Mostrando postagens com marcador Os Segredos dos Olhos de Lady Clare. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Os Segredos dos Olhos de Lady Clare. Mostrar todas as postagens

31 de maio de 2015

Os Segredos dos Olhos de Lady Clare

Série Cavaleiros de Champagne





Um olhar misterioso...

Quando sir Arthur Ferrer a vê entre os espectadores do Torneio da Noite de Reis, percebe algo de distinto nela. 
Talvez seus olhos... Ele já os vira, não se lembrava de quando nem onde. 
Ao procurar a mulher misteriosa que o havia hipnotizado, ela desaparece. 
Clare fugia de um passado sombrio que jamais revelaria a ninguém. Mas o belo cavaleiro se empenharia em descobrir os segredos guardados em seu olhar.

Capítulo UmJaneiro de 1174 — Chalés na praça dos mercadores de Troyes, Condado de Champagne.
A temperatura estava amena para o mês de janeiro. As janelas tinham sido abertas para iluminar o chalé o máximo possível. Clare ajudou Nicola a se levantar da cama e a levou para o banco à mesa. Com isso ganhou um sorriso de recompensa.
O coração de Clare se enlevou. Nicola estava muito fraca e doente, por isso seus sorrisos eram preciosos.
— Percebi que você recebeu visitas enquanto eu estava no mercado — disse Clare.
Nicola resmungou ao se movimentar e encostar-se à parede de tábuas.
— É verdade. Não foi uma visita qualquer, mas sim de um nobre, que me trouxe um presente. Eu não vou usar, talvez você e Nell gostem. Eu queria contar a você antes de Nell. Não há razão para deixá-la empolgada se você se recusar a ir com ela. Sei o quanto você se preocupa sempre que sai de casa.
— Um presente? — Clare colocou uma manta sobre as pernas de Nicola.
O visitante misterioso, talvez o conde Lucien, tinha feito bem a ela. Havia anos que os olhos de Nicola não brilhavam daquele jeito. Clare esperou que Nicola confirmasse a identidade do visitante. Desde a morte de Geoffrey não havia segredos entre elas.
— Você está confortável? Se a corrente de ar estiver incomodando, posso fechar a janela.
— Não feche não, precisamos aproveitar a luz tão rara nesta época do ano.
Clare tirou o véu que usava sempre que ia ao mercado e o pendurou num gancho, por cima da capa. Os cachos da cor do cobre emolduraram-lhe o rosto. Enquanto trançava os cabelos, olhou para a lareira com o fogo baixo. A fumaça azulada subia na direção de uma abertura no telhado do chalé.
— Quer que eu coloque mais lenha na lareira?
— Clare, não se preocupe, estou bem. Economize a madeira para a noite.
Clare acenou com a cabeça e colocou a cesta que trouxera do mercado sobre a mesa. Dali tirou farinha, queijo, um punhado de peras maduras, cebolas e feijões secos. E graças à generosidade do suserano de Geoffrey, conde Lucien, trouxera também porco salgado e peixe seco.
— E os ovos? — perguntou Nicola.
— Estavam muito caros. Volto amanhã, mas temo que o preço não abaixe até a primavera. — Clare olhou de relance para Nicola. — E então? O que é o presente misterioso?
Nicola alcançou a bolsa em cima da mesa, abriu e jogou uma moeda sobre o tampo de madeira.
— Lorde d’Aveyron esteve aqui de novo.
Toda vez que Clare pensava em Lucien Vernon, conde d’Aveyron, lembrava-se da tolice e da imprudência que Geoffrey havia cometido. Ele tinha feito um pacto maldito com um bando de ladrões. Antes de morrer, Geoffrey havia confessado a Clare sua participação em um roubo para ajudar a mãe. Ela também sabia como ele se arrependera e tentou consertar, mas no momento em que resolvera se livrar do pacto, assinou sua condenação. Os ladrões o mataram.
Não só Clare sabia do conluio de Geoffrey com os ladrões, mas o conde Lucien também. Menos Nicola, que vivia na feliz ignorância do erro fatal do filho. Para Clare era melhor que continuasse assim; por ela, Nicola jamais saberia do que Geoffrey havia feito. Um baque daqueles no estado frágil de Nicola poderia levá-la à morte.
Até aquele dia, o conde Lucien não havia falado nada sobre a transgressão de Geoffrey, mas Clare tinha medo de suas visitas. Geoffrey fora um dos cavaleiros pessoais do conde, que podia deixar escapar alguma coisa.
— Não precisa fazer careta — disse Nicola, empurrando a moeda na direção de Clare. — O conde é um bom homem, que honra a memória de Geoffrey cuidando de mim. Olhe direito, isto não é dinheiro.
Depois de colocar as peras numa tigela ela pegou a moeda; era um pouco maior do que um centavo e tinha sido forjada em prata.
— É algo simbólico.
— Isso mesmo.
O palácio de Troyes havia sido cunhado num dos lados da moeda, e do outro havia a imagem de um cavaleiro portando uma lança. Clare sentiu uma dor no peito e colocou a moeda de volta sobre a mesa.
— Espero que não seja o que estou pensando.
A expressão de alegria do rosto de Nicola se transformou.
— Isso é um convite para assistir ao Torneio da Noite de Reis perto de onde as damas se sentam. Clare, pensei que...

Série Cavaleiros de Champagne
1 - O Campeão De Lady Isobel
2 - Os Segredos Dos Olhos De Lady Clare
3 - A Amante de Lord Gawain
4 - A Desonra de Lady Rowena
5 - Cartas para uma Falsa Dama
Série Concluída