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17 de julho de 2019

Cúmplices nas Sombras

Série Irmãos de de Armas

Um foragido com mais honra que a maioria dos cavaleiros salvou Lady Elizabeth D’Averette de um destino pior que a morte, e ela decidiu recompensar sua valorosa intervenção. 

Entretanto, não pagaria um preço muito alto ao dormir em sua cama, embora fosse castamente? Finn apreciava a coragem, uma virtude que Lizette tinha em abundância. Seu caráter aventureiro parecia com o dela e estava disposta a acompanhá-lo em uma perigosa missão para resgatar ao Ryder, o irmão de Finn, e trazer à luz alguns segredos muito bem guardados da corte real. No entanto, era possível que uma nobre tão bela pudesse chegar a querer a um plebeu irlandês?

Capítulo Um

Midlands, 1204.
— Acreditava que ia enlouquecer se tivesse que seguir sentada nessa carroça. — Se queixou Lady Elizabeth de Averette, enquanto levantava a barra da saia e se dirigia para beira de um riacho.
— Não acha que deveríamos ficar com os homens? — Perguntou sua donzela que olhava nervosamente à escolta de soldados que também tinham desmontado.
Os homens brincavam e amaldiçoavam entre eles enquanto levavam os cavalos para água ou os deixavam pastando na erva abundante que havia ao lado da estrada. Alguns tinha tirado de seu alforje pedaços de pão ou davam goles de cerveja. 
O líder do cortejo, Iain Mac Kendren, não fazia nenhuma coisa nem outra. Estava com braços nos quadris e com os pés bem plantados no chão, como se fosse uma estátua, apenas o ligeiro movimento de sua cabeça dava a entender que estava vivo e vigilante.
— Ontem à noite ouvi o hospedeiro falar sobre um ladrão que assalta aos viajantes por esta área. — Disse Keldra quase sem respirar pelo medo. — Um homem enorme, bárbaro e espantoso!
Lizette, como conheciam suas irmãs e o povo de Averette, a olhou com um sorriso condescendente. Keldra só tinha quinze anos e não estava acostumada a viajar. Não admirava que se assustasse com qualquer história de ladrões, por mais exagerada ou desatinada que fosse.
— Segundo uma das moças, é um ladrão muito bonito. Também disse que não rouba às mulheres se elas derem um beijo, mas me parece algo saído de canção de um menestrel. Mas, seja como for o ladrão, temos cinquenta homens para nos proteger, além do Iain Mac Kendren, e estou segura de que não nos acontecerá nada.
— Isso espero. — Sussurrou Keldra como temesse que o ladrão pudesse ouvi-la.
Lizette, sorridente e encantada de sair da fechada carroça, tirou a tiara de prata e o véu de seda e se agachou à beira do riacho.
— Se ele se contenta com um beijo em vez de minhas roupas e joias, acredito que até poderia me divertir conhecendo-o.
— Milady...! — Exclamou Keldra escandalizada, o qual demonstrou o pouco que conhecia a sua senhora.
Lizette pegou água com as mãos e a levou aos lábios.
— Você não gostaria de beijar um canalha bonito?
— Não se for um foragido!
— Eu preferiria beijar a um foragido bonito do que alguns cortesãos, que acham obviamente que eu quero casar com eles. 

8 de setembro de 2018

Inimigos nas Sombras

Série Irmãos de de Armas
Longe das intrigas da corte, Lady Gillian só desejava cuidar da propriedade de sua família e cumprir com sua promessa de nunca se casar.

Então chegou ao castelo D’Averette Sir Bayard de Boisbaston, para adverti-la de um possível perigo e proteger a todos aqueles que se encontrassem ali. Quem era esse homem para fazer-se dono e senhor de seu castelo desse modo? Não importava que possivelmente era o cavaleiro mais bonito do reino ou que ele a fizesse repensar sua promessa…
A honra obrigava a Sir Bayard a proteger a Lady Gillian, mas não teria imaginado que para isso teria que brigar com a mesma dama. Gillian era uma mulher de caráter que não demorou para conseguir que ele começasse a conspirar. Tinha que encontrar a maneira de convencê-la de que lhe seria útil ter um cavaleiro perto, não só no campo de batalha… mas também no quarto.


