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22 de maio de 2009

Segredo Conjugal

Série Border
Em um mundo lúgubre e violento da Escócia medieval, Johanna e Clare, irmãs gêmeas, lutam para salvaguardar sua honra e seus direitos.

Descendentes, sem saber, da família real escocesa, suas vidas se vêem outra vez acudidas pela ira do implacável rei inglês.
Nesta guerra, sem trégua, vale tudo, até o ponto de que quando Clare morre acidentalmente, Johanna a substitui para conservar as terras e o castelo de sua irmã.
A princípio, o estratagema surte efeito, mas um um dia reaparece Drummond, o marido de Clare, a quem todos davam por morto. Johanna recorre a todas as suas artes para manter o segredo, mas enganar Drummond no leito conjugal não será fácil, ainda mais considerando que ela é virgem

PRÓLOGO

Abadía de Scarborough- Verão de 1301
A morte espreitava Clare Macqueen.
Seus olhos cor de mel se apagavam e sua pele adquiria o tom branco da cera. Inclusive seu vaporoso cabelo dourado tinha perdido o brilho da vida.
Alta e majestosa habitualmente, agora parecia frágil e engolida pela estreita cama.
Ocultando sua dor, a irmã Margaret passou um pano úmido pelos arranhões da face de Clare.
-Dói ?
-Não sinto as pernas. Estão quebradas ?
-Não,menina. – A meia verdade surgiu fácilmente, inclusive pora tratar-se de uma abadessa , em dois anos, o destino já havia infligido a essa menina ferida, desgraças para toda a vida
– Nem sequer machucou os joelhos..
Um sorriso agridoce curvou os lábios de Clare.
-Já curou suficientes. Cada vez que Johanna e eu subíamos ao carvalho da colheita... Onde está?
A irmã Margaret sentiu uma opressão no peito. Johanna, a forte e capaz Johanna.
O que faria quando visse sua irmã Clare?
Deixaria-se levar por seu caráter, porque Johanna sempre tinha sido a defensora de Clare.
-Foi levar os cavalos aos estábulos e acomodar a seus criados na cabana dos convidados.
Os olhos de Clare se nublaram.
-Um lobo assustou a minha montaria. Eu cai.
O cavalo tinha pisoteado sua coluna vertebral. Uma vez que se expandisse a inevitável infecção, a doce Clare morreria.
Quem dera Deus lhe proporcionasse uma morte doce.
A irmã Margaret conteve as lágrimas.
-Não podia saber que uma besta espreitava nas sombras.
Com quinze anos, Clare era ainda mais menina que mulher.
Nem o matrimônio nem a maternidade tinham apaziguado seu espírito inquieto.
-Onde está meu filho? -perguntou Clare.
-No quarto contigüo, com Meridene. Ela está lhe oferecendo leite de cabra.
-Meridene adora crianças. Seu marido deveria levá-la.
Não é justo que a tenham feito casar sendo uma menina e logo a jogarem aqui e a esquecerem.
-Certo, mas Meridene está a salvo, igual a você e Johanna.
As perguntas apressavam à irmã Margaret-. E seu marido?
Os olhos do Clare se encheram de lágrimas.
-Preso por ordem do rei.
Eduardo I. Sua mera lembrança reavivava a dor de uma ferida que levava quinze anos cicatrizando. A irmã Margaret apertou os dentes para conjurar a dor.
As paredes da enfermaria desapareceram e Margaret voltou a ser aquela moça das terras altas da Escócia que tinha provocado a paixão de Alejandro III, o rei da Escócia.
OH, Alejandro -lamentou-se-, sua alma misericordiosa permanece nestas meninas.
Tinha irradiado a complexidade de seu caráter a suas loiras filhas: Clare, com sua afeição ao jogo e a alegria; e Johanna, guiada por sua dedicação ao amor e a justiça.
Através de uma neblina de sofrimento, a irmã Margaret contemplou a uma de suas duas filhas, as quais se pareciam com um rei escocês falecido há muito tempo atrás.
-Ouviu, irmã Margaret? O rei ordenou que Drummond fosse levado a Torre de Londres.
De novo Eduardo. Agora que tinha derrotado Gales, o rei tinha dirigido seus exércitos e sua cólera contra o norte. Chamavam-lhe o martelo dos escoceses.
O marido de Clare, Drummond Macqueen, não era mais que sua última vítima.
A irmã Margaret se encolheu ao recordar a crueldade da que era capaz Eduardo Plantagenet. À morte de seu pai, Alejandro, um dos muitos espiões reais de Eduardo, tinha descoberto às gêmeas.
Só depois de tomar o véu e jurar que guardaria o segredo, lhe tinham permitido a Margaret acompanhar a suas filhas a esta remota abadia no norte de Yorkshire.
Johanna e Clare não sabiam nada de seus direitos de nascimento, nem sequer seu sobrenome. Uma pena, posto que seu sangue era tão azul e sua linhagem tão real como o de qualquer um que tivesse sido coroado na abadia de Westminster. Ao recordar essa ação tão cruel, temeu pelo filho de Clare, de tão somente três meses de idade.
-Virá o rei por seu filho?
-Não. -Clare conteve as lágrimas-. Como todos os outros, acredita que o pai de meu filho foi o príncipe Ned e não Drummond Macqueen.
-É certo isso?
Absorta na tapeçaria da parede oposta, Clare falou brandamente e com profunda tristeza:
-É certo que fui infiel, mas Drummond já tinha plantado sua semente no mês anterior. Em troca de meus favores, o príncipe me prometeu que apelaria a seu pai. Disse que o rei libertaria Drummond. -Fez uma careta de desdém-. O pervertido me enganou. Meu pecado não serviu de nada.
-Mesmo assim lhe permitiram conservar a seu filho.
-Sim. O rei me concedeu terras em Dumfries


