As regras do casamento... de acordo com a Srta. Annabel Essex...
Um marido deve ser: Rico. Muito rico. Ela já estava farta de telhados vazando e roupas desfiadas. Inglês. Londres é o centro do mundo civilizado, e Annabel tem paixão por seda e água quente. Amável. Boa aparência seria bom, mas não necessário. O mesmo para inteligente. Ela não tinha sorte? Ela encontrou o homem certo! Mas seu marido dos sonhos não é nada como o empobrecido Conde Escocês de Ardmore, que não tem nada além de seus lindos olhos, seu cérebro - e seus beijos - para recomendá-lo. Então, que cruel reviravolta do destino a colocou em uma carruagem a caminho da Escócia com aquele conde empobrecido e todo mundo pensando que eles são marido e mulher? Dormindo na mesma cama? Sem mencionar o jogo de palavras iniciado pelo conde - no qual o prêmio é um beijo. E a perda... Bem, ela não sabia o que fazer. Afinal, eles estão quase casados!
Capítulo Um
Londres Abril de 1817.
No dia em que o escocês chegou ao baile de lady Feddrington, a irmã de Annabel decidiu dar-lhe a sua virtude, e Annabel decidiu não lhe dar a mão em casamento. Em nenhum dos casos, o escocês indicou um interesse particular em empreender atividades tão íntimas com as irmãs Essex, mas sua participação foi tomada como garantida. E, naturalmente, ambas as decisões ocorreram na sala de descanso feminino, que em um baile, é onde tudo que tem importância acontece.
Aconteceu após o meio do baile, quando a excitação inicial se esgotou e as mulheres têm uma sensação desconfortável de que seus narizes estão brilhantes e suas faces pálidas. Annabel espiou o aposento e encontrou-o vazio. Então sentou-se diante da grande penteadeira espelhada e começou a tentar prender seus cachos indisciplinados para que ficassem acima dos ombros pelo resto da noite. A sua irmã, Imogen, Lady Maitland, sentou-se ao seu lado.
— Este baile nada mais é do que um terreno fértil para parasitas — disse Imogen, franzindo o cenho para seu reflexo. —Lorde Beekman por duas vezes me pediu para dançar com ele. Como se eu fosse sequer contemplar dançar com aquele sapo gordo. Ele deveria olhar mais baixo... Talvez na copa. Ela parecia magnífica, alguns cachos pretos cintilantes caindo sobre os ombros, e o restante empilhando-se em sua cabeça. Seus olhos brilhavam com o desprazer de receber muita atenção. Em tudo, ela parecia ter a ira da magnífica Helena de Tróia, roubada pelos gregos e tirada de sua terra natal. Deve ser muito chato, pensou Annabel, não ter para onde direcionar toda essa emoção, exceto para cavalheiros incautos que não fazem nada mais desprezível do que pedir uma dança.
— Há sempre a chance de que ninguém disse aos pobres sapos que Lady Maitland é uma pessoa tão grandiosa. — Ela disse isso suavemente, já que o luto transformou Imogen em uma pessoa que nenhuma delas conhecia muito bem. Imogen lançou-lhe um olhar impaciente, contorcendo um dos cachos sobre o ombro, de modo que este se aninhou sedutoramente em seu peito. — Não seja tola, Annabel. Beckman está interessado em minha fortuna e nada mais. Annabel levantou uma sobrancelha na direção do corpete praticamente inexistente de Imogen.
— Nada mais? O esboço de um sorriso tocou os lábios de Imogen, um dos poucos que Annabel tinha visto nos últimos meses. Imogen tinha perdido seu marido no outono anterior, e depois de seus primeiros seis meses de luto, ela havia se juntado a Annabel em Londres para a temporada. Atualmente ela divertia-se chocando matronas respeitáveis da sociedade ostentando um guarda-roupa cheio de roupas de luto cortadas em estilos ousados que deixavam pouco de sua figura para a imaginação. —Você tem que esperar atenção. — apontou Annabel. —Afinal, você se vestiu para isso. —E lá deixou um pequeno sarcasmo rastejar em seu tom.
—Você acha que eu deveria comprar outro destes vestidos? — Imogen perguntou, olhando para o espelho. Ela moveu sedutoramente seus ombros e o corpete ficou ainda mais baixo em seu peito. Ela estava vestida de seda preta, um tecido perfeitamente respeitável para uma viúva. Mas a modista havia economizado no tecido, pois o corpete não passava de alguns pedaços de pano, caindo em uma silhueta estreita que se agarrava a cada curva. A peça de resistência era uma guarnição de pequenas penas brancas ao redor do corpete.