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27 de junho de 2014

Abraços de Seda

Trilogia Seda 

Laura Stephenson luta para ocultar sua natureza sensual sob uma fachada de rigidez vitoriana, até que o valente Major Ian Cameron lhe faz a uma proposta de casamento que ela se atreve a aceitar.

Depois de anos de cativeiro na Ásia Ocidental que acabaram com seus sonhos, Ian encontra nos olhos ambarinos de Laura a esperança em um futuro que ele acreditava impossível.
Juntos lutam por construir um matrimônio único. 
Mas o perigo e as intrigas que os rodeiam são menos danosos que os segredos ocultos em seus corações.
Só a coragem indomável do verdadeiro amor os fará livres para sair à luz, a selvagem paixão que os dois temem... E desejam.

Capítulo Um

Estação de Baipur, norte da Índia Central.
Pesadelos outra vez. Laura despertou ofegando e se levantou na cama gesticulando e sacudindo o mosquiteiro de musselina que a rodeava. Enterrou tremendo o rosto entre as mãos.
Quando acalmou um pouco o medo, se reprovou por ter se agitado tanto quando seus pesadelos eram muito velhos amigos. 
Começaram quando tinha seis anos, a primeira vez que foi testemunha da violência que podia existir entre um homem e uma mulher.
Com o tempo novas cenas foram se acrescentando aos pesadelos. A pior era a tragédia que destruíra sua infância, embora as imagens não se limitassem aos anos vividos como Larissa Alexandrovna Karelian. De fato, o evento mais humilhante aconteceu depois que se convertera em Laura Stephenson.
Hoje em dia os pesadelos não eram frequentes e geralmente só os tinha diante da perspectiva de uma mudança iminente. Mas infelizmente as imagens não tinham perdido nem um ápice de suas vividas emoções: medo, repugnância e vergonha. Paixão, desastre e morte.
Laura afastou, cansativamente, o cabelo avermelhado da testa úmida. Era uma mulher de vinte e quatro anos geralmente equilibrada, serena e composta ao extremo, mas em seus pesadelos era sempre uma menina frenética e aterrorizada, e por mais que tivesse amadurecido isso não mudara em nada. 
Talvez devesse se conformar e agradecer porque os pesadelos só vinham a ela duas ou três vezes ao ano. Parecia absurdo ter pesadelos quando ela mesma estava encantada diante da mudança que estava por vir. No dia seguinte partiria com seu padrasto para realizar um percurso pelo distrito, que era a parte mais gratificante da rotina anual. Entretanto a perspectiva despertara seus demônios interiores, que tinham lançado um de seus periódicos assaltos.
O ar tinha refrescado, a temperatura era agradável e no terraço os móbiles balançavam brandamente sob a brisa. Laura elevou o mosquiteiro e se levantou descalça. 
Sem fazer caso aos possíveis escorpiões se aproximou da janela, de onde se via a Este, as primeiras luzes do amanhecer. Bom. Aquilo significava que não tinha que dormir de novo.
Como muitos britânicos na Índia, seu padrasto e ela tinham o costume de passear a cavalo muito cedo, antes que se assentasse o calor do dia. 
O homem não demoraria a levantar-se e tomariam o café da manhã juntos, chá com torradas. Depois do passeio ele atenderia seus deveres como coletor do distrito, e ela se encarregaria dos múltiplos detalhes necessários para fechar a casa e preparar a viagem. 
Seria um dia ocupado e previsível. Mas por um momento, antes de acender o lampião, Laura saboreou as melodiosas notas dos móbiles e os outros sons e aromas da noite. 
A brisa acariciava o rosto e a escuridão voluptuosa a chamava. A paixão era a natureza da Índia e às vezes, muito frequentemente, Laura ansiava render-se a ela. 
Passou sem pensar as mãos pelo corpo, percorrendo os seios e os quadris enquanto sentia o quente palpitar da pele sob a fina camisola de musselina. 
Depois, dando-se conta do que estava fazendo, ruborizou-se e deu as costas à perigosa sensualidade da noite.

Trilogia Seda
1 - Beijos de Seda
2 - Segredos de Seda
3 - Abraços de Seda
Trilogia Concluída

2 de dezembro de 2013

Segredos de Seda

Trilogia Seda 
Aos dezessete, a megera Juliet Cameron tinha tudo.

