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5 de outubro de 2023

Camélias para um Canalha

Série Flores e Canalhas

Você já ouviu falar de infortúnios de sorte? 

Bem, acredite ou não, eles existem. A senhorita Natalie McAdam e lorde Raphael Becket podem atestar isso: esta é a história deles, que começou há muito tempo, quando seus caminhos se cruzaram na infância. Mas, como a única coisa constante na vida é a mudança, o que era uma bela amizade tornou-se uma inimizade confessa. Ela, uma simples camponesa, solteirona, com ares de independência. Ele, um verdadeiro canalha, futuro herdeiro, um libertino com título e honras. Casar-se com ele? Nunca. Os canalhas não amam. Casar-se com ela? Pelo céu, não! Com aquela garota insípida? Nunca. Que pena, a fortuna tem outros planos. Pode ser um acerto ou outro horrível teste do destino... eles terão que descobrir. Fingiram não se amar, não precisar um do outro, porém... lá estavam eles, brincando de esconde-esconde.

Capítulo Um

Inglaterra, 1869.
O gemido feminino abafado ecoou em todas as paredes da mansão Whelan. Lady Magnolia era incapaz de conter o prazer, ainda mais quando não era obtido por seu marido.
— Aos céus e à Rainha Vitória! — Exclamou enquanto rolava no colchão. Estavam completamente nus. Gemeu novamente, com a intenção de perpetuar a sensação de seu orgasmo recente.
— Oh não, milady, o crédito é todo meu, não se esqueça disso.
Quanto à figura máxima da monarquia, não se opôs, o sangue nobre corria-lhe nas veias, embora não honrasse tal privilégio; quanto à força superior que governava os céus, não permitiria que ela fosse aumentada em nome de suas proezas masculinas. Tal habilidade se devia à prática inesgotável e à busca incansável da satisfação sexual. Lorde Raphael Becket estava determinado a fazer do jogo íntimo uma arte, apenas para cuspir a conquista nos rostos daqueles que o consideravam o exemplo a não ser imitado. Hipócritas! O que fazia em plena luz do dia — e de madrugada também — os outros faziam sob o abrigo secreto da noite. Preferiria orgulhosamente usar o título de maior libertino de Londres do que ser um maldito esnobe em eterna insatisfação.
Pegou um travesseiro, apoiou-o contra a borda de madeira do estribo; se deitou na extremidade oposta do colchão. Olhou para o rosto corado e saciado da mulher que dividia o leito conjugal com ele. Amava aquelas mulheres que denegriram livremente o sagrado mandato de obediência e fidelidade, elas eram o tipo de mulher que acorda sua masculinidade imediatamente.
— Whisky? — Ela perguntou depois de sua última exalação de alegria.
— Eu tenho que responder a essa pergunta absurda?
A combinação usual na vida de Lorde Becket: sexo e álcool. Quem se orgulhava de conhecê-lo sabia disso.
— Bem, sim… — Lady Magnolia esticou a perna direita para ele e com os dedos dos pés acariciou seu queixo, — Não tenho notícias suas há tanto tempo que temo que você mudou seus hábitos.
— Isso nunca! — Ele riu. Com um movimento ágil de sua boca, capturou seu dedo do pé, lambeu, agarrou seu tornozelo com uma mão e continuou o jogo sensual.
Ela mordeu os lábios, vítima do novo desejo que começou a invadir seu corpo. Os olhos de Raphael nunca deixaram os dela com óbvia provocação. O muito infeliz possuía aquela qualidade única, com seu olhar único, frio, profundo e sensual, despertava os demônios cativos nos corpos das fêmeas. Seja abençoado! Muitas mulheres em Londres estavam esperando para serem exorcizadas por este homem. — Os últimos rumores que chegaram aos meus ouvidos…
— Lady Magnolia capturou a garrafa de uísque que estava em sua mesa de cabeceira. Bebeu direto da garrafa, depois entregou a Raphael – o colocaram em Mônaco.— Tais rumores são corretos, mas antiquados — Deixou o jogo erótico para saborear um gole da bebida—, Mônaco despertou o pior em mim, me deixou entediado.
— Pobre milorde, a vida de folia o aborreceu! — Pegou o whisky, era sua vez de beber.
— Não, a vida de festa não... a companhia — ele murmurou para si mesmo.
A verdade era que seu coração estava partido. Sim, quebrado. Homens de sua laia, patifes, canalhas confessos, apenas davam uma pitada de sentimentos a seus cúmplices em aventuras. Havia um estranho código de fraternidade que, quando quebrado, deixava lacunas irreparáveis. No caso de Lorde Raphael Becket, seu capanga desonesto abandonou a frente de batalha em nome do amor. Ah! Que estupidez!
— Você não encontrou um substituto para o honorável Sr. Tremblay, encontrou? — A mulher zombou. Raphael capturou seu dedo do pé em sua boca novamente, mas em vez de lambê-lo, o mordeu. — Malvado!




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02- Camélias para um Canalha