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12 de janeiro de 2010

Série Wexford

1- Entre a Paixão e o Perigo



Inglaterra, 1172
Uma parceria perfeita
Hugh de Wexford gosta de vinho, de mulheres e, acima de tudo, de sua liberdade. 


Traumatizado por uma criação desumana, ele jurou conquistar sua independência no mundo, livre de vínculos de qualquer tipo, especialmente os românticos...Phillipa de Paris é culta, instruída e completamente desprovida de malícia, o que fica claro quando Hugh a envolve numa intriga chocante ao recrutá-la para uma perigosa missão de espionagem...
Para desmascarar o corrupto clérigo Aldous Ewing e salvar a Inglaterra de mais uma guerra civil, o corajoso guerreiro e a inocente intelectual embarcam numa perigosa empreitada como marido e mulher, tentando encontrar provas de que Ewing está envolvido numa trama de traição.
Conseguirá Phillipa, com seu poder de sedução, convencer o traidor a fazer-lhe confidências?
Ou as mentiras de Hugh e Phillipa serão descobertas? Será que a irresistível paixão que existe entre eles irá pôr a vida de ambos em perigo?

Capítulo Um

Junho de 1172, Oxford, Inglaterra

A igreja, iluminada com velas, estava lotada naquela noite.
Estudantes, mestres e clérigos ouviam, atentos, o jovem orador que discorria sobre a correlação entre a razão e a fé.
— A mulher que você procura é aquela — sussurrou um rapaz, apontando para um dos bancos da última fileira.
— Qual delas? — perguntou Hugh de Wexford, oculto pelas sombras da nave, olhando na direção das moças.
Eram as únicas em meio ao mar de homens trajados com vestes pretas e idênticas, em sua maioria com tonsura, alguns com solidéu clerical.
— A mais bonita, sem véu — informou o estudante, muito pobre a julgar pela capa preta e surrada e pela ansiedade com que esperava os dois pence prometidos por Hugh.
Sete mulheres ocupavam o banco em questão.
Quatro usavam hábito negro e toucado, indicando que eram freiras. Duas vestiam trajes escuros e véu preto.
Eram, provavelmente, senhoras, que tiveram dos respectivos maridos permissão para assistir à palestra promovida pela Oxford Studium Generale, uma associação independente de alunos e mestres.
A organização ainda era nova, contudo, já famosa em toda a Europa por seus membros esclarecidos: humanistas, estudiosos e sábios.Restava a mulher sem véu.
— Aquela é Phillipa de Paris? — Hugh franziu a testa ao observar a moça.
Segundo lhe haviam informado, Phillipa tinha vinte e cinco anos; porém a moça delicada, de grandes olhos escuros, parecia muito mais jovem.
Na túnica azul simples mas elegante, e tendo os longos cabelos negros penteados em duas trancas caídas sobre o peito, parecia mais uma devota do que uma intelectual. Decididamente, Phillipa não correspondia à imagem que ele fazia de uma pensadora, ainda que aquele fosse seu primeiro encontro com esse tipo de pessoa.
Apenas a pasta para documentos de couro trabalhado, presa ao cinto de Phillipa, era uma indicação de que ela se interessava por assuntos acadêmicos.
— Sim, é ela mesma — confirmou o estudante. — Ela assiste a quase todas as palestras sobre aritmética, geometria, e a todos os debates sobre lógica. Às vezes levanta-se do banco e faz seus apartes. Eu mesmo a vi apresentando seus pontos de vista e discutindo com outros participantes.
— É mesmo? — Hugh esfregou o queixo áspero, coberto pela barba de quase uma semana, intrigado.
Esperava não apenas encontrar uma mulher mais velha, mas também uma sem graça. Talvez até masculinizada, dada sua imersão naquele universo acadêmico, domínio de homens.Além disso, Phillipa desafiava as convenções, optando por levar uma vida independente.
Mesmo em comunidades de mente aberta como Oxford, era incomum encontrar-se uma mulher, filha de um nobre, vivendo só, sem a orientação e a proteção do pai ou do marido.Hugh suspirou, discreto.
Aquela moça, tão pequenina e delicada, conseguira um feito extraordinário.




2- Tramas do Destino


Londres, 1165
Soldado da fortuna

Graeham Fox tem uma missão secreta: resgatar a filha ilegítima de seu lorde, libertando-a do domínio de um marido abusivo.

Como pagamento por seu serviço, ele receberá a mão da irmã gêmea dela em casamento, e uma vasta propriedade, muito mais do que um simples soldado poderia almejar...
Atacado em Londres, Graeham escapa por pouco de ser morto, e tem a oportunidade de se recuperar na humilde moradia de Joanna Chapman, a encantadora viúva de um mercador de sedas.
As experiências do passado ensinaram Joanna a não confiar nos homens, muito menos em um atraente e misterioso como Graeham.
Mas o forte magnetismo dele e seu toque sedutor desencadeiam em Joanna uma paixão avassaladora. Dividido entre a ambição e o desejo, Graeham vê seu futuro por um fio, e somente o amor de Joanna poderá salvá-lo...

Capitulo um

Maio de 1165,
Distrito West Cheap, Londres
Como se diz a um homem que você está ali para levar a mulher dele embora?, Graeham se perguntou ao bater à porta pintada de vermelho da residência de Rolf Le Fever na rua Milk.
Tinha pensado naquilo durante todo o trajeto tempestuoso da travessia do canal da Mancha e nos dois dias de viagem de Dover a Londres.
Ainda assim, não encontrara uma resposta. A tarefa de levar uma mulher para longe do marido era uma questão delicada, uma que demandaria diplomacia... ou força bruta.
Automaticamente levou a mão à adaga presa ao cinto, esperando não ter de colocá-la em uso.Graeham ergueu a mão para segurar a argola de ferro presa à porta e voltar a bater quando ouviu passos se aproximando, acompanhados da voz de um homem.
— Onde diabos você se meteu, sua inútil? Não ouviu baterem?
A porta se abriu com um rangido de dobradiças enferrujadas.
O loiro que a abriu parecia ter sua idade, embora Graeham soubesse que o outro estava perto dos trinta e cinco, dez anos a mais do que ele. Era mais alto que a média, mas não o alcançava.
Pálido, de olhos azuis e estrutura delicada, vestido com uma túnica de seda verde amarrada por um cinto ornado de jóias, Rolf Le Fever estava mais para o retrato de um cortesão, ou o que ele imaginava que um cortesão deveria se parecer, do que de um mercador, por mais próspero que fosse.
Le Fever olhou Graeham de alto a baixo, com a expressão de um homem que contempla um inseto. Era de se esperar; sujo e barbado, com a túnica e as perneiras de couro imundas da viagem e o cabelo solto, Graeham parecia mais um criado que estava ali para limpar o urinol.
— Rolf Le Fever? — Graeham perguntou, embora não houvesse motivos para duvidar quem estava diante dele.
— Comerciantes devem se dirigir para a porta dos fundos. — Le Fever retrocedeu e estava para fechar a porta quando foi impedido pela mão de Graeham.
— Fui enviado por Gui de Beauvais.
A menção do nome do sogro, Le Fever voltou a abrir a porta lentamente.
— Lorde Gui enviou você?