Capítulo Um

Inglaterra, 1204
Os anéis de ferro da cota de malha tilintaram quando Sir Bayard de Boisbaston levantou o braço direito para que seus homens parassem.
— E bem, Frederic, o que te parece o Castelo de Averette? — Perguntou a seu jovem escudeiro, enquanto assinalava ao outro lado do vale arborizado.
Frederic de Sere semicerrou os olhos para observar melhor a fortaleza de pedra cinza sobre a elevação e se balançou com nervosismo sobre a sua montaria.
— Pequeno, não é mesmo?
— Daqui dá essa impressão, — concordou Bayard — mas recorda que nem todos os castelos têm uma estrutura circular. Pode ser que as muralhas e as demais torres que levam à estrada principal estejam do outro lado.
Assinalou as torres em ambos os lados da entrada.
— Os arqueiros têm uma boa visão do rastelo e um bom ângulo para disparar a qualquer um que se aproxime da entrada.
Bayard também tinha notado que as margens da estrada estavam limpas de árvores e arbustos, e que tinham deixado uma faixa de terreno coberto de samambaias de pelo menos trinta metros de largura a cada lado do caminho. Nem inimigos nem bandoleiros que fugissem a pé poderiam emboscar a qualquer viajante sem lhes dar tempo de desembainhar a espada e defender-se.
— Sim, já o vejo, Milorde. — Comentou Frederic enquanto retirava dos olhos um cacho de cabelo castanho.
— Em marcha para Averette. — Ordenou Bayard enquanto fustigava a seu cavalo.
Além de ser um homem temível, e certamente o tinha sido, o falecido senhor de Averette tinha sido inteligente, ao menos quanto a defesa. Nisso ia pensando Bayard enquanto ele e seus homens avançavam em silêncio pela borda do rio para o que parecia uma próspera aldeia. Passaram diante do lago com seu moinho que o provia de água, a roda girava com um movimento lento e constante. O gado mugia em um prado próximo, e ao lado algumas ovelhas cercadas, e um pouco mais à frente do caminho se escutavam os grasnidos dos gansos e o cacarejar das galinhas das granjas.
O povo em si não era muito, mas os edifícios estavam em bom estado e as pessoas pareciam bem alimentadas. Um punhado de meninos esfarrapados saíram a olhá-los, boquiabertos, de um beco entre o posto de um vendedor de velas e uma estalagem que tinha um pôster com a cabeça de um veado. À porta da estalagem havia uma jovem de abundante busto que os observou com olhos de cobiça e calculadora. Se pensava que faria ganho com ele, pensou Bayard estava muito equivocada.


18 de novembro de 2012

Uma Dama para um Cavalheiro

Série Irmãos de Armas

Senhor de Dunkeathe tinha força e astúcia,só lhe faltava uma esposa para ter também poder e riqueza. 

Seria alvo da inveja de todos…
Todavia, embora inúmeras mulheres competissem pelos seus favores, ele só se sentia atraído pela atrevida e inteligente lady Riona, a mulher que, de todas, menos lhe convinha.Lady Riona sabia que o arrogante cavaleiro normando jamais escolheria para esposa uma escocesa pertencente a uma família pobre.

E, no entanto, havia tanto desejo nos seus olhos que até ela sentia a tentação de cair rendida a seus pés.
Que Deus a ajudasse, mas Nicholas estava a fazer com que pensasse na possibilidade de perder a sua virtude, perante a promessa de passar uma noite entre os seus braços...


Capítulo Um

Glencleith, Escócia, 1240

Por favor, Riona, fala com ele - rogava o jovem Kenneth Mac Gordon, de dezoito anos, enquanto passeava junto da sua prima mais velha pelo pequeno pátio da fortaleza de Glencleith.
- Não me ouvirá, mas talvez te ouça a ti. Senhores ou não, somos pobres e tem de parar de oferecer comida e refúgio a todas as pessoas que aparecem à sua porta ou não ficará uma única moeda.
- Sim - afirmou Riona Mac Gordon, para sua tristeza, mas partir-lhe-á o coração não poder oferecer hospitalidade.
O ruivo Kenneth brandiu o punho para enfatizar o seu argumento.
- O pai deve enfrentar os factos. Somos cada vez mais pobres.
Tem de parar de convidar todos os desconhecidos que se cruzam no seu caminho para comerem e para se alojarem no seu lar.
- Falarei com ele e tentarei fazê-lo compreender que devemos ser mais cuidadosos
- concedeu Riona, enquanto chegavam ao portão.
Perto deles, as galinhas bicavam a terra dura junto dos estábulos.
As cercas de madeira que formavam o muro exterior estavam completamente desmanteladas em vários pontos e o portão não teria conseguido deter uma criança que estivesse decidida a entrar.
Talvez queira ouvir-me se lhe disser que a única herança que tem é um pedaço de terreno rochoso e uma fortaleza em ruínas.
- Também devias dizer-lhe que também não resta nada para o teu dote.
- Não me importo com o dote - respondeu Riona.
O teu pai já fez muito ao acolher-me quando era criança e, depois, ao tratar-me como se fosse filha dele.
Além disso, eu já sou muito velha para pensar no casamento.
Há muito tempo que deixei a mocidade para trás e não tive nenhum pretendente que me interessasse.
- Ainda não és demasiado velha.
Aquele homem de Arlee não parecia importar-se com a tua idade.
- Porque era um cinquentão desdentado.
Se esses são os cavaleiros que me querem, prefiro morrer como donzela.
- Depois de te levantares do leito da dor para verificar se estava tudo em ordem antes de morreres - indicou Kenneth.
- Alguém tem de se ocupar de ti e do teu pai.
- Sim e do resto das pessoas de Glencleith.
Quantas casas visitaste durante as últimas duas semanas?
Quantas queixas ouviste e resolveste sem incomodar o pai?
Riona sorriu.
- Não me importo de o fazer.
E as mulheres sentem-se melhor quando me contam os seus problemas.
- Fazes um grande trabalho a evitar as preocupações do pai, embora talvez lhe fizesse bem preocupar-se um pouco de vez em quando. Talvez abra finalmente os olhos se lhe disser que não tenho dinheiro e que tu não tens dote.
Riona suspirou e apoiou-se na paliçada de madeira, que rangeu intensamente, fazendo com que a jovem se endireitasse imediatamente.
- Como eu gostaria que o tio tivesse muito dinheiro e uma boa propriedade, que pudesse viver ao seu desejo, sem se preocupar com nada!
Merece isso e mais. É um homem tão bom, tão generoso...
Ele ensinaria um pouco de hospitalidade a esses senhores Normandos!
- É claro que sim - concordou Kenneth, afastando dos olhos um caracol do seu cabelo frondoso e dando um pontapé numa pedra próxima.
- Algum dia, Riona, as coisas melhorarão. Prometo-te.
- Pelo menos, o nosso povo pode estar tranquilo, sabendo que serás tão bom senhor como o teu pai, embora, talvez, um pouco mais prático.
O comentário suscitou um sorriso no rosto sardento de Kenneth, onde preponderavam ainda os traços adolescentes.
- Espero que sim. Diz-me, achas seriamente que o velho Mac Dougan está tão doente como diz? Está sempre moribundo ou, pelo menos, diz que está.
- Sim, acredito - respondeu Riona. - Estava muito pálido da última vez que o vi. Estou convencida de que não está bem. Tentei convencê-lo a sair da sua casa em ruínas, mas não quis fazer-me caso.
- A única coisa que fez foi aceitar o carvão e a comida que lhe levaste, não foi assim?
- Sim, mas preocupa-me. Está ali sozinho. Talvez conseguisse convencê-lo...
- "Oh, havia uma bonita menina de Killamagro!" cantou uma voz masculina, à frente do portão.
Ambos ficaram tensos.
- Ali está o pai - observou Kenneth desnecessariamente, já que só havia um homem em Glencleith que cantasse tão alto e com tanta entrega.
- Parece contente. Muito contente.
Riona não disse que o seu tio Fergus parecia sempre contente.
Se tivesse parecido triste, teria sido motivo de surpresa.
- Espero que isso signifique que conseguiu um bom preço pela lã - declarou, enquanto abria a porta.
- Eu espero que não tenha trazido consigo a meia dúzia de vagabundos que encontrou pelo caminho acrescentou Kenneth, enquanto se apressava a ajudá-la.
- Devia ter ido com ele. Tê-lo-ia feito se ele ainda cá estivesse quando regressei da caça. Quase parece que fez de propósito.
Pelo bem da harmonia familiar, Riona não disse a Kenneth que era assim.
Ela tentara convencer o seu tio Fergus a esperar pelo seu filho, mas ele despediu-se, dizendo que já vendia lã antes de ela nascer.
Era verdade, mas Riona também suspeitava que já o enganavam com os preços antes de ela nascer.
Se está de bom humor - começou Kenneth, talvez seja o melhor momento para lhe sugerires que seja mais... ou menos...
- Falarei com ele agora mesmo - respondeu Riona. Adiar a conversa não ia facilitar as coisas.


