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7 de maio de 2018

Um Lugar para Conor

















Capítulo Um

Norte de Luisiana, 1871
Quando Conor Branigan se agachou para passar sob as cordas do quadrilátero e entrou no ringue, os homens de Callersville pensaram que ele era muito bonito para ser um bom boxeador. As mulheres, obviamente, teriam uma opinião totalmente distinta a respeito, mas ali não havia mulheres. Assim que os homens de Callersville deram uma olhada ao magro corpo de Conor e a seu bonito rosto, decidiram que o campeão local seria com certeza o vencedor. 
Conor se deteve no meio do ringue e respondeu às vaias e assovios que foram dirigidos a ele, o intruso, com um gesto insolente como provocação. Logo se dirigiu lentamente até o seu canto no ringue e se dispôs a esperar, enquanto o corretor de apostas tomava nota dos últimos jogadores. 
Os olhos azuis de Conor inspecionaram as filas abarrotadas de gente —era noite de sexta-feira— sem se fixar em nenhum rosto em particular. Depois de vinte cidades e vinte lutas em setenta dias, todas as caras lhe pareciam iguais, brilhantes de suor e anônimas, esperando ansiosamente a luta. Mas a Conor isso não importava. A vida no circuito de boxe estava indo bem. S Conor calculou que Elroy pesava pelo menos vinte quilos a mais que ele, mas sabia por experiência que os maiores eram também os mais lentos. 
Se Elroy tivesse uma constituição parecida sua, Conor teria se preocupado, mas quando Elroy se dirigiu até o seu canto do ringue e o olhou com o cenho franzido, ele se limitou a se apoiar despreocupadamente contra as cordas e lançou ao outro homem um sorriso deliberadamente provocador. Quando os provocava, se enfureciam. 
—Irlandês filho da puta —grunhiu Elroy. Conor lhe sorriu ainda mais amplamente. Os tipos furiosos cometiam erros. O boxe era só um trabalho, uma forma de ganhar a vida. Não era divertido, mas era melhor que limpar pescado em Boston ou limpar excrementos de cavalo das ruas de Nova York doze horas por dia por um mísero salário. Era melhor que estar cravando trilhos sob o asfixiante sol na ferrovia. 
Conor só trabalhava duas noites por semana durante cinco meses do ano, e ficava livre no tempo restante. Não tinha que responder a ninguém, não necessitava de ninguém. Sim, a vida no circuito de boxe era adequada para ele. —Já está se achando o bom, não? A voz de Dan Sweeney, seu agente, o afastou de seus pensamentos e Conor se virou e encolheu os ombros despreocupadamente. 
—Não posso evitá-lo, Danny. Olha o tipo. Talvez não tenha nem sequer que golpeá-lo. Me limitarei a dançar ao seu redor até que fique zonzo. Cairá ao chão. Danny e ele haviam zombado um pouco sobre o estilo de boxear de Conor, mas naquela ocasião, Dan não riu. Ao contrário. Olhou ao redor e logo se inclinou para Conor, apoiando a testa nas cordas que os separavam. —As apostas estão feitas, rapaz. 
—E? Dan passou a mão pela mandíbula. 
—Nenhuma surpresa. Elroy é o grande favorito. Mas todas as apostas nele são pequenas, nenhuma supera um dólar ou dois dólares. —Dan fez uma pausa e logo continuou— Por outro lado, alguns ricaços de Nova Orleans que te viram lutar em Shaugnessey na primavera passada estão aqui. E apostaram muito em você. Quinhentos cada um. —Então logo serão ainda mais ricos.