Era formosa, tinha o mundo, pois ao ser filha de um diplomata britânico, tinha viajado muito, e havia se casado com o galhardo aventureiro Lorde Ross Carlisle. Mas a rígida moral da sociedade vitoriana e o temor de que seu amor apaixonado por Ross engolisse todas as forças de seu espírito, obrigam-na a escapar para sua amada Pérsia, a terra de sua infância.
Doze anos mais tarde, Lorde Ross Carlisle viaja à terra adotiva de Juliet para cumprir uma promessa.
Ali se reencontram e, ao viajar juntos em uma perigosa missão de resgate através do exótico Meio Oriente, o casal terá que enfrentar perigos desconhecidos.
E, enquanto a paixão se acende sob o impassível sol do deserto, é Juliet que começa a sentir-se apanhada em um amor adiado por muito tempo...

Capítulo Um

Londres, outubro de 1840
Lorde Ross Carlisle bebeu um gole de brandy enquanto pensava divertido que ver dois pombinhos fazer-se carinhos, era suficiente para conseguir que um homem partisse aos mais afastados limites da terra, que era exatamente onde Ross estava a ponto de ir. 
O fato de que os felizes apaixonados fossem seus melhores amigos não facilitava as coisas. Possivelmente inclusive as faziam mais difíceis.
Contemplou a cômoda sala iluminada com a suave luz dos candelabros onde estavam desfrutando de uma taça depois do jantar, brandy para os dois homens e limonada para Lady Sara, que estava nas primeiras etapas da gravidez e perdera o gosto pelo álcool. 
Os três tinham passado muitas noitadas como aquela e Ross sentira falta da conversa e a companhia.
O anfitrião de Ross recordou finalmente suas obrigações. Rompeu a silenciosa comunhão que estava compartilhando com sua esposa e levantou a garrafa.
— Um pouco mais de brandy, Ross?
— Muito pouco, por favor. Não quero beber muito, ou não terei a cabeça em condições para viajar pela manhã.
Mikahl Connery serviu uma pequena quantidade do líquido âmbar nas taças. Levantou a sua e ofereceu um brinde.
— Que tenha uma excitante e produtiva viagem.
Sua esposa, Lady Sara Connery, levantou seu copo e acrescentou.
— E que depois de toda a excitação, tenha uma feliz viagem de volta a casa.
— Beberei alegremente por ambos os desejos — Ross olhou Sara com muito carinho.
O matrimônio tinha assentado muito bem. Era sua prima e ambos compartilhavam a pouco habitual combinação de olhos castanhos e cabelos loiros, mas Sara tinha uma serenidade interior que Ross nunca tinha conhecido. Durante muitos anos a única paz que tinha encontrado fora nas viagens, em enfrentar desafios onde devia empregar toda sua mente e destreza.
— Não sofra por mim, Sara. O Levante é menos perigoso que outros muitos lugares onde estive. Certamente é muito mais seguro que as terríveis montanhas onde conheci seu inquietante marido.
Mikahl bebeu um gole e deixou a taça sobre a mesa.
— Possivelmente chegou a hora de que abandone seu incessante errar e se acomode, Ross — comentou com uma faísca risonha em seus olhos de uma cor verde brilhante. Apoiou uma de suas grandes mãos sobre a de Sara — Uma esposa é muito mais excitante que o deserto ou as ruínas de uma cidade.
— Não existe fanático maior que um convertido — replicou Ross com um sorriso — Quando chegou a Inglaterra faz um ano e meio, foi o primeiro em rir diante da idéia do matrimônio.
— Mas agora sou muito mais sábio — Mikahl apoiou um braço nos ombros de sua esposa e a atraiu para ele — É claro, somente há uma Sara, mas em algum lugar da Inglaterra deveria poder encontrar a uma esposa adequada.
Possivelmente foi pelo brandy, ou possivelmente apenas foi pura picardia da parte de Ross.
— Sem dúvida está certo — afirmou — mas tal modelo não tem nenhum valor em meu caso. Alguma vez mencionei que já tenho uma esposa?
Para sua satisfação, Ross viu que por uma vez conseguiu surpreender seu amigo.
— Sabe perfeitamente bem que nunca me disse tal coisa — manifestou Mikahl.
Franziu o sobrecenho e suas sobrancelhas negras quase se tocaram.
Sem acabar de acreditar olhou sua esposa com uma expressão interrogativa. Sara confirmou com um gesto.
— É muito certo, querido. Eu fui uma das damas de honra nas bodas — Olhou seu primo com uma expressão grave e acrescentou — Faz doze anos.
— Fascinante. 

