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13 de agosto de 2010

O Diabo no Inverno

Série Wallflowers

Agora é a vez de Evangenile Jenner, a Wallflower mais tímida que será também a mais rica quando receber sua herança. 

Como primeiro deve escapar das garras de seus ambiciosos parentes, Evie acode ao Sebastian, visconde do St Vincent, um conhecido mulherengo, com uma proposta incrível:que se case com ela!
A fama de Sebastian é tão perigosa que trinta segundos a sós com ele arruínam o bom nome de qualquer donzela. 
Mesmo assim, esta cativante jovenzinha se apresenta em sua casa, sem acompanhante, para lhe oferecer sua mão.
Mas a proposta impõe uma condição: depois da noite da lua-de-mel, o casal não voltará a ter relações íntimas. 
Evie não deseja converter-se em um mais dos corações quebrados que Sebastian despreza sem piedade, o que significa que estará obrigado a esforçar-se mais para seduzi-la... ou possivelmente entregar pela primeira vez seu coração em nome do verdadeiro amor.

Capítulo Um

Londres, 1843

Enquanto observava entrar a jovem que acabava de receber em sua casa de Londres,a Sebastian, lorde St. Vincent, lhe ocorreu que talvez se equivocou de herdeira na sua tentativa de rapto na semana anterior.
Embora o seqüestro figurava desde fazia pouco em sua larga lista de infâmias, deveria ter sido mais inteligente. Para começar, tendo escolhido uma vítima menos enérgica. Lillian Bowman, uma briosa herdeira americana, resistiu-se com unhas e dentes até que seu prometido, lorde Westcliff, tinha-a resgatado.
Vendo-o com perspectiva, escolher a Lillian tinha sido uma estupidez, embora naquele momento lhe tivesse parecido a solução ideal a sua encruzilhada. A família de Lillian  era rica, enquanto que ele, em que apesar a seu título nobiliário, só tinha dificuldades financeiras. E além disso prometia ser uma amante entretida, com sua beleza moréia e seu caráter explosivo.
Em troca, a senhorita Evangeline Jenner, aquela moça de aspecto dócil, não podia ser mais distinta. Sebastian repassou rapidamente o que sabia dela. Era a filha única de Ivo Jenner, proprietário do conhecido clube de jogo londrino. Embora a mãe de Evangeline descendia de uma boa família, seu pai era pouco mais que escória. Apesar de sua ignominiosa linhagem, Evangeline poderia haver-se casado bem se não tivesse sido por seu terrível acanhamento, que lhe provocava uma gagueira mortificante. Sebastian tinha ouvido alguns homens assegurar que prefeririam flagelar as costas a manter uma conversação com ela. Sebastian, é obvio, fazia todo o possível por evitá-la. Não tinha sido difícil. A tímida senhorita Jenner acostumava esconder-se detrás das colunas nos salões. Nunca tinham cruzado palavra alguma; circunstância que tinha parecido conveniente a ambos por igual.
Mas agora não tinha escapatória. Por alguma razão, ela tinha considerado oportuno apresentar-se em sua casa inopinada e escandalosamente tarde. E para que a situação resultasse ainda mais comprometida, não ia acompanhada, quando passar mais de um minuto a sós com o Sebastian bastava para arruinar a reputação de qualquer garota. Era libertino, amoral e perversamente orgulhoso disso. Destacava na ocupação que tinha eleito (a de sedutor incorrigível), e tinha alcançado um nível ao que poucos libertinos podiam aspirar.
Sebastian se ajeitou em sua poltrona enquanto observava com uma ociosidade enganosa como Evangeline Jenner se aproximava. A biblioteca estava às escuras salvo por um pequeno fogo na chaminé, cuja luz que piscava acariciava a cara da jovem. Não aparentava mais de vinte anos, e tinha uma cútis viçosa e uns olhos cheios de inocência. Sebastian nunca tinha valorado nem admirado a inocência, antes bem, desdenhava-a.
Embora o mais cavalheiresco teria sido que se levantasse, não parecia muito importante mostrar bons maneiras dadas às circunstâncias. Assim assinalou a outra poltrona que havia junto à chaminé com um movimento da mão.
—Sinte-se se quer —disse—. Embora eu em seu lugar não ficaria muito momento. Aborreço-me em seguida e você não tem fama de conversadora estimulante.
Sua grosseria não alterou a Evangeline. Sebastian não pôde evitar perguntar-se que classe de educação teria a tornado imune aos insultos, quando qualquer outra garota se teria ruborizado ou se posto a chorar. Ou era tola ou muito valente.
Evangeline tirou a capa, deixou-a no braço da poltrona estofada de veludo, e se sentou desgracioso nem artifício.
«Uma das floreiros», pensou Sebastian ao recordar que era amiga não só de Lillian Bowman, mas também de sua irmã menor Daisy e de Annabelle Hunt. As quatro moças tinham permanecido sentadas em numerosos bailes e veladas toda a temporada anterior sem que ninguém as tirasse dançar. Entretanto, parecia que sua má sorte tinha trocado, porque Annabelle tinha encontrado marido por fim, e Lillian acabava de apanhar a lorde Westcliff. Sebastian duvidava que a boa sorte se estendesse a essa muchachita tão desajeitada.
Embora tentado de lhe perguntar pelo objeto de sua visita, temeu que isso provocasse uma gagueira prolongada que os atormentaria a ambos. Assim, esperou com paciência forçada enquanto Evangeline parecia lhe dar voltas ao que ia dizer. Enquanto o silêncio se prolongava, Sebastian a contemplou ao agitado resplendor do fogo e se precaveu, com certa surpresa, de seu atrativo. Nunca a tinha observado e só tinha a impressão de que era uma ruiva desalinhada com má postura. Mas hei aqui que era uma moça preciosa.
Apertou a mandíbula mas manteve seu aspecto impertérrito, embora fincou os dedos na suave tapeçaria de veludo. Resultou-lhe estranho não haver-se fixado nunca nela, já que havia muito em que fixar-se. Seu cabelo, de um vivo tom avermelhado, parecia alimentar do fogo e brilhava incandescente. Suas magras sobrancelhas e suas densas pestanas eram de um tom mogno, enquanto que sua pele era a de uma autêntica ruiva, branca e com sardas no nariz e as bochechas. Fez-lhe graça a alegre dispersão daqueles pontinhos dourados, pulverizadas como se as tivesse orvalhado uma fada bondosa. Tinha lábios carnudos e uns enormes olhos azuis, bonitos mas impassíveis, como de boneca de cera.
—Me... hão-me dito que minha  amiga, a senhorita Bowman, agora lady Westcliff —comentou Evangeline por fim—. O conde e ela foram a Gre... Gretna Gree n depois de que ele... Livrou-se de você.
—Seria mais correto dizer «depois de que me desse uma surra» —indicou Sebastian em tom afável, já que a moça estava olhando os machucados que os justificados murros do Westcliff lhe tinham deixado na mandíbula—. Não pareceu alegra-lo muito de que tomasse emprestada a sua prometida.
—Vo... você a ra... raptou —replicou Evangeline—. Tomá-la emprestada implicaria que tinha intenção de... Devolvê-la.
Sebastian esboçou o primeiro sorriso de verdade desde fazia muito tempo. Ao parecer, a moça não era nenhuma simplória.
—Raptei-a, sim, se o preferir. Veio para ver-me para isso, senhorita Jenner? Para me informar sobre o feliz casal? Já estou informado. Mais vale que diga logo algo interessante ou me temo que terá que partir.
—Você que... Queria à senhorita Bowman porque herdará uma fortuna —soltou Evangeline—. NE... necessita CA... casar-se com alguém que tenha dinheiro.
—Certo —admitiu Sebastian—. Meu pai, o duque, não cumpriu com sua obrigação nesta vida: conservar intacta a fortuna familiar para me deixar isso em herança. Quanto a minha responsabilidade, consiste em me dedicar à ociosidade mais dissoluta e esperar a que ele faleça. Eu cumpri com meu dever às mil maravilhas, mas o duque não. administrou muito mal as finanças familiares e, hoje em dia, é imperdoavelmente pobre. E, ainda pior, goza de boa saúde.

Série Wallflowers
Série Concluída