Série Irmãos de Armas
1 - A Dama e o Bárbaro
2 - Uma Dama para um Cavalheiro
3 - Casamento Combinado
4 - A Dama Desejada
5 - Desejo Proibido
6 - Desejo Soberano
7 - Inimigos nas Sombras – na lista
8 - Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro
 

18 de setembro de 2011

Desejo Proibido

Série Irmãos de Armas
Desde o momento em que se conheceram, lady Beatrice desejou o cínico sir Ranulf, mas como filha de um traidor, sua reputação estava manchada e o matrimônio era algo impossível para ela. 

Com a certeza de que jamais poderia compartilhar sua vida com o homem de seus sonhos, a jovem donzela pensou que talvez pudesse estar com ele só por uma noite…
Ranulf jamais pensou que poderia amar uma mulher o suficiente para casar-se com ela… até que conheceu Bea.
Um cavalheiro sem riquezas e sem poder tinha pouco para oferecer a uma dama.
Entretanto, sua situação mudou quando seu senhor o pôs no comando de um castelo da Cornualha, e ali foi onde Bea apareceu de surpresa… com a intenção de seduzi-lo…

Nota Revisora Cléria Janice: Uma história de amor, recheada de aventura e dinamismo. O mocinho e um guerreiro duro acostumado e vencer batalhas e não está preparado para admitir que ama a mocinha que é uma jovem muito esperta inteligente e sabe o que quer. O amor do mocinho. Impressionante como as mulheres eram inocentes e ingênuas e ao mesmo tempo impetuosas, destemidas... Guerreiras por que não.

