Série Sedução
Todo mundo conhece Dylan Moore - seu talento brilhante e a sua procura constante de prazere - mas ninguém conhece o tormento que está por baixo de seu aspecto imprudente. Apenas uma mulher tem um vislumbre das forças que dirigem a alma de Dylan, uma mulher que assombra seus sonhos e evoca suas paixões como nenhuma outra mulher jamais o fez antes.
Caída em desgraça e indigente, Grace Cheval não quer nada com o homem sedutor que a deseja. Quando Dylan oferece a ela uma posição de governanta para sua filha recém descoberta, ela sabe que suas verdadeiras intenções são desonrosas. No entanto, acha difícil resistir a esse homem carismático, e retorna seus beijos apaixonados com um fogo que combina com o dele. Pode Dylan ousar esperar que a bela dama, orgulhosa e espirituosa, derreta o gelo ao redor de seu coração?
Capítulo Um
Londres
1827
Sentia-se enlouquecer. Maldito ruído, maldito ruído angustiante. Parecia um gemido alto que lhe queimava o cérebro como fogo, um som incessante, constante que lentamente o enlouquecia. Se ao menos conseguisse calá-lo. Mas era impossível.
Dylan Moore afastou bruscamente o lençol soltando uma imprecação e levantou-se da cama. Nu, atravessou o quarto e abriu os pesados reposteiros de brocado para olhar para fora. O céu estava negro como breu, naquela hora entre a meia-noite e a madrugada, e apenas um candeeiro à esquina iluminava lá em baixo a rua vazia. Tudo estava em silêncio, exceto no seu espírito. Ficou a olhar pela janela, sentindo ódio por todos os seres humanos de Londres que podiam desfrutar do silêncio que a ele lhe era negado.
Os seus movimentos acordaram Phelps e o criado entrou, vindo do quarto de vestir, com uma vela acesa na mão.
– Também não consegue dormir esta noite, senhor?
– Assim é. – Dylan soltou um suspiro. Havia já três meses. Por quantas mais noites poderia continuar assim, dormindo apenas uns minutos de cada vez? A cabeça latejava-lhe num doloroso protesto pelo ruído infindável e pela falta de sono; inclinou a cabeça e encostou-a à janela, controlando o impulso de partir com ela o vidro e pôr fim àquele tormento.
– O láudano que o doutor Forbes receitou… – O criado hesitou, vendo a expressão zangada com que o amo se voltou para ele, mas a preocupação levou-o a insistir. – Talvez o senhor deseje que prepare outra dose?
– Não. – Deitar-se na cama a aguardar o efeito do opiáceo seria uma ideia intolerável. Dylan voltou as costas à janela e dirigiu-se a passos largos para o quarto de vestir, passando pelo criado. – Vou sair.
– Vou acordar Roberts para que traga a carruagem para a frente da casa.
– Não quero a carruagem. Vou dar um passeio a pé.
– Sozinho, senhor?
– Sozinho.
Na opinião de Phelps, passear sozinho, a meio da noite, pelas ruas de Londres, não seria uma boa ideia, mas a sua expressão não demonstrou qualquer parecer sobre o assunto. Dylan fazia o que lhe apetecia e não seria apropriado o criado pôr em causa a sensatez da decisão.
– Sim, senhor – disse Phelps e ajudou-o a vestir-se.
Dez minutos depois, Phelps voltou para a cama e Dylan desceu as escadas, empunhando a vela acesa que lhe iluminava o caminho através da casa escura. Entrou no escritório, dirigiu-se à secretária e abriu uma gaveta. Ficou por momentos a olhar para a pistola e depois pegou-lhe. Um homem envergando roupas caras e percorrendo sozinho a cidade, durante a noite, estava a pedir complicações e o mais sensato seria tomar precauções. Carregou a arma, meteu-a no bolso da longa capa negra e saiu do escritório. Passou pela sala de música a caminho da porta da rua, mas alguma coisa o fez parar. Talvez que um passeio não fosse realmente a distração de que necessitava. Hesitou, depois voltou-se e entrou na sala de música.
Passara ali muitas horas até ao acidente. Um momento de descuido, uma queda do cavalo, a pancada da cabeça contra uma pedra e tudo mudara. Só dois dias depois o ouvido deixara de sangrar e levara duas semanas a recuperar do traumatismo. Durante esse tempo esperara que o zumbido dos ouvidos desaparecesse, mas afinal parecera piorar. Durante o mês seguinte à sua recuperação, entrara todas as manhãs naquela sala para trabalhar. Sentara-se ao piano de cauda, fingindo que nada se passava, repetindo para consigo que o seu estado seria temporário, que não perdera o dom, que, se tentasse, seria capaz de voltar a escrever música. Por fim, desesperado, desistira e desde aí não voltara a entrar na sala.
Dirigiu-se lentamente para o enorme piano de cauda Broadwood, olhando fixamente para o reflexo do brilho da vela na tampa de nogueira envernizada. Talvez nos últimos três meses uma qualquer transformação tivesse acontecido por magia e, quando pousasse as mãos nas teclas, a música surgisse de novo. Pelo menos podia tentar. Depois de colocar a vela no castiçal trabalhado de madeira de castanheiro do piano, ergueu a tampa e sentou-se no banco.
Série Sedução
1 - Prazeres Proibidos
2 - Todos os Teus Beijos
3 - A Cama da Paixão
4 - Muito Mais que uma Princesa
Série Concluída