Trilogia Seda
1 - Beijos de Seda
2 - Segredos de Seda
3 - Abraços de Seda
Trilogia Concluída
 

Beijos de Seda

Trilogia Seda
Chamava-se Peregrine e, como o falcão, era um homem selvagem e livre, extremamente atraente, fabulosamente rico, e deslumbrantemente sedutor que, procedente do Oriente Médio, abria passo na Sociedade vitoriana com decisão.
Mas seu único desejo era vingar-se de Charles Weldon, um desalmado proprietário de bordéis que, tempo atrás, converteu-se em seu inimigo.
E o plano de Peregrine não poderia ser mais diabólico: primeiro, seduzirá Sarah, a prometida...

Capítulo Um

A mensagem chegou logo a Lorde Ross Carlisle, que subiu a bordo do Kali ao fim de duas horas. Enquanto o alto e magro inglês subia à parte coberta do navio e era iluminado pela luz da lanterna, Peregrine o observava de um lugar estratégico entre as sombras.
Fazia dois anos que não se viam, e se perguntou quanto fortes resultariam ser os vínculos da amizade ali, na Inglaterra. 
Para o filho mais novo de um Duque, uma coisa era confraternizar com um aventureiro de duvidoso passado nas terras selvagens da Ásia, e outra muito diferente era introduzir a este homem em seu círculo. 
Os dois homens não podiam ter procedências mais diferentes, mas apesar disso existira entre ambos uma surpreendente harmonia de mente e de agir.
Inclusive à beira da morte nas montanhas da cordilheira Hindu Kush, Lorde Ross se mostrou inconfundivelmente como um aristocrata inglês. Agora, iluminado pela lanterna e usando peças de vestuário, cujo preço serviria para alimentar durante uma década a uma família Kafir, parecia o que era: um homem nascido na classe dirigente do maior império que o mundo jamais havia conhecido, com todo o aprumo dos de sua classe.
Peregrine se afastou do mastro e entrou na zona iluminada.
— Me alegro de que minha mensagem o encontrasse em casa, Ross. Foi muito amável vindo tão depressa.
Os dois homens se olharam nos olhos. Os de Lorde Ross eram castanhos, o que constituía um inesperado contraste com seu cabelo loiro. Entre eles sempre tinha existido competição, assim como amizade, e os motivos por trás deste encontro não seriam simples.
— Tinha que ver se era você realmente, Mikahl. — O inglês lhe estendeu a mão. — Jamais acreditei que o veria em Londres.
— Disse que viria, Ross. Não tinha que duvidar de mim. — Apesar do cansaço que se respirava no ambiente, Peregrine apertou com força a mão do outro homem, surpreso pelo grande prazer que sentia por este encontro. — Ceiou?
— Sim, mas tomaria com prazer uma taça desse brandy excepcional que sempre parece ter.
— Paramos na França especialmente para repor meu estoque. — Peregrine o guiou até seu suntuoso camarote, e quando chegaram nele examinou a seu companheiro. Lorde Ross era a viva imagem do lânguido aristocrata inglês; realmente tinha mudado tanto?
Cedendo a um impulso malicioso, Peregrine decidiu averiguá-lo. Sem avisar, virou sobre seus calcanhares e o golpeou com o cotovelo direito no estômago com tanta força que teria derrubado a um boi. Deveria ter sido um golpe que o incapacitasse, mas não foi.
Com a velocidade do raio, Ross agarrou o braço de Peregrine antes que o cotovelo pudesse tocá-lo. Logo o dobrou e retorceu, e lançou seu anfitrião no centro do camarote com um só movimento, suave e contínuo.
Quando aterrissou sobre seu ombro direito, Peregrine automaticamente encolheu seu corpo e rodou, indo parar de costas em um dos biombos. 
Se tivesse sido uma briga a sério teria reagido e teria se posto em ação, mas nesta ocasião ficou quieto no chão atapetado e conteve o fôlego.
— Me alegro de ver que a civilização não o abrandou. — Então sorriu, com a sensação de que os dois anos de separação tinham desaparecido. — Este movimento não aprendeu de mim.
Ross, cujo lenço e cabelo já não estavam impecáveis, rompeu em gargalhadas com expressão infantil.
— Decidi que, se era verdade que tinha vindo à Inglaterra, era melhor que estivesse preparado, velho diabo. — Estendeu uma mão para ajudá-lo a se levantar. — Paz?
— Paz 

Trilogia Seda
1 - Beijos de Seda
2 - Segredos de Seda
3 - Abraços de Seda
Trilogia Concluída