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20 de novembro de 2017

O Corsário

Série Montgomery Saga

Sua máscara ocultava um segredo, mas seus braços ardentes confessavam sua paixão.

Na Nova Inglaterra colonial, os britânicos perseguem um destemido patriota mascarado, cujas façanhas zombam deles a cada passo: O Corsário.
Jessica Taggert, mulher bonita e de temperamento orgulhoso, vibra à meia-noite nos braços do Corsário, mas despreza Alexander Montgomery, que todos na cidade consideram alcoólatra e bobo da cidade.
Na verdade o astuto Alexander Montgomery leva uma vida dupla. Se por um lado, é um tolo, gordo e alcoólatra, pelo outro é o admirado Corsário... A razão para essa vida dupla é que em uma tentativa heróica foi ferido, e para que não suspeitem dele se veste com roupas coloridas e acolchoadas para parecer gordo.
Jessica Taggert despreza Alexander por acreditar que ele é um covarde e, adora o Corsário. Por ironia do destino, Jessica é forçada a casar-se, e por desgraça seu marido não é outro senão Alexander. Entretanto, mesmo casada, ela continua adorando o Corsário.
Conseguirá Alexander que Jessica veja além da sua aparência física e perceba quem ele é realmente?
Somente sua vitória contra os odiados ingleses permitirá, finalmente, conhecer em sua plenitude o amor de Jessica.

Capítulo Um

1766
Alexander Montgomery se reclinou na cadeira, estirando suas pernas largas e esbeltas sobre o tapete que cobria o piso do camarote do capitão, a bordo do Grande Duquesa, enquanto Nicholas Ivanovitch repreendia a um dos servos. Alex nunca tinha visto ninguém tão arrogante como esse russo.
— Se voltar a guardar mal minhas fivelas te cortarei a cabeça. — Assegurou Nick, com seu forte sotaque e sua voz rouca.
Alex se perguntou se os duques russos ainda tinham permissão para decapitar a quem os desagradasse.
— Agora vai. Fora de minha vista — adicionou Nick, agitando um punho envolto de rendas para o acovardado servo. E adicionou, dirigindo-se a Alex, assim que ficaram sozinhos no camarote: — Veja as coisas que devo suportar.
— É muito, reconheço-o — concordou o jovem.
Nicholas o olhou arqueando uma sobrancelha e voltou a concentrar-se nos mapas navais desdobrados sobre a mesa.
— Atracaremos a uns duzentos e vinte quilômetros de seu Warbrooke, pelo sul. Acredita que achará alguém disposto a te levar ao norte?
— Já arrumarei alguém — disse Alex, despreocupado, enquanto se estirava um pouco mais, com as mãos sob a nuca. Seu longo corpo ocupava quase todo o camarote.
Muito tempo atrás tinha treinado suas reações faciais para que ocultassem seus pensamentos. Nicholas conhecia em parte suas idéias, mas Alex não permitia a ninguém apreciar a profundidade de sua preocupação.
Meses atrás, Alex estava na Itália, quando recebeu uma carta de sua irmã Mariana, onde lhe rogava que voltasse para o lar. Dizia nela que precisava dele desesperadamente, e contava o que seu pai a tinha proibido de revelar: que ele, Sayer Montgomery, tinha caído gravemente ferido em um acidente a bordo de um navio e tinha as pernas destroçadas. Tinha sobrevivido, contra todos os prognósticos, e estava agora condenado a viver em seu leito, inválido.
Mariana dizia também que ela se casara com um inglês, o inspetor de alfândega da pequena cidade de Warbrooke e, quem ele era não informava. Não entrava em detalhes sobre as atividades de seu marido, provavelmente em um conflito entre a lealdade a seu marido e a fidelidade a sua família e ao povo que conhecia desde que nascera, mas Alex percebeu que ela calava muitas coisas.
Mariana tinha entregado a carta a um dos muitos marinheiros que saíam Warbrooke, na esperança de que chegasse às mãos de Alex e o fizesse voltar para casa. Seu irmão tinha recebido a carta pouco depois de ancorar na Itália. O veleiro em que partira de Warbrooke, mais de quatro anos atrás se afundara fazia já três semanas, ele esperava na ensolarada costa italiana, sem empenhar-se muito em conseguir outro posto de oficial.
Foi na Itália que conheceu Nicholas Ivanovitch. Na Rússia, a família de Nick tinha um estreito parentesco com a czarina, motivo pelo qual Nick esperava que todo mundo o tratasse com respeito, admiração e a submissão que ele considerava devido a sua posição.
Alex tinha intervindo para salvar seu gordo pescoço de um bando de marinheiros que não gostaram do que Nick dizia deles. O jovem Montgomery tinha tirado sua espada, tinha-a arrojado às mãos do russo e tinha extraído de seu cinturão duas adagas, uma para cada mão.
Os dois combateram juntos por uma hora. Ao terminarem estavam cobertos de sangue e com as roupas feitos farrapos, mas eram amigos. Alexander foi objeto da hospitalidade russa, tão generosa quanto à arrogância desse povo. Nick o levou a bordo de seu navio particular; era um lugre, um tipo de navio tão veloz que estava proibido em quase todos os países, já que era capaz de deixar para trás a qualquer outra embarcação. Mas ninguém incomodava aos aristocratas russos, que não obedeciam nenhuma lei a não ser a sua própria.
Alex se instalou no opulento navio e, por duas semanas desfrutou de que o servissem. O exército de submissos servos que Nick havia trazido da Rússia antecipava e satisfazia cada um de seus desejos.
— Na América não somos assim — havia dito Alex a Nick, depois da quinta caneca de cerveja.
Falou-lhe da independência dos norte-americanos, da capacidade com que criavam um país próprio a partir do campo.
— Combatemos contra os franceses e os índios; combatemos contra todo mundo. E sempre ganhamos!



Série Montgomery Saga
1- O Leão Negro 
2- A Donzela
3- A Herdeira
4- O Corsário
5- A Duquesa e o Capitão
6- Eternidade
7- A Duquesa