O maior risco, pela melhor recompensa…
A traição de sua noiva quase custou tudo a Jacques Laurent. Apesar de sua decisão de não confiar em ninguém novamente, ele não pode abandonar a jovem que encontra sozinha a caminho de Londres. Nas breves horas que passam juntos, a enigmática Diana toca seu coração de uma maneira que ele não consegue explicar. Mesmo depois de trazê-la para a Sociedade Doméstica de Everton para protegê-la, ele não consegue tirá-la de seus pensamentos. E quando ele a encontra em seguida, trabalhando como assistente de um renomado cientista, ele fica ainda mais intrigado… A gentileza da Sociedade é especialmente bem-vinda depois de tudo que Diana sofreu em uma prisão francesa, mas ela teme pela segurança daqueles que se aproximam dela. Espiões franceses estão em seu encalço, convencidos de que seu conhecimento científico pode ajudá-los a vencer a guerra. Enquanto o perigo os aproxima irrevogavelmente, Diana e Jacques sucumbem ao desejo mútuo. Mas o amor pode ser a busca mais perigosa de todas, quando uma senhora guarda seu coração com ainda mais cuidado do que guarda sua vida…
Capítulo Um
Estradas enlameadas, uma carruagem que precisava de novas molas, uma garoa implacável e ainda assim Jacques Laurent tinha desfrutado de um dos melhores dias que tivera em muito tempo. Ver seus pais a salvo na Inglaterra, depois de se preocupar com seu destino na França todos esses anos, era um alívio além da medida. Se não fosse por uma importante reunião em Londres na manhã seguinte, ele teria ficado mais alguns dias no campo.
Agora que também precisava se preocupar com o bem-estar deles, não poderia perder a oportunidade de aumentar suas contas. Sua pequena carruagem coberta pouco fazia para protegê-lo da garoa, e menos ainda quando esta se transformou em uma leve neve. Nunca se podia prever novembro. Ele puxou a gola do casaco com mais força. Algo grande e cinza disparou pelas árvores ao lado da estrada. Puxando as rédeas, Jacques apertou os olhos para ver a floresta densa.
— Eu vi você, então se tem planos de me atacar, pode se mostrar.Estou bem armado e nem um pouco preocupado em despachar um vilão esta noite, embora isso possa arruinar um dia perfeitamente bom. As folhas farfalharam e alguém pigarreou. A curiosidade de Jacques foi aguçada. Ele nunca encontrara uma salteadora de estrada. Elas eram chamadas de salteadoras? Ele pensaria nisso, mas mais tarde. O cano da arma dela saiu das sombras no crepúsculo da noite. Um cabelo da cor do café mais rico caiu sobre seus ombros, quando sua capa ficou presa em um galho baixo.
— Eu também não tenho medo de atirar. Você é um espião? Sua pergunta não era incomum. Seu sotaque francês provocara a ideia mais de uma vez. Eram os tempos, e nada poderia ser feito a respeito até que a agitação passasse.
— Certamente que não. Os espiões não se vestem bem e mantêm horários terríveis. A questão é: por que uma senhora como você viajaria sozinha à noite e a pé? Mais importante e mais interessante, por que você se preocupa com espiões em vez de salteadores e assassinos?
Ela ergueu o cano da espingarda e olhou para ele através dos fios de cabelo. ]
Ela ergueu o cano da espingarda e olhou para ele através dos fios de cabelo. ]
— Não estou em posição de responder a nenhuma dessas perguntas.
Você deve ir embora. — Ela apontou a estrada abaixo com a arma, enquanto mantinha a bochecha contra a coronha e o dedo no gatilho. Com o peito apertado, ele suspirou.
— Receio não poder deixá-la aqui, senhora.
— Por que diabos não? — Seu nariz franziu-se da maneira mais adorável. Desejando poder discernir a cor dos olhos dela, ele semicerrou os próprios olhos para tentar decifrá-los. Azuis, talvez, mas a luz estava fraca por causa da hora tardia e da neve persistente.
— Eu sou um cavalheiro.
— E isso significa que você não pode deixar uma estranha sozinha? — Uma pitada de diversão filtrou-se em sua voz. Havia algo convincente no tom baixo e rouco.
— Você estava entrando ou saindo da cidade? Ela bufou.
— Eu não estou fugindo. — Suspeito que seja mentira, mas não é da minha conta.
— Isso é verdade. — Ela pressionou a coronha da arma com mais força na dobra do ombro. Rindo, ele disse: — Se você estiver disposta a parar de apontar a ponta perigosa dessa arma para mim, eu ficaria feliz em levá-la a Londres e deixá-la onde você quiser. Ela abaixou a arma, sua bravata vacilando. Com os olhos baixos, ela franziu os lábios.
— Vou bater na sua cabeça com isso se parecer que você vai me atacar.
— Anotado. — Ele pegou as duas rédeas com uma das mãos e ofereceu�lhe a outra para subir. Assim que ela se sentou, ele deu ordem a Midas e o cavalo continuou trotando.
— Pode me deixar no Parlamento ou em Piccadilly, o que for mais conveniente para você.
— Com a arma no colo e sem bagagem, agora sua bravata falhava, e ela poderia ser encarada como um cachorrinho perdido, em vez da mulher ousada de um momento antes. O fato de que uma mulher com educação, pelo som de sua voz, tivesse vindo para ficar sozinha na estrada fora de Londres por várias horas, com nada além de uma espingarda, tocou algo dentro de Jacques. Ele tinha uma suspeita.
— Se você não tiver onde ficar esta noite, posso oferecer-lhe minha casa na cidade ou talvez levá-la à casa de uma de minhas amigas casadas. O duque e a duquesa de Middleton ficarão felizes em cuidar de você por esta noite. Com os ombros para trás, ela olhou para frente.
— Isso é muito gentil, mas desnecessário. Eu ficarei bem. A neve caiu mais forte.
— Tenho certeza de que isso é verdade. Qual é o seu nome? O silêncio estendeu-se até que ele teve certeza de que ela se recusaria a responder. Então, com sua voz quase um sussurro no vento, ela disse: — Diana. Por que o nome dela o fazia sorrir, ele não tinha ideia. — No entanto, não há lua.
— Perdão?
4- Uma Dama com Passado
Série concluída