8 de março de 2024

O Casamento de Seis Meses

A menos que Philip, Lord Pemberton, conseguisse arranjar um casamento de seis meses, perderia sua herança. 

Mas como ele poderia encontrar uma jovem respeitável para concordar com tal esquema? Madeline Delaware estava desesperada para escapar de seu tio dissoluto e a oferta de Philip a salvou do destino que seu tio tinha reservado para ela. Mas o casamento de seis meses acabou longe do interlúdio pacífico que Madeline havia imaginado. E embora fosse simplesmente um arranjo conveniente, ela achava cada vez mais difícil pensar em seu fim...

Capítulo Um

— Pronto... pronto... — Madeline Delaware acalmou sua empregada chorosa. — Está tudo bem, Jenny, realmente está. — Seus olhos assombrados desmentiam suas palavras, mas ela fez o que pôde para confortar a jovem. — Venha. Melhor acabar logo com isso.
— No que ele pode estar pensando? — soluçou Jenny enquanto aplicava um toque de carmim nos lábios de Madeline.
— Não sei —, disse Madeline. Ela estava sentada à penteadeira em um quarto grande e sombrio, nos fundos de uma casa decadente em Grosvenor Square. Lá fora, a última luz de um dia de verão no ano de 1813 permaneceu, mas por dentro estava fraca. Tinta dourada escura cobria as paredes e pesadas cortinas de brocado cobriam as janelas. Tudo na sala era opressivo e, quando Madeline se olhou no espelho, estava à beira das lágrimas. Seu rosto estava pintado com pó e ruge, e por dois alfinetes ela o teria lavado, mas se o fizesse, seu tutor a faria sofrer por isso; bem como, provavelmente, dispensaria Jenny.  Seus olhos caíram para seu vestido vermelho. Seu corpete era muito baixo. Ela fez o que pôde para puxá-lo mais alto e tentou puxar as mangas transparentes de volta para o ombro, mas elas foram projetadas para cair. Ela implorou a seu tutor, seu tio Gareth, que lhe permitisse usar um de seus vestidos mais adequados, mas ele se recusou a ouvir.
— Ah, senhorita, precisa se afastar dele — fungou Jenny. — Antes que algo realmente terrível aconteça.
— Eu sei — disse Madeline. —, mas em todos os lugares que vou sou observada. Não importa onde eu esteja... na sala de estar, na sala de música, na biblioteca... a Srta. Handley está sempre lá.
— Ela se diz sua acompanhante — disse Jenny, mordendo o lábio. — Ela parece mais sua carcereira!
Madeline assentiu. — E se por algum motivo ela não pode estar comigo, há sempre outra pessoa: uma empregada fingindo tirar o pó do piano, um lacaio com uma mensagem, ou a governanta fingindo pedir meu conselho sobre o que servir para o jantar.
— Quando você vai cavalgar... — Jenny lembrou.
Madeline balançou a cabeça. — Quando saio a cavalo é pior. Assim como a senhorita Handley, estou sempre acompanhada por um lacaio e um cavalariço. Gareth está determinado a que eu não escape.
Não importa o quanto ela lutasse contra isso, um sentimento de desesperança estava gradualmente tomando conta dela. Sete meses de tutela de Gareth Delaware a esgotaram, deixando-a ansiosa e com medo. Ela foi confinada a cada passo, feita prisioneira e negado qualquer contato com qualquer pessoa que pudesse ajudá-la. A conduta de Gareth até agora se limitara a criticá-la, e restringir seus movimentos para que ela não tivesse chance de pedir ajuda a ninguém fora da Delaware House. Mas olhando para o vestido que ela foi forçada a usar, temeu que as coisas estivessem prestes a piorar. Agora que seu vigésimo primeiro aniversário se aproximava rapidamente, Gareth decidiu arranjar um casamento para ela. E o casamento que ele havia planejado a enchia de pavor.
— Não entendo você, Gareth — disse ela meia hora depois, enquanto a carruagem de Delaware seguia chacoalhando pelas ruas em direção a Drury Lane. Era um passeio raro para Madeline, e ela se perguntou por que seu tio decidiu levá-la ao teatro. — Seremos cortados por todos os nossos conhecidos se me virem assim. Deixe-me ir para casa e colocar algo mais adequado. O cetim branco é a coisa certa para esta noite. Você me disse há menos de três meses que era o tipo de vestido que uma jovem deveria usar. Gareth Delaware olhou de soslaio para ela enquanto se recostava no encosto surrado. Madeline estremeceu. Ela não sabia como agir, Gareth sempre conseguia parecer dissoluto, mesmo que suas roupas estivessem limpas e suas calças e fraque estivessem na moda.
— Você é uma mulher. Você não está aqui para me entender, você está aqui para calar a boca e fazer o que te mandam. O cetim branco não é bom esta noite. Eu preciso muito que você atraia um dos meus credores. Preciso que ele aceite você no lugar da minha dívida.
Madeline estremeceu novamente.
— Não teremos nenhum desses modos miseráveis esta noite — disse ele, com a voz afiada. — Você vai me tirar de uma enrascada, ou será pior para você.
— Você certamente não pode esperar que um homem de qualidade se interesse por uma mulher assim!


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