Stephen Harrington, conde de Langlinais, nunca esperou resgatar essa beleza inexplicável das mãos de seu inimigo. E ainda, quando seus olhos se encontram pela primeira vez, ele sente do fundo de sua alma que deveria conhecê-la… que ele precisa tocá-la e mantê-la ao seu lado para sempre. Por desconhecimento de ambos, eles estão no centro de um amor secular… um amor que está prestes a superar seus sonhos mais selvagens.
Capítulo Um
Março de 1644
Anne amarrou a corda no poste erguido exatamente para esse propósito, depois enfiou a mão no fundo do barco para pegar sua cesta.
Ela e Hannah se tornaram amigas nos quinze anos desde que uma criança assustada reuniu coragem e ignorou mitos, lendas e os ditames de um pai que ela adorava.
Como Anne temia, sua jornada original pelo lago havia sido descoberta. Seu pai, surpreendentemente, não impediu suas visitas à sábia mulher. No entanto, ele insistiu que ela aprendesse a nadar no lago e fosse ensinada na maneira correta de remar o pequeno bote.
Anne pegou seu atalho por entre as árvores, olhando para a estranha construção circular na clareira enquanto o fazia. Ela o descobriu em sua terceira visita à ilha. Uma vez por ano ela e Hannah cuidavam deste lugar, removendo as ervas daninhas, endireitando as pedras que estavam na frente do prédio. Parecia a coisa certa a fazer. A pequena estrutura com sua porta em arco e pedra angular elaboradamente esculpida parecia ter sido uma capela. E as lápides eram tristes marcos que transformavam a clareira em um lugar de reverência.
Anne atravessou a abertura nos arbustos desgrenhados, passando pela grande pedra em forma de bota. Ainda mais acima em uma pequena inclinação, e ele estava ali, o caminho para a porta de Hannah mais desgastado, mas tão convidativo quanto tinha sido tantos anos antes.
— Você está atrasada — Hannah disse ao entrar, seu sorriso tirando o ardor de suas palavras.
— Você diz isso toda vez que eu venho — disse Anne, colocando sua cesta sobre a mesa. — Assim como eu refuto.
— Sou mais velha que você. Você deveria me dar respeito, não argumentos.
Anne sorriu para a amiga. Isso também era uma reclamação constante.
— Você não gostaria se eu cedesse todos os pontos a você, Hannah. Você então não teria ninguém com quem debater.
Hannah riu, o som suave cascateando pela cabana.
— Você me conhece muito bem, Anne.
Anne sorriu, colocou sua cesta sobre a mesa. — Tenho a farinha que você queria, Hannah, e um pouco de mel da cozinheira. Ela diz que aceitará algumas de suas velas em troca.
— Ela vai? — Uma sobrancelha erguida acompanhou o comentário.
— Você sabe, claro, que ela as vende — disse Anne, olhando para a amiga. Os anos tinham sido bons para Hannah. Havia poucos fios brancos entre seus cabelos loiros, e seu rosto mostrava suas linhas apenas sob a luz do sol. Nesse momento, porém, havia um sulco em sua testa. Um precursor da irritação. Ela tinha sentido o peso disso muitas vezes quando criança por não conhecer o sinal.
Hannah assentiu.
— Já ouvi isso.
— Por que, então, você não a confronta?
— Há algumas situações que é melhor deixar em paz, Anne.
— Porque você nunca vem para Dunniwerth?
01- Meu amado