Capítulo Um

Cornualha, 1244
O senhor de Tregellas nervoso, mudava de posição na poltrona de carvalho que presidia no tablado da grande sala do castelo.
— Bom Deus, sempre demora tanto? — murmurou quase para si mesmo.
Normalmente, lorde Merrick era o mais estóico dos homens e o salão de Tregellas um remanso de paz e conforto.
Entretanto, naquele dia a sua adorada esposa estava dando a luz ao seu primeiro filho no quarto do andar superior, de modo que todo mundo estava nervoso.
Os criados se moviam em silêncio e inclusive os cães de caça permaneciam imóveis sobre as palhinhas que cobriam o chão.
Só o amigo de lorde Merrick, um homem barbado e de cabelo avermelhado, parecia tranqüilo enquanto esperava junto a ele desfrutando de uma taça de vinho.
— Ouvi dizer que o primeiro parto pode se prolongar durante dois ou três dias — disse sir Ranulf.
Merrick o olhou com os olhos entrecerrados.
— Supõe-se que isso tem que me consolar?
Ranulf curvou os lábios em um sorriso irônico.
— Pois a verdade é que sim.
Enquanto Merrick desprezava com um gesto suas palavras, Ranulf deixou sua taça.
— Parece muito tempo para nós e, sem dúvida alguma, parecerá muito mais para sua querida Constance, mas entendi que a primeira vez é normal que o parto se prolongue, sem que isso represente algum perigo para o menino ou para a mãe.
— Não sabia que era um perito em partos.
— E não sou — replicou Ranulf, negando-se a deixar que as maneiras bruscas de seu amigo o ofendessem. Merrick nunca foi conhecido por sua delicadeza. — De verdade, acredito que não tem nada com que se preocupar. Se a sua esposa ou o menino corresse algum risco, a parteira teria mandado chamar você e o sacerdote e pediria à lady Beatrice que saísse do quarto.


Série Irmãos de Armas
1 - A Dama e o Bárbaro
2 - Uma Dama para um Cavalheiro
3 - Casamento Combinado
4 - A Dama Desejada
5 - Desejo Proibido
6 - Desejo Soberano
7 - Inimigos nas Sombras – na lista
8 - Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro

14 de setembro de 2011

A Dama Desejada

Série Irmãos de Armas

Sir Henry era um cavalheiro capaz de realizar autênticas proezas no campo de batalha… e na cama.

Um dia encontrou a duas belas irmãs esperando-o em seu quarto; uma incrivelmente bela e a outra inteligente e segura de si mesma.
Henry escutou atentamente sua proposta: ofereciam-lhe uma generosa quantia em dinheiro em troca de que comandasse seus homens em uma batalha para salvar suas terras.
Seduzido pela beleza de Giselle, mas incrivelmente atraído também pela inteligência de Matilde, Henry aceitou a oferta.
Mas os invasores se aproximavam e Matilde, uma mulher tão complexa como quanto os segredos que guardava, ia ter que confiar em seus desejos mais profundos… e no homem que estava disposto a lutar com todas suas forças para demonstrar sua honra…

Comentário da revisora Waléria: Meninas e meninos, o livro é uma delícia, tem romance, tem ação, a mocinha é insegura por ter passado por problemas, mas se mostra determinada a vencer as dificuldades, o mocinho é fofo.
Uma leitura prazerosa. Boa Leitura.

Capítulo Um

A Raposa e o Cão, no condado de Kent, encontravam-se a quinze quilômetros do castelo de Ecclesford, junto ao caminho que conduzia a Londres.
Era uma estalagem pequena, mas cômoda, com um pátio cercado por um muro e um bar frequentado pelos granjeiros da zona, onde a comida era ligeiramente melhor do que estava acostumado a ser nesse tipo de lugares.
Dentro do edifício estava o bar já mencionado, impregnado de uma fragrância a umidade, cerveja, vinho barato, fumaça procedente da enorme lareira e carne assada.
A luz natural penetrava entre as portinhas de madeira, fechadas para evitar que entrasse o frio úmido daquela manhã dos últimos dias de setembro.
Cinco dias depois de que Roald de Sayres tinha matado o ex-comandante da guarnição do castelo de Ecclesford, duas mulheres subiam desvencilhada escada que conduzia às estadias de hóspedes da estalagem.
Uma delas, loira e formosa, tremia um pouco mais com cada passo que as aproximava das estadias.
A outra ia diante e parecia cheia de segurança e convicção, caminhando alheia ao ranger dos degraus e ao pó que esfregava no ar a seu redor.
Nada ia dissuadir lady Mathilde de cumprir sua missão, nem sequer os acelerados pulsados de seu coração.
—Mathilde, isto é uma loucura! —sussurrou a bela lady Giselle agarrando sua irmã pela capa com tal força que a ponto esteve de tirar o véu de linho branco da cabeça.
Mathilde segurou o véu com a mão e se voltou para olhar sua nervosa irmã.
O certo era que sabia que o que estavam fazendo era uma barbaridade, mas não estava disposta a perder tal oportunidade.
O filho do hospedeiro, que estava a par dos problemas e necessidades que apressavam às duas irmãs, foi a elas no dia anterior para falar do jovem nobre que tinha chegado sozinho a Raposa e o Cão, tratava-se de um bonito cavalheiro normando com muito poucos recursos.
A Mathilde não importava nem um pouco o aspecto que tivesse, de fato teria preferido que fosse feio.
Mas seu interesse era que tivesse pouco dinheiro fazendo com que Mathilde albergasse a esperança de que estivesse interessado em ganhar umas moedas, embora não tivesse o menor interesse por sua justa causa.
O altivo irmão e igualmente altivo amigo que tinha mencionado o cavalheiro também lhe dava esperança de que aquele homem fosse à resposta as suas preces.
—O que outra coisa podemos fazer? —perguntou a sua irmã no mesmo tom discreto.
— Sentar-nos a esperar que Roald nos tire Ecclesford? Se este cavalheiro for quem diz ser, poderia ser exatamente o que necessitamos.
—Pode ser que Roald não questione a vontade de nosso pai - arguiu Giselle, como fazia sempre que Mathilde mencionava seus planos para conseguir que Roald não tentasse sequer fazer-se com algo que não lhe pertencia.
— Ainda não chegou e…


Série Irmãos de Armas
1 - A Dama e o Bárbaro
2 - Uma Dama para um Cavalheiro
3 - Casamento Combinado
4 - A Dama Desejada
5 - Desejo Proibido
6 - Desejo Soberano
7 - Inimigos nas Sombras – na lista
8 - Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro

7 de agosto de 2011

Série Irmãos De Armas

9- A NOIVA DO GUERREIRO


Lady Roslynn de Werre não sabe o que esperar de seu futuro marido, o infame «Urso de Brecon».

Oferecida em matrimônio ao poderoso lorde galês pelo rei, Roslynn teme o pior.
Não tem direito a esperar um enlace por amor, mas em seu coração a dama sonha formar um lar e uma família própria…
Só de olhar lorde Madoc de Llanpowell faz ferver seu sangue.
O tosco guerreiro resulta ser um amante apaixonado e um marido considerado, mas não demora a voltar-se frio e distante.
E quando os segredos do passado de Madoc ameaçam separá-lo de sua noiva, Roslynn sabe que seu futuro em comum está em perigo.
Poderá descobrir a verdade que se oculta sob a armadura do guerreiro e assediar seu coração?

Comentário revisora Regina Werneck: O livro é muito bem escrito. A autora é ótima. A trama é boa e bem desenvolvida. É uma leitura que vale a pena.

Capítulo Um

Gales, 1205.
Lorde Alfred de Garleboine deteve seu cavalo malhado e olhou ao seu redor através da água que jorrava de sua touca.
Caía mais chuva dos pinheiros que flanqueavam a estrada, e estendia pelo ar o intenso aroma das árvores.
A borda do caminho era um lamaçal.
A garoa deixava o céu cinza nublado e o resto da paisagem ficava verde apagado e um marrom sujo.
Pelo terreno havia umas quantas pedras dispersas que pareciam homenzinhos encurvados para não empapar-se.
— Bendito seja Deus, por fim Llanpowell — murmurou o nobre de meia-idade, enquanto seu cavalo revolvia com os cascos o barro e o cascalho.
A jovem dama que viajava a seu lado, coberta por uma capa debruada de pele de raposa, seguiu seu olhar para o castelo, muito mais imponente que o resto das edificações de pedra do sul de Gales.
— Milord!
Ao ouvir aquele grito de alarme, lorde Alfred e lady Roslynn de Werre voltaram à vista e viram um pesado carro de madeira cujas rodas direitas se atolaram em um sulco do caminho, e que estava se inclinando perigosamente.
O carreteiro estava golpeando os cavalos com o látego e exortando-os para que se movessem. Os animais bufavam e puxavam os arreios, mas as rodas seguiam afundando-se no barro.
— Não fiquem aí parados como montões de bosta — disse-lhes lorde Alfred. — Desmontem e façam que se movam essas bestas! — disse aos seis soldados da escolta. — Permaneçam junto à carreta até que chegue ao castelo. Nós continuaremos pelo caminho.
Depois fixou seu olhar cinza, metálico, em lady Roslynn.
— Têm alguma objeção ao feito de deixar aqui a carreta e continuar até o castelo, milady?
— Você está ao mando — disse ela com um sorriso beatífico, que não correspondia absolutamente com a agitação que sentia.
Em realidade, preferia seguir sentada sob o toró que chegar a Llanpowell.
— São necessários seis homens para custodiar a carreta, quando estamos tão perto do castelo de um nobre, e com um tempo tão inclemente?
— Não estou disposto a correr nenhum risco

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1- A Dama e o Barbaro
2- Uma dama para um cavalheiro
3- Casamento Combinado
4- A Dama Desejada
5- Desejo Proibido
6- Desejo Soberano
7- Inimigos nas Sombras – na lista
8- Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro

8 de outubro de 2010

Série Irmãos de Armas

5- DESEJO SOBERANO





Um terrível juramento...

Ela desejava jamais se casar, jamais permitir que homem algum a reivindicasse ou tivesse sua mão em casamento.
Lady Adelaide dispensara diversos caçadores de fortuna ao chegar à Corte do rei.
No entanto, quando sussurros nos sombrios corredores do castelo a jogaram nos braços de um valente cavaleiro em busca de uma esposa, a bela herdeira começou a questionar seu solene juramento.

Um audacioso noivado...
Para pagar o resgate de seu irmão, Armand de Boisbaston precisava de uma esposa rica e disposta a ajudá-lo.
Em vez disso, o destino lhe enviou Adelaide, uma mulher que afirmava querer evitar o leito nupcial, mas cujos lábios contavam outra história.
As perigosas intrigas da Corte, no entanto, estavam prestes a obrigá-los a uma união tão inescapável quanto a paixão que nascia entre eles...

