Série Irmãos de Armas
Senhor de Dunkeathe tinha força e astúcia,só lhe faltava uma esposa para ter também poder e riqueza.
Seria alvo da inveja de todos…
Todavia, embora inúmeras mulheres competissem pelos seus favores, ele só se sentia atraído pela atrevida e inteligente lady Riona, a mulher que, de todas, menos lhe convinha.Lady Riona sabia que o arrogante cavaleiro normando jamais escolheria para esposa uma escocesa pertencente a uma família pobre.
E, no entanto, havia tanto desejo nos seus olhos que até ela sentia a tentação de cair rendida a seus pés.
Que Deus a ajudasse, mas Nicholas estava a fazer com que pensasse na possibilidade de perder a sua virtude, perante a promessa de passar uma noite entre os seus braços...
Capítulo Um
Glencleith, Escócia, 1240
Por favor, Riona, fala com ele - rogava o jovem Kenneth Mac Gordon, de dezoito anos, enquanto passeava junto da sua prima mais velha pelo pequeno pátio da fortaleza de Glencleith.
- Não me ouvirá, mas talvez te ouça a ti. Senhores ou não, somos pobres e tem de parar de oferecer comida e refúgio a todas as pessoas que aparecem à sua porta ou não ficará uma única moeda.
- Sim - afirmou Riona Mac Gordon, para sua tristeza, mas partir-lhe-á o coração não poder oferecer hospitalidade.
O ruivo Kenneth brandiu o punho para enfatizar o seu argumento.
- O pai deve enfrentar os factos. Somos cada vez mais pobres.
Tem de parar de convidar todos os desconhecidos que se cruzam no seu caminho para comerem e para se alojarem no seu lar.
- Falarei com ele e tentarei fazê-lo compreender que devemos ser mais cuidadosos
- concedeu Riona, enquanto chegavam ao portão.
Perto deles, as galinhas bicavam a terra dura junto dos estábulos.
As cercas de madeira que formavam o muro exterior estavam completamente desmanteladas em vários pontos e o portão não teria conseguido deter uma criança que estivesse decidida a entrar.
Talvez queira ouvir-me se lhe disser que a única herança que tem é um pedaço de terreno rochoso e uma fortaleza em ruínas.
- Também devias dizer-lhe que também não resta nada para o teu dote.
- Não me importo com o dote - respondeu Riona.
O teu pai já fez muito ao acolher-me quando era criança e, depois, ao tratar-me como se fosse filha dele.
Além disso, eu já sou muito velha para pensar no casamento.
Há muito tempo que deixei a mocidade para trás e não tive nenhum pretendente que me interessasse.
- Ainda não és demasiado velha.
Aquele homem de Arlee não parecia importar-se com a tua idade.
- Porque era um cinquentão desdentado.
Se esses são os cavaleiros que me querem, prefiro morrer como donzela.
- Depois de te levantares do leito da dor para verificar se estava tudo em ordem antes de morreres - indicou Kenneth.
- Alguém tem de se ocupar de ti e do teu pai.
- Sim e do resto das pessoas de Glencleith.
Quantas casas visitaste durante as últimas duas semanas?
Quantas queixas ouviste e resolveste sem incomodar o pai?
Riona sorriu.
- Não me importo de o fazer.
E as mulheres sentem-se melhor quando me contam os seus problemas.
- Fazes um grande trabalho a evitar as preocupações do pai, embora talvez lhe fizesse bem preocupar-se um pouco de vez em quando. Talvez abra finalmente os olhos se lhe disser que não tenho dinheiro e que tu não tens dote.
Riona suspirou e apoiou-se na paliçada de madeira, que rangeu intensamente, fazendo com que a jovem se endireitasse imediatamente.
- Como eu gostaria que o tio tivesse muito dinheiro e uma boa propriedade, que pudesse viver ao seu desejo, sem se preocupar com nada!
Merece isso e mais. É um homem tão bom, tão generoso...
Ele ensinaria um pouco de hospitalidade a esses senhores Normandos!
- É claro que sim - concordou Kenneth, afastando dos olhos um caracol do seu cabelo frondoso e dando um pontapé numa pedra próxima.
- Algum dia, Riona, as coisas melhorarão. Prometo-te.
- Pelo menos, o nosso povo pode estar tranquilo, sabendo que serás tão bom senhor como o teu pai, embora, talvez, um pouco mais prático.
O comentário suscitou um sorriso no rosto sardento de Kenneth, onde preponderavam ainda os traços adolescentes.
- Espero que sim. Diz-me, achas seriamente que o velho Mac Dougan está tão doente como diz? Está sempre moribundo ou, pelo menos, diz que está.
- Sim, acredito - respondeu Riona. - Estava muito pálido da última vez que o vi. Estou convencida de que não está bem. Tentei convencê-lo a sair da sua casa em ruínas, mas não quis fazer-me caso.
- A única coisa que fez foi aceitar o carvão e a comida que lhe levaste, não foi assim?
- Sim, mas preocupa-me. Está ali sozinho. Talvez conseguisse convencê-lo...
- "Oh, havia uma bonita menina de Killamagro!" cantou uma voz masculina, à frente do portão.
Ambos ficaram tensos.
- Ali está o pai - observou Kenneth desnecessariamente, já que só havia um homem em Glencleith que cantasse tão alto e com tanta entrega.
- Parece contente. Muito contente.
Riona não disse que o seu tio Fergus parecia sempre contente.
Se tivesse parecido triste, teria sido motivo de surpresa.
- Espero que isso signifique que conseguiu um bom preço pela lã - declarou, enquanto abria a porta.
- Eu espero que não tenha trazido consigo a meia dúzia de vagabundos que encontrou pelo caminho acrescentou Kenneth, enquanto se apressava a ajudá-la.
- Devia ter ido com ele. Tê-lo-ia feito se ele ainda cá estivesse quando regressei da caça. Quase parece que fez de propósito.
Pelo bem da harmonia familiar, Riona não disse a Kenneth que era assim.
Ela tentara convencer o seu tio Fergus a esperar pelo seu filho, mas ele despediu-se, dizendo que já vendia lã antes de ela nascer.
Era verdade, mas Riona também suspeitava que já o enganavam com os preços antes de ela nascer.
Se está de bom humor - começou Kenneth, talvez seja o melhor momento para lhe sugerires que seja mais... ou menos...
- Falarei com ele agora mesmo - respondeu Riona. Adiar a conversa não ia facilitar as coisas.
Série Irmãos de Armas
1 - A Dama e o Bárbaro
2 - Uma Dama para um Cavalheiro
3 - Casamento Combinado
4 - A Dama Desejada
5 - Desejo Proibido
6 - Desejo Soberano
7 - Inimigos nas Sombras – na lista
8 - Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro