16 de novembro de 2014

A Rosa Vermelha de Anjou

Saga dos Plantagenetas
Capítulo Um

Ventos gelados de março açoitavam os muros do castelo de Keure, e as duas mulheres que estavam sentadas juntas no grande aposento arejado encolhiam-se mais perto do fogo. Ambas estavam atarefadas, costurando.
A mais velha das duas fez uma pausa repentina e ergueu uma pequena peça de roupa.
- Eu nunca pensei - disse ela - que se chegaria a este ponto. Um filho para nascer e aqui estou eu com dificuldades para encontrar roupas dignas dele. Quem teria pensado que um filho do rei de Anjou um dia ficaria num apuro desses?
Sua companheira ergueu do trabalho um rosto notavelmente bonito. A expressão era de uma serenidade rara numa pessoa tão jovem.
- A França toda tem de estar preparada para aceitar essas diferenças, Theophanie - disse ela.
- Para os jovens, está tudo bem - foi a resposta. - Lembre-se de que estive com o rei e a rainha de Anjou durante anos, até vir para cá. Criei as crianças... todas elas.
- Bem, na verdade você não deixou a casa deles.
- Não... não... Aqui estou com o Sr. René e sua pequena família. Que Deus os conserve. Agnès, minha jovem, no momento há coisas terríveis acontecendo na França.Penso muito naquelas pobres almas de Orleans.
- Precisamos ter esperanças e rezar para que o socorro deles chegue em breve.
- Deus parece ter nos abandonado. Você não se lembra, Agnès, mas quando eu era jovem não havia esses problemas. A vida era tranquila. Depois, começou. Primeiro foram os Armagnac contra os Borgonha.
- Ainda é assim - disse Agnès.
- Mas os nossos verdadeiros inimigos são os ingleses. Eles estão arruinando este país. É por causa da guerra... porque eles dizem que estamos derrotados, que tenho de reformar as coisas de D. Yolande para esse novo bebé.
- Poderia haver problemas piores - sugeriu Agnès.
Ela voltou para sua costura, mas Theophanie, ama dos cinco filhos do rei e da rainha de Anjou e agora transferida para a ala infantil do segundo filho do casal, René, para ficar encarregada dos filhos dele, estava com espírito de reminiscências.
- René... ele sempre foi meu favorito - refletiu ela. - Ele foi um belo menino, é um belo homem. Sempre gostou de poesia... do canto dos trovadores. Estava mais interessado nisso do que em todas aquelas manobras elegantes com o cavalo. A mãe, a rainha Yolande, ficava um pouco preocupada com isso.
O pai raramente estava no castelo. "René gosta mais de ler livros do que de derramar sangue", dizia ela. "É admirável, mas os livros não manterão suas propriedades juntas se alguém lançar sobre elas um olhar ganancioso." "Ah, senhora, não se preocupe", dizia eu a ela, "que quando a hora chegar, meu senhor vai saber como agir da forma correta."
- É disso que qualquer um de nós precisa - disse Agnès -, saber a forma correta de agir quando chegar a hora.










Saga dos Plantagenetas
1- Prelúdio de Sangue
2- O Crepúsculo da Águia
3- O Coração do Leão
4- O Príncipe das Trevas
5- A Batalha das Rainhas
6- A Rainha de Provence
7- Eduardo I
8- As Loucuras do Rei
9- O Juramento do Rei
10-Passagem para Pontefract
11-A Estrela de Lancaster
12- Epitáfio para Três Mulheres
13- A Rosa Vermelha de Anjou
14-Sol em Esplendor
Saga Concluída

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!