Capítulo Um

Wiltshire, 1204

— Fique de olhos abertos, Bert — disse o soldado robusto, para seu colega mais jovem, junto aos portões do Castelo Ludgershall. — Não estou gostando do modo desse sujeito.
Bert, magrinho e cheio de sardas no rosto juvenil, parou de olhar para o cavaleiro que se aproximava, olhando Godwin com surpresa.
— Ele está sozinho, não está? Não pode estar pensando em atacar esse castelo por conta própria. Só poderia estar louco, já que estamos abarrotados de soldados, enquanto o rei está aqui.
— Tolos e loucos já causaram problemas antes disso — alertou Godwin —, e esse cavaleiro aparenta ter capacidade de liquidar uma dúzia de homens, antes de cair.
— Como sabe que ele é um cavaleiro? — perguntou Bert.— Onde estão seus homens? Os escudeiros? Pajem? Ele não traz nem serviçais, nem bagagem. Provavelmente é mais um daqueles forasteiros que o rei contratou.
Bert cuspiu de aversão. Como a maioria dos soldados ligados ao seu lorde pela terra e a lealdade, ele detestava mercenários, e os que o rei João Sem Terra empregara eram da pior espécie.
Godwin sacudiu a cabeça.
— Ele, não. Olhe a forma como está sentado naquele cavalo. O bicho não é grande coisa, mas só um cavaleiro bem treinado monta daquela forma, como se fosse uma dama costurando. E ele está com a malha de armadura, não está? E uma espada e, a menos que eu esteja ficando cego, há uma clava amarrada à sua sela.
— Muitos homens carregam selas — respondeu Bert —, e sentam eretos quando cavalgam. Além disso, que tipo de cavalo é aquele, para um cavaleiro? Deveria estar puxando uma carroça de feno. Seu sobretudo também já teve dias melhores. E olhe aqueles cabelos. Que tipo de cavaleiro usa os cabelos até os ombros? O sujeito parece mais um viking, ou um daqueles escoceses do norte.
— Confie em mim. Aquele homem é um cavaleiro, ou eu sou uma freira.
— Bem, supondo que seja — cogitou Bert —, por que se preocupar? Nós temos cavaleiros de sobra indo e vindo.
— Como esse, não — respondeu Godwin, saindo da torre da fortaleza para desafiá-lo.
Conforme o estranho obedientemente sofreava seu cavalo, Godwin estudou o rosto sério do homem, suas feições angulosas e os traços de seus lábios. Não, esse não era um homem comum, fosse mercenário, cavaleiro ou lorde.
— É Godwin, não é? — perguntou o estranho, com uma voz grave e rouca.
Ao som da voz familiar e dando uma olhada mais atenta ao rosto esguio, Godwin resfolegou ao reconhecê-lo. Ele imediatamente baixou a lança e abriu um sorriso largo no rosto, fazendo com que a cicatriz em seu queixo também se curvasse.
— Perdoe-me, milorde! — gritou ele de alegria e alívio. — Mas que surpresa, e uma surpresa boa, diga-se de passagem! Fiquei muito feliz em saber que o senhor não tinha morrido.
— E eu fico feliz em não ter morrido — disse lorde Armand de Boisbaston, girando e descendo do cavalo. Ele olhou o segundo guarda, que ainda estava com a lança em punho. — Será permitida a minha entrada em Ludgershall, ou não? Godwin gesticulou para Bert baixar a lança.
— Esse é o lorde Armand de Boisbaston, um bom amigo do conde. Esteve aqui pela última vez... quando mesmo? Três anos atrás, milorde?
Quando o cavaleiro assentiu, Bert fez como lhe foi dito.
— Perdão, milorde. Isso foi antes de meu tempo.
— Não tem importância — respondeu lorde Armand. — Você foi sábio em negar minha entrada, até que soubesse que eu não era um inimigo, principalmente se o seu amado soberano estiver aí dentro.




Série Irmãos de de Armas
1- A Dama e o Barbaro
2- Uma dama para um cavalheiro
3- Casamento Combinado
4- A Dama Desejada
5- Desejo Proibido
6- Desejo Soberano
7- Inimigos nas Sombras – na lista
8- Cumplices nas Sombras- idem

9- A Noiva do Guerreiro

18 de novembro de 2009

A Dama e o Bárbaro

Série Irmãos de Armas

Lady Marianne não acreditava que a sua vida pudesse tornar-se pior.

Contudo isso foi antes de se encontrar nas agrestes Terras Altas da Escócia, país de bárbaros indomáveis, e de ficar noiva de um velho decrépito.
No entanto, quando um destemido guerreiro bateu à sua porta, sentiu que as suas preces tinham sido ouvidas.

Adair Mac Taran chegou em paz, todavia um só olhar para a bela dama que tinha diante de si bastou para perder a cabeça.
A sedutora dama normanda atraía-o como o canto de uma sereia...de cujo feitiço não queria ser salvo.
De imediato, o ousado filho do chefe do clã Mac Taran jurou libertar Marianne de um casamento sem amor... e fazer dela sua esposa

