Luz da minha vida...
Após a morte da esposa, Michael isolou-se em sua propriedade na Escócia, disposto a amargar sua dor. Mas, a pedido de um parente, teve de acolher em sua casa, a jovem Cathy. Decidido a continuar a viver na solidão, a única saída seria encontrar um noivo para tão graciosa dama. Decerto não faltariam pretendentes...
No entanto, quanto mais se aproximava o dia da despedida, Michael se perguntava se teria tomado a decisão certa.
Pois, como ele enfrentaria o futuro sem a presença da encantadora jovem que trouxera luz e cor à sua vida?
Como viver sem as fantasias sensuais que ela lhe despertava, fazendo-o ansiar por beijar seus lábios e sentir o calor de seu corpo?
Capítulo Um
Dumfries, Escócia, 1817
— Cathy, vou morrer hoje mesmo. — Cathy Grant forçou um tom alegre na voz, enquanto passava a toalha embebida em água de rosas pela testa de sua prima mais velha, Sofia.— Bobagem — disse. — Você fala isso o tempo todo. Não vai morrer, apenas quer chamar a atenção dos outros.
— Bem, querida, o fato é que todos vamos morrer. — O timbre áspero de Sofia se mantinha mesmo nos dias em que sua voz não passava de um frágil sopro. — Desta vez, tenho certeza.Não, pensou Cathy tristemente. Não a deixarei partir.Sofia Tilden completara noventa anos e durante boa parte da existência dependera dos cuidados da prima mais jovem. Havia estado à beira da morte quando Cathy viera morar com ela, dois anos antes.— Quer um pouco de caldo de galinha? — Cathy ofereceu. — É bom para refazer as forças.A senhora idosa fez uma expressão de desprazer.
— O problema com as pessoas jovens e prestativas é que não respeitam os agonizantes. Acha que deixarei este mundo com o gosto de caldo de galinha na boca? Traga-me um cálice de vinho do Porto. Daquele que sir Michael nos deu no Natal passado.— Álcool não é bom para as suas condições.— Cathy, querida, você não pode me manter viva para sempre.
— Posso tentar. — Evitou chorar diante de sua benfeitora. Haveria bastante tempo para isso, depois.— Estou cansada. Todos os que eu amava, exceto você e Michael, partiram antes de mim.
— Mas o que vou fazer sem você?— O que faria se não estivesse amarrada a uma velha doente como eu? Talvez se casasse com um homem decente e criasse filhos. Sir Michael ficaria contente em acolhê-la.— Sem essa conversa — Cathy rebateu. — Ele não vai querer uma esposa de reputação duvidosa, cuja própria família a deserdou.— Isso sim é que é tolice. Faz anos que aconteceu. Todos já se esqueceram disso.— Eu não esqueci. E prefiro não tocar no assunto.— O que me dará se eu parar de falar nisso?— Um cálice de Porto? — Cathy sorriu.— Excelente. Mas bem cheio, por favor.
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