23 de agosto de 2010

O Falcão E A Pomba

Série Guerreiros do Vento

Em 1892 a americana Elizabeth Summers, acompanha seu tio em escavações arqueológicas pelo Egito em busca de uma peça muito especial, o Almah.

Embora Elizabeth trabalhe fazendo pequenas valas nas escavações, o fato de ser mulher, faz com que seu tio a deixe na catalogação das peças.
Como seus antepassados, o Sheik Jabari e seus guerreiros do vento, têm a missão de velar e proteger o Almah dos infiéis, em nome de sua rainha Kiya.
Quando Elizabeth descobre onde está enterrado o prezado tesouro, Jabari a rapta para evitar que os de seu clã a puna por profanar suas terras e a leva para seu harém. Mesmo que pese em todos, entre Elizabeth e Jabari surge uma intensa atração.
A mancha em forma de pomba sobre o corpo da jovem, confirma a Jabari que está ante a reencarnação da rainha Kiya, que, como anunciava a profecia, retornou para entregar seu amor ao chefe dos guardiões e o fazer feliz.

A lenda
As areias de Ajenatón guardam um segredo.
Nas profundidades da escura terra da antiga cidade, se acha um disco de ouro chamado o Almha. Fora construído na décima oitava dinastia egípcia, por ordem de uma das esposas do faraó, com o propósito de venerar ao deus do Sol Atón, e se converteu em um símbolo de poder e destruição.
Quando a rainha Kiya o mostrou a seu marido, o faraó Ajenatón ficou fascinado por sua beleza.
Este o utilizou para atrair o povo aos templos de Atón.
Ajenatón recompensou Kiya, construindo um templo para que pudesse render culto aos deuses com privacidade, seus sacerdotes e os guerreiros do vento Khamsin.
Mas a primeira esposa de Ajenatón, Nefertiti, invejava o poder de Kiya.
Convenceu o faraó, de que ele também era um deus e este utilizou o Almha para que rendesse culto a ele em lugar do deus Atón.
Furiosa pelo sacrilégio de seu marido, Kiya roubou o Almha e o enterrou na areia. Encomendou aos Khamsin a tarefa de guardá-lo num lugar oculto durante toda a eternidade, consciente de que não sobreviveria muito tempo mais, à fúria de seu marido e o ciúmes de Nefertiti.
Aquela noite, Kiya se retirou para seus aposentos com seu amante, o líder dos Khamsin, com a intenção de que seus fortes braços a estreitassem uma vez mais.
Com seus suaves lábios, Kiya silenciou as palavras de Ranefer que assegurava poder proteger-la da ira de Ajenatón.
Ela sentiu em seu beijo uma doce tortura, que recordou a sua própria aflição.
Nefertiti não desperdiçou a oportunidade para eliminar sua rival, e convenceu Ajenatón a executar Kiya pelo roubo.
Enquanto o faraó e seus guardas se aproximavam de seus aposentos, Kiya sussurrou um apaixonado adeus ao ouvido de seu amante.
Observou-o desaparecer na noite, enquanto fazia a promessa de que seu espírito o esperaria ao longo dos anos, para voltar a reunir-se com ela.
O faraó ameaçou-a, tentou engana-la, mas ela permaneceu em silêncio.
Quando o brilho da espada em forma de foice abateu sobre sua cabeça, inclinou-se ante sua folha rezando para que não faltasse coragem ao amante, e entregou sua vida em troca do segredo do Almha.
Os Khamsin se vingaram de Nefertiti assassinando-a, e pulverizando suas cinzas de tal modo, que sua alma não pudesse voltar para a vida depois da morte.
Eles choraram a morte de sua bem amada rainha Kiya, que apesar de saber que nem sequer o ferrão da morte, a poderia separar de seu verdadeiro amor.
A lenda diz que três sinais da pomba branca que tanto Kiya apreciava, anunciaria seu encontro com o Ranefer.
O líder Khamsin a desposaria e a paz e a prosperidade voltariam a reinar na tribo.

Capítulo Um

1892
Os descendentes dos Khamsin guardavam Ajenatón como sempre fizeram, ao lombo de seus cavalos.
Durante gerações, ninguém se atrevera a perturbar a calma da cidade.
Então chegaram os ingleses. Armados com picos afiados, pás e arrogância, e os infiéis surgiram com suas teorias.
Jabari bin Tarik Hassid, Sheik dos guerreiros do vento Khamsin, estremeceu de ira e dor ao contemplar a violação da terra sagrada.
Ante semelhante profanação, uma mistura de sentimentos se revolvia em seu estômago. Com cada golpe do pico, seu coração doía, como se a ponta de aço o tivesse perfurando em lugar das areias sagradas.
Ao lombo das mais formosas éguas árabes, seus guerreiros controlavam suas agitadas montarias.
As diminutas borlas p
rateadas que decoravam a guarnição no peito dos cavalos, repicavam levemente.
Seu segundo comandante fez um gesto e apontou a escavação. Jabari fechou a luneta repentinamente e fez um gesto a seus homens para que não se impacientassem.
-Não. Ainda não. Não se apressem. Esperem um pouco mais.
Respirava lentamente, esperando com isso, acalmar suas emoções. Sua mão segurava com força o cabo de marfim de sua espada.
O Sheik desembainhou sua espada e levou a mão ao coração e logo aos lábios, num ritual Khamsin de honra, antes da batalha.
Jabari sorriu e soltou um grito sonoro e ondulante. Agora. Chegara o momento de atacar.
O fato de percorrer os cinco quilômetros que separavam a aldeia do Haggi Quandil da escavação, ao lombo de um asno, Elizabeth Summers, demonstrava seu amor à arqueologia. Esfregou seu dolorido traseiro e soltou um gemido.
Aquele animal não podia ir um pouco mais rápido?
Soltou as rédeas do asno. Não serve para nada.
Aquele animal era mais obstinado que o tio Nahid.
E cheirava mal. E não prestava.
Seus sentidos já se acostumaram com as assustadoras paisagens, os aromas e os sons do Egito. O forte odor dos corpos sem lavar.
Perfumadas especiarias, o delicioso aroma de cordeiro dourando nos assadores.
As vozes em árabe, o céu assombrosamente rosa ao por do sol e um calor ardente que envolvia seu corpo como se fosse uma manta.
Embora nada se comparasse com o prazer de andar por areias que ocultavam mistérios de milhares de anos de Antigüidade.
Elizabeth fixou seu olhar no deserto e se perguntou! O que a aguardaria naquela escavação?


Série Guerreiros do Vento
1 - O Falcão e a Pomba
2 - O Tigre e a Tumba
3 - A Cobra e a Concubina
4 - A Pantera e a Pirâmide
5 - A Espada e a Bainha
6 - O Escorpião e o Sedutor
7 - A Dama e o Libertino
Série Concluída

Um comentário:

  1. Olá Jenna,

    Achei a série maravilhosa! Não conhecia a Bonnie Vanak e achei sua escrita muito interessante. Ela conseguiu passar uma humanidade extrema aos seus personagens.
    Gostaria de saber se o Keeram tem sua história também.
    Amo o trabalho de vocês! Kisses

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!