O disfarce deles pode levar ao amor verdadeiro se o passado dela não os destruir primeiro.
Capítulo Um
— O que vou fazer agora? — Daisy manteve seu gemido em silêncio, enquanto lutava para não entrar em pânico.
A porta estava trancada e não havia sinal de movimento lá dentro. Os sons matinais de carruagens, carroças e pessoas cuidando de seus negócios atrás dela na rua movimentada não conseguiam penetrar na sensação sombria de medo que ela estava lutando para controlar. Daisy estava olhando melancolicamente para a porta trancada da loja, quando uma voz atrás de seu ombro quase a fez pular de susto. Ela ficou surpresa por não ter notado sua aproximação refletida no vidro reluzente da vitrine da Srta. Holstein, já que estava olhando para ele com tanta intensidade.
— Há algo errado, senhora? — a voz culta balbuciou, provocando a diversão de Daisy, apesar do terrível dilema que ela enfrentava.
Quando ela se virou para responder, sua língua geralmente loquaz ficou presa no céu da boca. O belo rosto do homem bem-nascido roubou-lhe o fôlego. Seu cabelo castanho dourado estava desgrenhado, como se ele tivesse passado as mãos pelas ondas repetidamente ao longo da longa noite. Seus olhos cinza-claros eram encimados por longos cílios escuros. Se ele não fosse tão rudemente bonito, aqueles olhos teriam parecido femininos. Mas seu físico forte indicava que era um homem que passava algum tempo ao ar livre, e ninguém jamais o confundiria com uma mulher. Ela percebeu que seu piscar confuso provavelmente a fazia parecer uma simplória, mas mal conseguia organizar seus pensamentos, pois eles estavam muito dispersos.
Vendo a preocupação se formando em seus olhos, apesar do seu ar de tédio que declarava que raramente se importava com qualquer coisa, Daisy se recompôs o suficiente para lembrar-se de sua pergunta.
— Obrigada, milorde, ficarei perfeitamente bem. — Daisy percebeu que seu tom soava repressivo e empertigado, mas não se conteve.
— Você não parece perfeitamente bem. — A observação do belo cavalheiro soou vaga. A ênfase em “parece” implicava que, embora ele fosse impaciente, era evidente até mesmo para ele que nem tudo estava bem com Daisy.
Daisy estava começando a achar sua presença irritante e podia facilmente ver além de sua beleza notável. Agora que sua língua não estava mais presa ao céu da boca, ela conseguiu usá-la. — Eu realmente não preciso de nenhuma ajuda sua, milorde — começou ela, sem se incomodar em disfarçar seu desdém. — Você pode continuar com seu próprio negócio sem se preocupar com o meu.
A disposição alegre de Daisy geralmente a impedia de ser sarcástica, mas ela sentiu seu nariz enrugar-se ao observar o jovem à sua frente. Suas roupas declaravam que ele era um adepto da moda, beirando a ser um dândi. Era óbvio que ele era um nobre rico, talvez até um aristocrata. Esse pensamento fez seu lábio se curvar um pouco com sentimentos de desprezo. O ar de autoridade com que ele se portava, apesar de ter bebido demais na noite anterior, declarava sua posição em voz alta sem que ele dissesse uma palavra. Seu ressentimento começou a aumentar apesar de ela saber que era irracional. Ela realmente não deveria ser tão crítica. Em circunstâncias normais, tentaria ser uma pessoa de mente aberta, mas na verdade, “cavalheiros” aristocráticos são todos iguais, ela pensou com uma fungada audível, assim como seu pai sempre lhe dissera.
01- O Debute da Preceptora
02- A Noiva Debutante
03- Doce Rendição
04- A Debutante Relutante
05- Um Debute Perigoso
Série concluída