5 de outubro de 2014
A Face Secreta do Amor
O marquês de Melverley, considerado pelas beldades da aristocracia um bruxo irresistível, enfeitiçava suas amantes.
Era fato corrente que estas se desesperavam, algumas chegando até mesmo à tentativa de suicídio quando ele as deixava.
Mas lady Emily, uma jovem destemida, ao ver-se forçada, por artifício de sua madrasta, a desposar tão assumido casanova, fugiu de suas garras, abandonou-o às portas da igreja!
Capítulo Um
1818
— Então, gostou do baile de ontem à noite? — indagou a condessa de Harsbourne à enteada.
Lady Emily Borne deixou a leitura do jornal e olhou para a madrasta.
— Oh, sim, foi maravilhoso e divertido como todos os bailes aos quais compareci esta semana.
— Você recebeu de algum dos cavalheiros um pedido de casamento?
— Pedido de casamento?! — repetiu lady Emily, surpresa. — Dancei muitas vezes com um rapaz á quem já havia sido apresentada anteriormente e recebi dele muitos elogios. Mas se ele me propusesse casamento eu o recusaria, pois nunca vi cavalheiro mais sem graça e cansativo.
— Ora, Emily! Você sim, é que está se tomando cada vez mais enjoada e impertinente — a condessa criticou-a em tom cortante. — Para ser franca, acho que está mais do que na hora de você se casar e quanto antes receber um pedido de casamento, melhor.
Os grandes olhos de Emily tomaram-se ainda maiores, tal seu espanto.
— Não sei por que está dizendo uma coisa dessas! Só me casarei por amor. Não tenho a menor intenção de passar o resto da vida ao lado de um homem de quem eu não goste e com quem não tenha interesses em comum.
A condessa franziu as sobrancelhas e não escondeu sua irritação.
— Há já algum tempo eu queria ter uma conversa séria com você, Emily. Parece que você não tem consciência de que é uma mocinha de muita sorte. Você tem, além da beleza, um pai rico e importante que faz tudo para agradá-la. Mas seu comportamento é o de uma filha ingrata que não dá valor ao que recebe. — A condessa fez uma pausa e acrescentou pouco depois em tom dogmático: — Toda debutante exultaria se estivesse em seu lugar. Seu pai já ofereceu dois bailes de gala para você e em consequência disso você tem recebido convites para festas e bailes de todas as famílias mais importantes da alta sociedade. Não pense minha querida, que sua vida continuará a ser um sonho permanente.
— E por que não? — objetou a enteada. — O que não acho certo é fazer um casamento precipitado.
Ao dar essa resposta lady Emily estava pensando em duas colegas de colégio, pouco mais velha do que ela, que se haviam casado no ano anterior, logo depois de debutarem e viviam muito infelizes.
Ao terminar o curso no colégio de aprimoramento social para jovens lady, Emily fizera o firme propósito de não se casar senão por amor.
Agora, ao ouvir a madrasta falar-lhe daquela forma, sentia-se não só exasperada, como receosa. Com cautela, perguntou:
— Está tocando neste assunto por que a senhora e papai têm pressa de se ver livres de mim?
— De forma alguma — volveu a condessa. — Como sua madrasta sou responsável por você e preocupo-me com o seu futuro. Uma jovem da sua posição social deve encontrar um marido importante, à sua altura. E a idade ideal para o casamento é logo depois dos dezoito anos, ou seja, sua idade atual.
— Tenho certeza de que se mamãe vivesse não concordaria com o que a senhora está dizendo — argumentou lady Emily com calmamente.
— E claro que concordaria — contradisse a madrasta, categórica.
— Estive conversando com seu pai sobre o assunto e ele também é da opinião que as mocinhas devem se casar cedo, principalmente quando desejam fazer um bom casamento, com aprovação das duas famílias.
— E se eu quiser me casar com um rapaz que papai e a senhora desaprovem, o que acontecerá? — indagou lady Emily de modo provocativo.
— Isso provavelmente não acontecerá, mas se acontecer, seu pai saberá cuidar desse problema.
Lady Emily suspirou.
Desde a morte da mãe vivia extremamente infeliz e quando o pai se casou pela segunda vez, conseguia, munindo-se de boa vontade, viver bem com a madrasta.
Ambas tinham temperamento completamente diverso e naquele instante lady Emily constatou que se abria entre elas uma distância cada vez maior.
A falecida condessa de Harsbourne era uma mulher meiga que procurava sempre descobrir o que de melhor havia nas pessoas. Para ela o mundo era um lugar encantado, quase como um reino de contos de fadas, semelhante àqueles das histórias que ela costumava ler ou contar para a filha.
Desde criança Emily se acostumara a ter a mente povoada de sonhos e fantasias. Dos contos de fadas passara a conhecer as histórias dos Cavaleiros da Távola Redonda, as poesias trovadorescas e por fim as peças de Shakespeare.
Um ano após a morte da esposa o conde de Harsbourne, não suportando a solidão, casou-se novamente com uma linda viúva, lady Martha Harvey. Todos se impressionaram com a beleza da nova condessa e com Emily não foi diferente. Todavia, ela não tardou a constatar que sua boa nanny estava certa ao dizer na ocasião que aquela beleza era “superficial e enganadora”.
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Oi, Gosto muito do site e já li dezenas de livros daqui. Por isso acho que talvez uma se vocês possa me ajudar. Estou procurando um livro que já li a um tempo, mas não lembro o título nem a autora. Mas lembro de uma passagem em que a mocinha é muito ingênua, mesmo depois de casada e quando vê um cavalo cobrindo uma égua fica apavorada achando que ele está atacando ela. Será que podem me ajudar?
ResponderExcluirseria talvez a cancao de Annie. Tem uma cena assim. abs
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