Delia McQuaid, uma jovem garçonete que vive na pobreza, vê uma saída para sua situação desesperada, quando lê um anúncio no qual um viúvo procura mulher para casar-se.
Delia entra em contato com o titular do anúncio, Tyler Savitch, e se apaixona por ele a primeira vista.
Mas Tyler só representa Nat, um granjeiro do Maine com duas filhas.
Apesar da atração que sentem um pelo outro, Tyler não está ainda disposto a comprometer-se e Delia aceita casar-se com Nat.
Um dia os índios abenaki sequestram várias mulheres brancas, entre elas Delia e Nat é dado como morto. Delia sofre o inexprimível entre os índios, até que Tyler, que tinha sido criado entre eles, chega a sua procura. Um homem que ama uma mulher deve estar disposto lutar por ela.
Comentário revisora Ana Catarina: Devo confessar que a história me cativou, a mocinha é uma adolescente de 17 anos, que por conta da sua extrema pobreza (imagine uma pessoa que não tem sapato e anda descalça), não pode sobreviver com dignidade, e tudo que ela procura ser é digna, sonha em ser uma dama, mas é pobre de marré-marré.
O mocinho é arrogante e não compreende a pobreza da mocinha, não tem paciência com ela e seus maus modos, muitas vezes a ofende gravemente.
Mas é muito linda a historia e posso garantir que o mocinho paga por cada ofensa que fez a mocinha.
Capítulo Um
Boston, colônia da baía de Massachusetts Maio de 1721.
— Volte aqui, Delia, maldita cadela! Não me obrigue a ir te buscar, moça... A porta se abriu de repente, estampando-se contra a parede.
A moça tropeçou na soleira e caiu de bruços. Aterrissou no alpendre de quatro, com um ruído surdo. Tinha as costas encurvadas e o ar passava com dificuldade por sua garganta.
Ao ouvir a portada, dois meninos que brincavam no fundo do beco sem saída levantaram a vista, surpreendidos.
Ao ver a moça, que tinha os olhos muito abertos pelo susto e parte do rosto oculto por mechas de cabelo escuro e desgrenhado, recolheram imediatamente suas moedas e escaparam correndo para os moles.
— Delia! A moça se levantou de um salto ao escutar aquele bramido furioso, ébrio.
Aferrou-se ao corrimão desvencilhado, saltou, deu a volta na casa... e teve que frear de repente.
Porque ante seus olhos, abrindo passo entre as redes de pesca que secavam ao sol
— E obstruindo sua única via de escape, — Encontrava-se a compacta e barriguda silhueta do oficial Dunlop.
O oficial se deteve e lhe deu as costas um momento para observar o trajeto de uma fragata real que cruzava a baía rumo ao cais Long.
Com grande cautela, a moça deu um passo... mas ficou paralisada ao ver que os corpulentos ombros do oficial giravam novamente em direção a ela.
De acima chegou o ruído de um tamborete ao cair, seguido por outro grito ensurdecedor.
— Por todos os demônios! — Uma panela de ferro caiu ao chão e algo se estrelou contra a parede
— Sei que está escondida em um canto, e será melhor que saia em seguida, cadela miserável, se souber o que te convém... Delia!
O oficial levantou a cabeça de repente, como uma raposa que acaba de farejar um coelho.
Afogando um gemido de desespero, a moça caiu de joelhos e escorreu como um escaravelho sob a escada do alpendre. A escada — Feita de madeira que tinha começado a apodrecer fazia tempo e cuja altura não superava os dois degraus — Conduzia a sua vez a uma escada que subia da ruela da vizinhança ribeirinha até a moradia que compartilhava com seu pai sobre uma ruinosa fábrica de tonéis.
Poucas coisas podiam caber ali debaixo: um par de ratos, umas quantas aranhas... e uma jovenzinha de dezessete anos, muito fraca, que tentava escapar de uma surra.
— Delia! Maldita seja, saia de uma vez de seu esconderijo!
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