Capítulo Um

Escócia, 1235

Marianne encontrava-se no purgatório.
Ou pelo menos era o que lhe parecia ao contemplar a paisagem úmida que se avistava da janela da fortaleza do seu irmão.
Estava a chover outra vez, como seria de esperar.
A chuvarada, que escondia, como um véu, os topos cerrados das colinas que rodeavam Beauxville, transformava o pátio de armas num lamaçal e ensopava os andaimes levantados à volta dos muros inacabados do castelo.
Não tinha parado de chover nem um só dia desde que Marianne chegara àquele local nos limites do mundo civilizado.
Se estivesse na Normandia, o sol brilharia e as folhas das árvores seriam de um verde brilhante.
Ela estaria à sombra dos seus ramos, a conversar com umas quantas raparigas da sua idade e a tentar sufocar a gargalhada enquanto os lavradores passavam junto aos muros do convento, de regresso a casa depois do dia de trabalho nos campos.
Os jovens camponeses cantariam as suas canções lascivas, conscientes de que atrás das taipas brancas do convento as raparigas os ouviam e as freiras andariam de um lado para o outro, gorjeando como um bando de pássaros assustados, repreendendo as suas pupilas e a tentar fazê-las entrar no convento.
Se estivesse na Normandia, teria calor e estaria contente, em vez de sozinha, gelada e triste. Ali, pelo contrário, continuava a ter frio apesar de usar uma camisa de linho, um vestido de lã azul-escuro, um manto vermelho com rebordo dourado e um xale de lã verde vivo à volta dos ombros.
Devia ter-se informado melhor quando o seu irmão chegou ao convento e lhe disse que ia levá-la para as suas terras.
Mas tivera tantas ilusões por sair dos limites do convento e estava tão orgulhosa do seu irmão, cujo porte e armas não deixavam de a impressionar, que não lhe perguntara nada. Até a madre superiora parecia diminuída perante Nicholas, e Marianne achava que nem o próprio Papa conseguia intimidá-la.
No entanto, se a madre superiora soubesse que Nicholas pensava levar a sua irmã para ali, para aquele monte de alvenaria e pedras sem polir, onde viveria entre selvagens de cabelo comprido e pernas à mostra, sem dúvida teria pensado que a Escócia não era lugar para uma jovem normanda de berço nobre e educação refinada e teria sugerido a Nicholas que permitisse a Marianne ficar no convento que durante doze anos fora o seu lar, até que encontrasse um marido adequado para ela.
A porta dos seus aposentos abriu-se de repente.
Marianne afastou-se da janela sobressaltada e viu que o seu irmão, o recém-nomeado senhor de Beauxville, entrava calmamente no quarto.
Nicholas usava, como de costume, roupas de lã preta dos pés à cabeça, sem golas nem punhos bordados. O seu único ornamento era a fivela de bronze do cinto da espada.
As suas botas estavam sujas de lama, usava o cabelo úmido e a sua expressão taciturna não permitia adivinhar por que razão decidira ir vê-la aos seus aposentos, onde raramente se aventurava.
- Ah, estás aí, Marianne - disse, como se esperasse que estivesse noutra parte. Passeou o olhar pelos móveis simples e pelo baú pintado de Marianne, e fixou os olhos um momento no bastidor de bordar que ela tinha largado com descuido num canto.
- O que estás a fazer?
- Estava a pensar no convento.
Ele respondeu com um gemido desdenhoso, como costumava acontecer cada vez que Marianne mencionava a sua vida no convento ou falava das suas colegas ou das irmãs.
Mas porque não ia pensar no passado e na sua vida na Normandia?
Por acaso Nicholas achava que podia esquecer aquilo tudo?
Que queria esquecer?
- Não devias estar a vigiar os pedreiros da parede sul? - perguntou com alguma irritação. - Ou a dar atenção àquele velho escocês que chegou esta manhã?
- Os pedreiros estão à espera que pare de chover e Hamish Mac Glogan já se foi embora.
- Se os pedreiros esperarem que o céu fique limpo, talvez nunca acabem o teu castelo - comentou ela enquanto olhava novamente pela janela.
Mas, para sua surpresa,naquele momento não chovia, embora no céu continuasse a haver nuvens cinzentas. - Tantos atrasos vão custar-te uma fortuna.
- Não sabia que percebias tanto sobre a construção de castelos.
- Algumas vezes houve pedreiros a trabalhar no convento e uma vez ouvi a madre superiora queixar-se do que cobravam - respondeu Marianne.
- Tu não estás a consertar alguns tijolos soltos, portanto suponho que...
- Tu não tens de supor nada - interrompeu Nicholas.
- Posso pagar aos pedreiros agora que não tenho de pagar às freiras para cuidarem de ti. O seu tom já não era desdenhoso.
Tinha um laivo estranho de rancor, como se o valor que pagara pelos anos de Marianne no convento lhe tivesse trazido sérias penalidades.
A família de Marianne, no entanto, nunca tivera dificuldades e as freiras nunca lhe tinham insinuado que estivesse ali por caridade, como outras raparigas menos sortudas.
- Era assim tão caro manter-me lá?
- Bastante - respondeu ele. - Mas não vim para falar de dinheiro.
Marianne disse para si que o rancor do seu irmão devia ter uma origem mais misteriosa. Sentou-se num banco e perguntou-se o que teria levado Nicholas ao seu quarto.
- Tiveste notícias de Henry?
Nicholas cruzou os braços sobre o peito amplo e franziu o sobrolho.
- Um soldado não tem tempo de mandar recados à família.
Aparentemente, as coisas não tinham melhorado entre os dois irmãos.
Quando eram pequenos, discutiam sem parar. Na verdade, uma das primeiras coisas que Marianne recordava era o fato de se esconder deles quando lutavam.
- bom, sobre o que querias falar comigo? - perguntou, estranhando a relutância evidente de Nicholas em ir diretamente à questão. O seu irmão era, de modo geral, extremamente direto portanto aquelas hesitações começavam a inquietá-la.
Então ocorreu-lhe uma razão pela qual um irmão podia procurar o conselho da sua irmã. -Trata-se de um assunto de mulheres? - perguntou, esperançada.
- Há alguma mulher que desejes cortejar e vieste pedir-me conselhos?
Nicholas olhou para ela como se tivesse ficado louca.
- Não sejas ridícula. Tenho coisas mais importantes
na cabeça do que cortejar uma mulher e, mesmo que assim fosse, não viria pedir-te conselhos a ti.


