Como filha de um visconde, a vivaz Coralee Whitmore está perfeitamente situada para escrever a respeito da elite de Londres na descarada gazeta para damas Coração a Coração.
Mas sob sua elegante fachada pulsa um coração de uma verdadeira jornalista.
De modo que quando a morte de sua irmã fica descartada como um suicídio, Corrie jura descobrir a verdade, suspeitando que o célebre conde de Tremaine fosse o amante de Laurel e o pai de seu filho ilegítimo.
Corrie se infiltra no castelo Tremaine fingindo ser uma ingênua parente cuja encantadora figura, e precárias circunstâncias, a faz irresistível para o exímio vagabundo. Mas Corrie descobre que o conde não é o que parece... nem ela é imune a seus encantos, apesar do muito que despreze seu comportamento libertino.
Longe da coluna de sociedade, a vida de Corrie se parece mais a uma novela de Dickens. Mas o perigo de seu ardil dificilmente é fictício: alguém está empenhado em assegurar-se que as perguntas de Corrie fiquem sem resposta... e sem ser formuladas.
Capítulo Um
Londres, Inglaterra. Janeiro 1844
Uma garoa gelada caía sobre o cemitério da igreja. As tumbas se achavam em penumbra e as lápides resultavam ilegíveis entre as sombras dos altos muros de pedra da igreja de St. Michael. Embelezada com um pesado vestido de crepe negro e a cara oculta sob o véu de um chapéu negro de asa larga, Coralee Whitmore permanecia erguida junto a seus pais, os viscondes de Selkirk, escutando as monótonas palavras do bispo, mas sem as ouvir em realidade.
No ataúde, ao lado de um montículo de terra úmida, jazia frio e rígido o corpo de sua irmã, recuperado fazia tão somente uns dias das geladas águas do rio Avon; segundo as autoridades, vítima de um suicídio. Laurel, haviam dito, lançou-se ao rio para escapar da vergonha.
—Está tremendo. - Um gelado vento agitou o cabelo acobreado do visconde, do mesmo tomígneo que o de Coralee. Era um homem de estatura média, cuja compleição robusta o fazia parecer mais alto.
—O bispo terminou. É hora de voltar para casa.
Corrie cravou o olhar no ataúde, baixou à rosa branca de talo longo que levava na mão coberta com uma luva negra. As lágrimas nublaram a vista quando se moveu para diante, sentia as pernas rígidas e intumescidas por baixo da pesada saia negra, e a fria brisa de fevereiro agitava o véu do seu chapéu.
Depositou a rosa sobre o ataúde de palisandro
—Não acredito - murmurou à irmã que jamais voltaria a ver. - De jeito nenhum. - Corrie tragou o doloroso nó que tinha na garganta. - Adeus, querida irmãzinha. Vou sentir saudades. - Virando-se, caminhou para seus pais: o pai que ambas compartilhavam e a que era só mãe de Corrie. A mãe de Laurel morrera no parto dela. O visconde voltou a se casar, e Corrie nascera pouco tempo depois. As duas garotas eram meio-irmãs, cresceram juntas e tiveram uma relação muito estreita, ao menos até os últimos anos. Logo, o trabalho de Corrie como editora da coluna de Madeira de algumas árvores tropicais de cor vermelho escura sociedade em de Coração a Coração, uma gazeta para damas londrinas, começou a absorver, cada vez mais, parte de seu tempo. Laurel, que sempre preferira a vida tranquila no campo, vivera com sua tia Agnes no Selkirk Hall, a fazenda familiar no Wiltshire. As duas garotas seguiam em contato por correspondência, mas inclusive no último ano esta escasseara.
"Oxalá pudesse voltar atrás no tempo - pensou Corrie enquanto o nó da garganta se fazia cada vez maior e doloroso. - Oxalá estivesse ali quando necessitou de mim."
Mas esteve muito ocupada com sua vida, muito ocupada assistindo a bailes e veladas2 para
escrever sobre eles em sua coluna. Esteve muito atenta as suas coisas para dar-se conta de que Laurel
tinha problemas. E agora sua irmã estava morta.
—Está bem, Coralee?
Trilogia Coração
1 - Coração Leal
2 - Coração Ardente
3 - Coração Audaz
Trilogia Concluída