Série Border
1 - Border Lord
2 - A Noiva de Ultramar
3 - Segredo Conjugal
4 - Maiden of Inverness

21 de maio de 2009

A Noiva de Ultramar

Série Border
Alpin Mackay, uma órfã escocesa enviada a Barbados em tenra idade, sente-se plenamente identificada com a plantação açucareira em que cresceu. Conhece a tal ponto os mistérios da produção de açúcar que quando seu tutor, o proprietário das terras, começa a perder saúde, é ela quem administra o negócio com surpreendentes resultados.
Então aconteceu sua maior decepção quando o fazendeiro, ao morrer, deixa a plantação a Malcolm Kerr, um nobre escocês e parente longínquo de Alpin. A moça, disposta a qualquer coisa para recuperar a fazenda caribenha, retorna a Escócia, onde se encontra com a imprevista e misteriosa hostilidade de Malcolm. Mas Alpin não é uma mulher que se rende facilmente, e não medirá esforços para ver cumpridos seus desejos.

Capítulo Um

Castelo de Kildalton Verão de 1735

— E se me nego?
Alargando o pescoço, o soldado entrecerrou os olhos para olhar no escuro interior das jaulas dos falcões.
— Ela está preparada para uma negativa, senhor, e eu diria que está empregando de novo suas antigas artimanhas.
A mão de Malcolm ficou imóvel, sustentando com os dedos uma parte de carne sobre a boca aberta de uma coruja faminta. Sua mãe ferida observava a cena.
— Como sabe, Alexander?
— Lady Alpin disse que se não for recebê-la pessoalmente, arrancaria-lhe os olhos e os jogaria aos texugos.
Malcolm deixou cair a carne dentro daquele bucho ávido de comida ao mesmo tempo em que as lembranças da infância se amontoavam em sua mente: Alpin destroçando sua espada de brinquedo e lançando-a ao poço, Alpin rindo-se a gargalhadas enquanto o trancava na despensa, Alpin escondendo-se na quarto da torre e chorando até ficar com sono, Alpin lhe perseguindo com um pote cheio de vespas que zumbiam...
Um calafrio lhe percorreu o corpo. Fazia anos, aquela moça tinha feito estragos na vida de um pobre menino, mas agora este era um homem feito que ia lhe pagar com a mesma moeda.
— Pergunto-me como reagirá se colocar as cartas na mesa.
Alexander Lindsay, instrutor de arqueiros e professor de caça, avançou cautelosamente pelo corredor entre falcões silenciosos, cernícalos inquietos e um trio de águias douradas. As aves de rapina, encarapitadas em seus poleiros, agitavam suas asas no ar. Quando chegou até  Malcolm, Alexander tirou a boina escocesa, deixando ao descoberto um cocuruco tão nu como os pináculos do Storr. Com os olhos ainda entrecerrados, olhou em direção ao Malcolm.
— Eu só trago seu recado, senhor. Não sou quem vai interrogar a sua convidada.
— Convidada? -exclamou Malcolm rindo. A coruja de suave plumagem estirou o pescoço, com os olhos muito abertos, em busca de mais comida. Sorrindo, Malcolm arrancou outro pedaço de carne do animal morto e o deixou cair na boca ansiosa do pássaro.
— Diga a lady Alpin que estou ocupado, e me avise assim que Saladin chegue de Aberdeenshire.
Alexander observou à coruja com precavida curiosidade.
— Acredito que o sentinela dará um sinal logo que apareça o menino mouro. Mas lady Alpin também disse que se você não for mudaria de opinião sobre  lhe perdoar pelo que lhe fez faz anos na quarto da torre.
— Me perdoar ela? Por Deus bendito! Assim se escreve a história! Mande-a para  seus parentes do Sinclair.
— Sim, senhor. Inglaterra é o melhor lugar para essa classe de gente. — Alexander se dirigiu para a porta, fechando-a atrás de si.

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2 - A Noiva de Ultramar
3 - Segredo Conjugal
4 - Maiden of Inverness