Sylvia Dowder quase tinha chegado ao altar quando seu noivo inesperadamente se tornou um visconde e a largou como um biscoito velho para fazer um casamento mais “adequado”. Embora o coração de Sylvia tenha sido esmagado, seu espírito não foi. Ela usa sua inteligência e habilidade social para tornar-se colunista de fofocas anônima e planejadora de festas da Sociedade Doméstica de Everton para a alta sociedade. Felizmente, ela não corre o risco de se apaixonar por um aristocrata novamente… Principalmente por alguém como Anthony Braighton, conde de Grafton. Criado na América, Anthony não vê razão para se casar quando pode desfrutar de todas as vantagens de ser um conde elegível. Determinado a convencer sua família de que não precisa de uma esposa, ele contrata Sylvia para atuar como anfitriã e decoradora das próximas festas. Mesmo assim, Sylvia é tão adepta de cativar o interesse dele quanto de embelezar sua casa. E apesar da aversão dessa senhora de Everton por homens nobres, algumas atrações não podem ser negadas, e o amor raramente vai aonde é dito.
Capítulo Um
Atrasada novamente, Sylvia Dowder desceu correndo as escadas da Sociedade Doméstica Everton como se suas saias estivessem em chamas. Era impossível ler suas páginas manuscritas enquanto se movia em tal ritmo, mas ela precisava enviar seu artigo para o editor do Weekly Whisper antes do final do dia. Ela havia se atrasado no mês passado e quase perdera sua postagem no jornal. Na parte inferior da escada, notou que não tinha assinado o artigo.
Com a pena na mão, pingando tinta na saia marrom, encostou-se ao corrimão e rabiscou Mable Tattler na parte inferior. Ela pediria a Gray que um lacaio o levasse à Praça do Mercado Livre. Saltar o último degrau a levou de encontro a uma parede que a derrubou no chão. Atordoada, ela ficou imóvel com seus papéis espalhados ao seu redor e com a luz proveniente das janelas de esquadrias bloqueada pelo que quer que a tivesse derrubado. Uma mão masculina sem luva estendeu-se em sua direção.
— Lamento muito, senhorita. Foi totalmente minha culpa. Você está machucada? — Seu sotaque era estranho, talvez americano. Sem luvas, ela hesitou em tocá-lo, mas não havia como evitar. Ela não podia ficar de costas como uma tartaruga. O calor de sua pele percorreu seu braço e suas bochechas aqueceram-se. Os dedos dele eram fortes e ásperos. Aquela não era a mão de um cavalheiro. Ela levantou-se, enquanto ele a colocava de pé.
— Nem um pouco — disse ela. — Eu estava distraída. Ele elevou-se sobre ela. Em sua altura total de pouco mais de um metro e meio, ela esticou o pescoço e ficou congelada pelo mais impressionante par de olhos dourados, pele morena e lábios carnudos. Ela piscou para focar no todo ao invés das partes.
— Anthony Braighton? Ele curvou-se sobre a mão dela, que ainda segurava firmemente na sua.
— Lady Serena ou Sylvia? Receio não saber. A menção do nome de sua irmã gêmea trouxe a realidade de volta para Sylvia. Ela puxou a mão para trás e fez uma reverência.
— Um erro comum, senhor. Eu sou Sylvia Dowder. Minha irmã ainda mora em casa.
Inclinando a cabeça, ele ficou boquiaberto.
— E agora está morando aqui em Everton House, Srta. Dowder?
— Eu entrei para a Sociedade. — Apesar de ele parecer apenas curioso, isso a irritou mesmo assim, e ela forçou-se a não defender suas decisões. Anthony Braighton era apenas um cavalheiro rico da América. Sua opinião não significava nada.
— Por causa de Lorde March? — O problema com os americanos é que eles diziam exatamente o que pensavam, em vez de manterem uma conversa educada. Sylvia mordeu o interior da bochecha. A última coisa que ela queria era contar o fim de seu noivado com Hunter Gautier, o atual visconde de March. Tinha estado muito perto do altar antes do desastre acontecer. Não. Ela não iria pensar mais nisso.
— Minhas razões não são da sua conta, Sr. Braighton. Se você me dá licença, preciso ver o mordomo. Seus olhos arregalaram-se.
— Fui rude, Srta. Dowder?
3- A Virtude de uma Dama