar outra guerra?Avancei com cautela. O átrio estava envolto nas sombras da tarde, mas o sol poente iluminava as águas do impluvium tingindo-as de ouro. Coloquei-me junto ao nosso pequeno altar doméstico, cujo fogo ardia dia e noite, e tentei ver a expressão de minha mãe através da cortina de fumaça.
Ela estava de pé, sustentando uma taça de vinho que mal tinha provado. O capitão Alexis, por seu lado, reclinou-se em um divã e mordiscava um figo com ar pensativo.
― Ele disse que estaria nas bodas de Cassia ― suspirou a minha mãe ―. Assegurou-me que, por essa altura, os lusitanos já estariam sob controle.
― E estão ― disse o capitão ―. Esse Viriato deu muitos problemas, mas os seus não podem fazer frente às legiões romanas.
― E então?
― Querida, a nova guerra não é contra os lusitanos, mas contra os celtiberos.
Minha mãe afogou uma exclamação de assombro. Eu também o fiz.
Meu pai nos tinha falado dos celtiberos: eram um conjunto de tribos selvagens que viviam na Hispânia Ulterior, a zona mais agreste da Península Ibérica. Eram tão ferozes que, a seu lado, os outros povos hispânicos pareciam gente civilizada.
Alexis confirmou os meus piores receios:― Se os rumores estiverem corretos, Roma nunca enfrentou um inimigo tão temível. ― Mas por que agora? ― Gemeu a minha mãe ―. Cassio nos disse que os celtiberos tinham feito um pacto com Roma!
― E fizeram ― assentiu o capitão ―. O cônsul Graco os convenceu. Mas parece que houve problemas com uma tribo… os Belos, se não me engano. Pelo visto, queriam murar a sua cidade, Segeda, e isso ia contra o acordo. Um de seus líderes foi convidado a explicar-se no Senado, mas saiu de lá aos gritos…
Um acesso de tosse interrompeu o seu discurso. Teve de tomar um sorvo de vinho antes de concluir:
― Um desastre, vá. Não se pode dialogar com aquela gente.
― E o que vai acontecer agora? ― inquiriu a minha mãe.
Eu me estava perguntando o mesmo. Encolhida no átrio, com os olhos fixos no altar, rezava aos nossos espíritos protetores, os lares, para que trouxessem o meu pai de volta o mais cedo possível.
Nunca tinha estado na Hispânia, mas tinha escutado todo o tipo de histórias no forum[3]. E nenhuma me agradava.
Queria que papai voltasse. Minhas bodas era o de menos: queria tê-lo em casa, a salvo.
O capitão Alexis suspirou.
― De momento, o Senado enviou o cônsul Nobilior com 30.000 homens para que impeçam a construção dessa maldita muralha. Além disso, pediu aos mercados que levem fornecimentos para o exército. O meu navio parte amanhã bem cedo para Ampúrias por esse motivo.
― Poderá levar uma mensagem a meu marido?
― Temo que não será possível, querida. Seu marido está na Hispânia Ulterior, e eu não penso sair da Citerior. De fato, pretendo não pôr um pé fora de Ampúrias. Logo que tenha descarregado as mercadorias no porto, voltarei para Óstia e esquecer-me-ei dessas horríveis terras ocidentais. Não dão mais que problemas.
Minha mãe ficou calada. Eu imaginava que tinha sentimentos contraditórios. Alexis, também.
― Lamento, de verdade ― acrescentou ele em voz baixa ―, mas eu não sou um guerreiro. Não quero que nenhum selvagem cabeludo me persiga até meu navio, compreende?
― Compreendo ― murmurou minha mãe. Sim. Eu também compreendia.
O sol já se tinha posto. A fumaça do altar subia em volutas para um céu púrpura.
“Boa sorte, papai”, desejei-lhe mentalmente.
O capitão Alexis se levantou. Não era um homem alto, mas a minha mãe lhe chegava apenas ao queixo. Eu tinha herdado dela a baixa estatura e a cara cheia de sardas; de meu pai, por outro lado, tinha recebido o cabelo liso e os olhos marrons.
O capitão estava acostumado a dizer que papai e eu não parecíamos romanos. Mamãe, por sua vez, era a viva imagem da deusa Juno: pequena, roliça, com os cachos castanhos e a boca pequena e amável.
Perguntei-me o que pensaria ela da guerra contra os celtiberos… e a perspectiva de não voltar a ver seu marido.
Obriguei-me a não pensar nisso.
― Se servir de consolo, querida ― Alexis estava dizendo a minha mãe ―, eu sim estarei nas bodas de Cassia. A viagem até à Hispânia apenas demora alguns dias; espero estar de volta brevemente.
― Obrigada, capitão. Isso me alivia.
Escutei a tosse de Alexis perigosamente perto do átrio e dei um passo atrás.
― A propósito…