16 de novembro de 2014

As Loucuras do Rei

Saga dos Plantagenetas

A morte de Eduardo I trouxe de volta a incerteza e a instabilidade à Inglaterra. Ao herdar a Coroa, Eduardo II cuidou para que fosse providenciada a volta de Piers Gaveston, cavaleiro gascão banido do reino por seu pai.

A ligação íntima entre eles e a ascendência cada vez maior de Gaveston sobre o rei acabou despertando a revolta não só dos barões mas também da rainha Isabella, que, humilhada, assumiu as rédeas do movimento que levaria à queda definitiva do monarca. 
No oitavo livro da vitoriosa Saga dos Plantagenetas, Jean Plaidy reconstitui a vida e a trajetória deste homem de caráter duvidoso e extremamente influenciável, cujo governo foi marcado pela turbulência política e por uma série de loucuras que culminariam num dos mais trágicos acontecimentos da história inglesa.

Capítulo Um

Querido Perrot
O Velho Rei estava morrendo. Ali, na pequena aldeia de Burgh-onSands, onde se encontrava num ponto em que podia ver o Solway Firth, do outro lado do qual ficava o país que planejara conquistar, ele chegara ao fim de uma longa vida de realizações e triunfos. Tirara seu país do fosso do desastre ao qual o mau governo de um avô demoníaco e de um pai fraco o levara e tornara a Inglaterra, de novo, um país orgulhoso. Seus ancestrais, cujo principal era aquele grande Guilherme que ficara conhecido como o Conquistador, deviam estar orgulhosos dele.
Mas Deus achara melhor levá-lo antes que sua obra estivesse completa. Ele fizera muita coisa, mas não o suficiente. Sabia que tinha sido inspirado e que iria tornar-se uma lenda. Seus inimigos encolhiam-se diante dele, e sempre que Eduardo entrara numa batalha, aquela aura de invencibilidade entrara com ele.
- Depois que eu morrer-disse ao filho -, mande colocar meus ossos numa rede e levá-los à frente do exército, para que o inimigo saiba que estou lá em espírito.
O jovem Eduardo estava prestando pouca atenção. Havia um só pensamento que ocupava a sua mente.
Perrot!, pensava ele. Meu adorado, meu querido, meu incomparável Perrot, depois que o velho morrer, o primeiro ato de meu reinado será trazer você de volta para mim.
Ele estava vagamente ciente de que o pai continuava balbuciando sobre enviar seu coração à Terra Santa com cem cavaleiros, que deveriam servir por lá durante um ano, e estava se perguntando quando poderia enviar um mensageiro. 
Perrot estaria à espera. Há muito tempo que parecia que o rei estava à beira da morte. Ele vivera, na verdade, 68 anos, um tempo considerado muito longo. Mas Eduardo sempre parecera diferente dos outros homens. Alguns de seus súditos acreditavam que ele era imortal, e parecia que ele mesmo pensava assim... até agora.
O velho era fantástico. Sempre tivera o dom de ler o pensamento dos que o cercavam. Mesmo ali deitado, com a morte ao lado, quando deveria estar pensando em enfrentar o Criador, ele lançou ao filho um olhar astuto e disse:
- Nunca chame Piers Gaveston de volta sem o consentimento da nação.
Fantástico! Sim, como se soubesse que o jovem alto e bonito que estava ao seu lado - ele próprio já fora muito parecido com aquele jovem, mas apenas no que dizia respeito à aparência - não estava pensando no pai moribundo, mas no seu querido amigo Piers Gaveston, o seu Perrot.
- Sim, papai - disse ele, tímido, pois não via justificativa em discutir um assunto que decidira que seria o seu primeiro ato ao adquirir a autoridade. De qualquer modo, o velho não teria como impedir aquilo depois de morto.
Enquanto ficava ao lado do leito de morte, ele sabia que o pai não confiava nele nem no futuro do país e, no entanto, tudo o que o jovem Eduardo podia pensar era: "dentro em breve, meu querido Perrot, você virá para o meu lado".E então o fim ficou muito próximo. O velho rei reclinou-se para trás, murmurando sua fé em Deus - e pouco depois estava morto.
Agora, os homens olhavam para o jovem rei com aquele respeito temeroso que mostravam para com a coroa. Ele era filho legítimo do pai e, portanto, eles deviam jurar-lhe vassalagem.
Eduardo obteve um grande triunfo. Um novo reinado começara. O seu reinado.
"Majestade", diziam eles e ajoelhavam-se diante dele. Beijavam-lhe as mãos, aqueles barões que, em mais de uma ocasião, tinham provado que podiam oferecer ao seu rei uma lealdade que nada tinha de absoluta. Precisava tomar cuidado com eles. Não devia mostrar-lhes, por enquanto, o quanto a vida seria diferente.









Saga dos Plantagenetas
1- Prelúdio de Sangue
2- O Crepúsculo da Águia
3- O Coração do Leão
4- O Príncipe das Trevas
5- A Batalha das Rainhas
6- A Rainha de Provence
7- Eduardo I
8- As Loucuras do Rei
9- O Juramento do Rei
10-Passagem para Pontefract
11-A Estrela de Lancaster
12- Epitáfio para Três Mulheres
13- A Rosa Vermelha de Anjou
14-Sol em Esplendor
Saga Concluída

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