Série Irmãos de de Armas
1 - A Dama e o Bárbaro
2 - Uma Dama para um Cavalheiro
3 - Casamento Combinado
4 - A Dama Desejada
5 - Desejo Proibido
6 - Desejo Soberano
7 - Inimigos nas Sombras – na lista
8 - Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro

Casamento Combinado

Série Irmãos de Armas
Seria possível que o amor vencesse?
Lady Constance não estava disposta a casar-se com o homem ao qual estava comprometida desde criança.

Constance lembrava-se de Merrick de Tregellas como
um rapaz mimado e não duvidava de que se transformara num cavalheiro arrogante.
Todavia, quando o enigmático cavalheiro transpôs as portas do castelo,
Constance apercebeu-se de que aquele homem não tinha nada que ver com o rapaz de que se recordava.
De fato, até era possível que se apaixonasse por aquele homem obcecado com as recordações.
Merrick não estava disposto a regressar a Tregellas…
até ver a sua futura esposa. Lady Constance despertava nele uma paixão que nunca sentira antes.
Contudo, o que aconteceria quando ela soubesse a verdade?
Enquanto os seus inimigos conspiravam contra eles, só a confiança podia salvar uma relação que nunca ninguém esperara que se transformasse num grande amor.

Capítulo Um

Abril, 1243
A taberna da Cabeça do Javali gabava-se de ter as empregadas mais belas e asseadas de toda a região. As jovens eram bem-dispostas e, para além disso, satisfaziam os seus clientes de variadas maneiras, sobretudo os cavalheiros e os seus escudeiros, que naquele momento se divertiam no bar.
As moças mexiam-se habilmente entre as mesas, servindo jarros de cerveja e de vinho, rindo-se e brincando com os homens, e avaliando-os, pois sabiam que podiam ganhar numa só noite o mesmo que ganhavam num mês de trabalho.
Só um daqueles homens, que estava sentado em silêncio num canto, dava a impressão de não estar interessado nas mulheres, nem na celebração.
Estava encostado à parede e tinha o olhar fixo no seu copo, completamente alheio ao tumulto alegre que o rodeava.
Outros dois cavalheiros, jovens e fortes como ele, partilhavam a sua mesa.
O mais bonito dos dois, de cabelo castanho e com um sorriso cheio de promessas, divertia-se fazendo com que as mulheres competissem pela sua atenção e se apressassem a levar-lhe o vinho.
O segundo cavalheiro, mais sóbrio, com olhos castanhos e com um olhar astuto, com o nariz direito e estreito e o cabelo avermelhado, parecia mais inclinado a observar as empregadas e a ouvir as suas brincadeiras com um certo cinismo, consciente de que estavam a calcular quanto poderiam cobrar pelos seus serviços entre os lençóis.
- Eh, querida, onde pensas que vais com esse jarro de vinho? - perguntou sir Henry a uma das moças, a mais dotada de todas elas, enquanto a agarrava pelo braço e a sentava ao seu colo.
Ela deixou o jarro de vinho sobre a mesa e, rindo-se, rodeou-lhe o pescoço com os braços. Era um milagre que não abrisse mais o sutiã e revelasse as suas formas por completo, embora certamente não se tivesse importado muito.
- Para aquela mesa, onde pagam - disse a Moça com descaramento.
- Moça, queres manchar a nossa honra? protestou Henry com uma indignação fingida.
- É claro que vamos pagar. Eu e os meus amigos ganhámos vários prémios no torneio. Muitos dos cavalheiros aqui presentes tiveram de nos pagar para recuperar os seus cavalos e as suas armaduras depois de termos triunfado no campo de batalha.
Somos ricos, garanto-te! Ricos!
O cavalheiro silencioso levantou o olhar um instante e depois voltou a fixá-lo no seu copo. Henry virou-se para o seu outro amigo, enquanto a sua mão viajava até aos seios exuberantes da empregada.
- Paga à Moça, Ranulf.
Sir Ranulf arqueou uma sobrancelha com ironia, enquanto abria o seu porta-moedas de pele.
- Suponho que não faz sentido sugerir-te que sejas mais discreto quanto aos nossos lucros, pois não? Estás a transformar-nos no alvo preferido de todos os bandidos que há neste lugar e na Cornualha.
- Amigo, pára de te queixar como uma velha. Não existe ninguém suficientemente bobo para tentar roubar-nos aos três!


Série Irmãos de de Armas
1 - A Dama e o Bárbaro
2 - Uma Dama para um Cavalheiro
3 - Casamento Combinado
4 - A Dama Desejada
5 - Desejo Proibido
6 - Desejo Proibido
7 - Inimigos nas Sombras – na lista
8 - Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro