Série Bastion Club
Os senhores do Clube Bastion têm provado a sua coragem enquanto lutam contra os inimigos da Inglaterra, mas nada os preparou para lidar com o mais formidável dos desafios: o sexo oposto.
Deverell, Visconde Paignton, necessita desesperadamente de uma esposa.
Sem se abalar pelo rebanho casamenteiro, ele procura a ajuda de sua tia, que o direciona a uma dama que ela promete ser perfeita para ele.
Despachado para uma festa no campo para olhar a dama, ele descobre que ela não desfila por entre os convidados, mas fica com o nariz enterrado num livro na biblioteca.
Phoebe Malleson está tentada para se distrair com Deverell, mas casar com ele não é parte de seu plano. Movida por um incidente em seu passado, Phoebe tem uma causa secreta para evitar compromisso.
Infelizmente, dizer a Deverell para ir embora não funciona, e ele rapidamente descobre seu segredo. Mas alguém poderoso que é alvo da sua causa de destructição e está na sua mira.
Phoebe deve aceitar a ajuda de Deverell... embora o custo para os dois pode ser encantador e mortal.
Capítulo Um
Londres, finais de abril de 1816
— Querido Deverell, acredito que sei exatamente qual a dama adequada para você. — Audrey Deverell ergueu a cabeça e se jogou para trás no banquinho no qual estava sentada, apertando os olhos enquanto olhava fixamente o lenço que pintava, antes de aplicar-lhe uma leve pincelada. Aparentemente satisfeita, tornou a jogar-se para frente e abaixou as vistas para a paleta que segurava em sua mão.
— O que me surpreende é porque demorou tanto para me perguntar. Jocelyn Hubert Deverell, sétimo visconde de Paignton, conhecido por todos simplesmente como Deverell, observou como Audrey escolhia outro tom para sua obra, uma paisagem que ele supunha ser um grande carvalho.
Estava sentado em uma poltrona macia, junto às amplas janelas através das quais o sol vespertino banhava o estúdio de sua tia. Na última vez que a tinha visitado, poucos meses atrás, aquela sala era destinada a cestaria.
Quando, ao chegar, o tinham acompanhado até ali e descobriu a Audrey sentada em um banquinho alto diante de um lenço, com seu esbelto corpo coberto por uma bata de cor parda e uma boina negra sobre seus cachos cinza, Deverell teve de reprimir um sorriso; pois vê-lo sorrir teria sido algo ofensivo e ela não teria gostado porque sempre levava cada um e todos seus extravagantes passatempos a sério.
Audrey, sua única tia paterna e muito mais jovem que seus três irmãos, dos quais o pai de Deverell era o mais velho, se aproximava dos cinqüenta anos e era uma solteirona convicta, com certa tendência à extravagância. Apesar de tudo, sendo como era, uma Deverell e uma mulher endinheirada, sua excentricidade não lhe causava nenhum problema e era um membro aceito da alta sociedade.
Ainda que suas amigas, mais convencionais e casadas há muito tempo, com freqüência manifestavam certa inveja por sua liberdade. Audrey era muito solicitada, no mínimo para dar um toque de cor e brio às festas dessas matronas.
Sua audaz extravagância atraíra Deverell desde pequeno e se sentia muito mais próximo dela que de qualquer outra de suas tias, três por parte de mãe e duas tias políticas. Por essa razão, nesse momento em que estava claro que necessitava o tipo de apoio que as tias proporcionavam aos cavalheiros como ele, recorreu a ela.
Sem dúvida, não esperava uma resposta tão contundente. A cautela o fez hesitar, mas ao recordar sua situação, perguntou:
— Essa dama...?