O submundo do reino, sexo, escândalo e um amor redentor.
A misteriosa Miss M é a fantasia viva de um homem, sedutora, sensual, mascarada. Mas quando Lorde Devlin Steele se encontra responsável por ela — e pela sua filha — ele começa a conhecer a verdadeira Maddy; uma mulher amorosa, apaixonada que afasta os pesadelos da batalha de Waterloo. Mas o soldado aristocrata não pode sustentar sua nova família. Ele só herdará sua fortuna se casando com uma dama adequada — e Maddy está longe de ser adequada. Com os perigos do submundo de Londres se aproximando, como ele poderá proteger a mulher que ama?
Capítulo Um
Londres, setembro de 1812
Madeleine posicionou-se no sofá, ajustando a fina musselina branca de seu vestido e colocou suas mãos enluvadas timidamente em seu colo. A luz dos candelabros, arrumados para iluminar suavemente sua pele, realçava a imagem que ela queria passar. Sua garganta se apertou, e sua pele se arrepiou pela atenção do último homem. Essa vida perversa. Como ela detestava isso.
Ela checou a máscara de penas azuis, artisticamente confeccionada para disfarçar sua identidade sem obscurecer sua compleição jovem ou o intocado rosado de seus lábios cheios. “A misteriosa Miss M” poderia ser qualquer garota no primeiro rubor da feminilidade. Era o artifício de Farley que ela aparecesse, e os homens que frequentavam seu inferno de jogos de elite em Londres apostaram profundamente para ganhar a fantasia de seduzi-la. A fuga poderia estar fora de questão, mas pelo menos a máscara escondia seu rosto e sua vergonha.
Incapaz de permanecer quieta, Madeleine foi até a cama, discretamente dobrada no canto e coberta com lençóis brancos e lavados enfeitados com renda, como um santuário virginal. Ela sentou-se na beirada e balançou as pernas para frente e para trás, imaginando quanto tempo faltava para o próximo cavalheiro ter sua vez. Não demoraria, ela supôs. Ela tomara mais cuidado no banheiro do que o necessário habitual, lavando completamente a lembrança daquela criatura odiosa que não havia partido cedo o bastante para o seu gosto.
Risadas masculinas, profundas e roucas, soaram no cômodo ao lado. Criaturas estúpidas, sentados ao redor de mesas, tão mergulhados em suas cartas quanto em seus copos, apenas esperando por Lorde Farley para afastá-los com suas fortunas. As garotas que circulavam as mesas, hoje vestidas como ela mesma, como as ingênuas do Almack, feitas para atormentar, mas, para alguns poucos, a Misteriosa Miss M era o verdadeiro prêmio. Farley não permitiria que seu prêmio escapasse. Ela aprendera a lição rapidamente. Não havia para onde ela ir.
Vozes soaram fora do quarto, e ela espantou a lembrança de como Farley a havia condenado a esse destino, ou, mais precisamente, como ela mesma havia se condenado.
O próximo homem, felizmente o último, viria logo, e era melhor que ela estivesse pronta. Ela checou os cabelos, arrumando os cachos escuros, feitos no melhor estilo para emoldurar seu rosto, uma fita rosa pálida estava entre eles. Algo bateu contra a porta. Madeleine se afastou da cama e correu para seu lugar no sofá. Uma figura alta e cambaleante, com sua silhueta contra a luz da sala de jogos, apareceu na porta. Ele ficou um momento com a mão na testa. Um soldado. Ele vestia o casaco vermelho do uniforme britânico, enfeitado com revestimentos azuis e dourado, desabotoados para mostrar o linho branco de sua camisa. Se ela fosse um soldado, poderia expulsá-lo dali. Ela poderia subir em sua montaria e galopar tão rápido que poderia quebrar o pescoço. Como ela amaria poder.
O soldado, que parecia ser mais velho do que ela não mais do que cinco anos, balançou quando fechou a porta. Graças ao generoso suprimento de conhaque de Lorde Farley, sem dúvida.
Madeleine suspirou. Ele deveria ser forte, mas não gordo. Com alguma sorte, sua boca não seria suja. Ela odiava bocas fétidas. Com seu porte magro, ele parecia um soldado forte e poderoso.
— Bom Deus! — Ele exclamou, quase tropeçando quando a viu.
— Eu temo não ser Ele, meu senhor. — Ela replicou. As velas iluminaram um belo rosto, sorrindo com tanto bom humor que ela mal conseguia não sorrir de volta.
— Sim, claro que não — Seus olhos verdes piscaram — e felizmente para mim você não é, senhorita...?
— Miss M.