Série Sociedade Literária das Damas de Londres
Em Mayfair estalaria um escândalo se descobrissem que a Sociedade Literária de Damas Londrinas decidiu trocar os livros de Jane Austen - muito aborrecidos para seu gosto - por algo mais provocador... algo como Frankenstain.
Depois de um debate em uma reunião campestre, Sarah Moorehouse e suas amigas decidem criar o Homem Perfeito - em sentido figurado, é óbvio. A cada uma delas foi atribuída uma tarefa, e a Sarah corresponde "tomar emprestada" a camisa do anfitrião, o arrumado Matthew Davenport, marquês de Langston. Mas, quando uma noite descobre o marquês no jardim com uma pá, sua imaginação viaja e os mal-entendidos acontecem um após o outro. Movida pela curiosidade, a aventureira moça penetra em seu quarto... e é encontrada com as mãos na massa por este muito bonito aristocrata totalmente nu. De repente, Sarah e Matthew se vêem envoltos em uma luta para descobrir os segredos um do outro.
Capítulo Um
Um calafrio de inquietação desceu pelas costas de Matthew Davenport, que deixou de cavar para jogar uma olhada ao cemitério em penumbra. Com todos os sentidos alerta, aguçou o ouvido para ouvir unicamente o chiado dos grilos e o agitar das folhas pela brisa fresca cujo inconfundível perfume que pressagiava chuva.
As nuvens cobriram a lua, envolvendo-a em sombras, algo que era muito favorável para seus propósitos, mas que ao mesmo tempo o impedia de ver qualquer um que se aproximasse, o que não apaziguava o inquietante martelar de seu coração.
Voltou a jogar uma olhada a seu redor, logo se obrigou a relaxar. Maldição! Por que esse repentino nervosismo? As coisas não estavam saindo mal. Entretanto, não podia evitar a estranha sensação que o tinha invadido desde que a meia-noite tinha saído da casa..., a sensação de que alguém o seguia. O observava.
Uma coruja piou, e seu pulso disparou; apertou os lábios para impedir que o ambiente sombrio o assustasse. Levava meses realizando essas secretas saídas noturnas e estava acostumado aos sons estranhos provenientes do bosque em sombras. Com calma, inclinou-se e rodeou com os dedos o frio punho metálico da faca que levava na bota. Não tinha pensado usar a arma, mas o faria se fosse obrigado. Não tinha chegado tão longe nem dedicado tanto tempo à busca, para permitir que alguém a ameaçasse.
Busca? A palavra em si parecia uma brincadeira, e tragou o amargo som que ameaçava sair de sua boca enquanto cravava a pá na dura terra. Era muito mais que isso. Durante todo o ano anterior, essas malditas aventuras noturnas se converteram em algo mais que uma busca. Era uma obsessão que o despojava do sonho, de sua tranquilidade de espírito. Logo... logo saberia. De uma maneira ou de outra.
Levantando uma pesada pazada de terra, jogou-a de lado enquanto seus cansados músculos protestavam pelo esforço. Quantas fossas mais poderia cavar? Quantas noites mais poderia resistir sem dormir? Inclusive durante o dia, quando tinha que abandonar a busca por temor a ser descoberto, essa tarefa seguia obcecando-o. Agora ficava menos de um mês para cumprir sua promessa. E tanto sua honra como sua integridade requeriam que a cumprisse. Tinha comprometido ambas as coisas e, como consequência de sua insensatez, negava-se a cometer outro engano.
Série Sociedade Literária das Damas de Londres
1 - Despertos à Meia-Noite
2 - Confissões de uma Dama
3 - Sedução à Meia-noite
4 - Tentado à Meia-noite
Série Concluída