As mulheres feias abundam no mundo, talvez mais que as formosas.
Com Camile se inicia a saga das feias, uma saga que percorrerá todos os períodos e demonstrará que… as feias também os fazem se apaixonar.
Camile não é bonita e o sabe; mas, apesar das vicissitudes da vida, a aguenta com estoicismo.
Por seu aspecto, não conseguiu muitos pretendentes, mas afinal consegue o que mais deseja, o amor.
Garret se apaixona por Camile, ela é a mulher de sua vida. Mas um contratempo obriga o comandante da Marinha Real a romper seu compromisso.
Camile, com o tempo, sente-se disposta a retomar sua vida. No entanto, as circunstâncias não o permitirão, sobretudo quando volta a se encontrar com seu amor.
Capítulo Um
Londres, 1869
Camile! Não sabe o quanto senti saudades de você… - Deirdre Doyle abraçou-a com força quando ainda não havia posto um pé no hall.
– Deveria ter me deixado acompanhá-la a Surrey. Teria podido ajudá-la em seu desconsolo. Às vezes é tão teimosa – afirmou, sem perder a alegria pelo reencontro com sua melhor amiga.
- Lamento-o, mas não creio que tivesse podido me ajudar.
- Pelo menos teria ficado a seu lado, fazendo companhia.
- Agradeço-lhe, de verdade, mas agora não quero falar disso – fez um gesto com a mão para acompanhar suas palavras.
- Oh, desculpe. Não havia pensado nisso.
- Não tem nada, - sussurrou – agora voltei e isso é o que importa.
- Pode-se saber o que as duas fazem paradas aqui? – Protestou Sharon, a madrasta de Deirdre, com um sorriso em seus lábios. Sua aparição foi recebida com agrado, pois não havia ninguém nessa família que não gostasse dela. – Certamente Camile quererá se refrescar um pouco.
- O que me viria bem – disse – é uma boa xícara de chá – retirou o casaco e o chapéu com fitas vermelhas que até então levava posto e os entregou a um criado. - Passemos ao salão. Deirdre se pendurou em seu braço e não a soltou. - Conte-nos como está – sugeriu-lhe com franca preocupação.
- Não vou enganá-las, sinto-me muito magoada e passará muito tempo antes que me recupere… não sei, talvez não o faça nunca, mas agora o que preciso é não pensar mais nele.
- Lamento, não fazemos mais que perguntar e recordar-lhe tudo. Só quero dizer que estamos aqui para o que precisar.
- E estou muito agradecida por suas palavras.
- Então, não vai querer saber que Garrett… - Deirdre se interrompeu ao ver a expressão de sua madrasta. “- Ups – se disse. – Acabo de me atrapalhar. ”
- Garrett? O que acontece com ele?
- Eh… não, nada – tentou dissimular. - Deirdre… - advertiu-a. Esta fitou Sheron e esperou ansiosa seu consentimento. Não queria esconder nada de sua amiga.
- Não creio que queira saber – assegurou-lhe a mulher.
- É claro que sim – afirmou categórica fitando uma e outra. - Adiante Deirdre, conte-me.
- Eu… - mordeu o lábio inferior – fiquei sabendo por alguns amigos comuns que Garrett está em Londres.
- Quê? – Perguntou desconcertada. – Quê, quando, onde? – Quis saber de imediato.
- Foi há uma semana, na casa dos Mallory.
- Encontrou-se com ele? – Deirdre negou-o. – Então?
- Eles me perguntaram por você, supunham que estaria muito contente por seu regresso. Ao que parece, sua irmã comentou rapidamente que estava de volta.
- Tem certeza? - Isso foi o que disseram. Eu, de minha parte, me fiz de tonta e mudei de assunto, não queria lhes contar que o compromisso estava rompido, porque parece que ele não havia dito nada.
- O grande cretino! – Exclamou de repente. – Deixa-me mediante uma miserável carta e ainda espera que seja eu a que o torne público. Não tem um pingo de vergonha!
- É verdade, não a tem! – Solidarizou-se com sua amiga.
- Garotas, um pouco de calma – se não interviesse, elas sozinhas eram capazes de começar uma guerra, sobretudo se Deirdre incitava; essa garota era um verdadeiro perigo.
- Tem razão – respondeu Camile – não vale a pena dedicarlhe mais um só pensamento.
Apesar disso, Camile teve um instante de reflexão e não pode deixar de evocar o momento exato em que viu Garrett pela primeira vez. Sempre havia aceitado com resignação o fato de ser feia, mais com o passar dos anos, mas sempre teve a pequena esperança de que alguém a valorizasse pelo que era, não por seu aspecto, embora para isso fosse necessário conhecê-la. No momento em que seus olhos se cruzaram, desejou com todas as suas forças ser um pouco mais graciosa, porque embora tampouco fosse desagradável à vista, estava muito distante de ser bela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!