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15 de janeiro de 2019

Uma Princesa na Escócia

Série Príncipes de Oxenburg 
Era uma vez uma princesa adornada, mas que agora era esfarrapada...

A princesa real Tatiana Romanovin é a bela, rica e mimada, única filha do rei de Oxenburg. Em seu caminho para o casamento do primo nas terras altas da Escócia, ela e sua comitiva são apanhadas por uma gangue de ladrões. Assustados, seus servos fogem, e Tatiana logo se vê sozinha em uma hospedaria sem empregados, sem recursos e sem provas de sua identidade. Desamparada, ela aceita a oferta de um estalajadeiro compreensivo (porém descrente) para trabalhar em troca de um quarto e abrigo enquanto espera por uma resposta à carta que foi enviada para seu primo, o príncipe Nikolai. Sem outra opção, Tatiana esfrega o chão e lava a roupa suja, esperando o príncipe chegar...
“Um orgulhoso lord que perdeu uma vez e agora encontrou...Depois de um final brutal, sangrento...”

Capítulo Um

A chuva desabou sobre as pedras, espalhou ervas espessas e transformou o pátio enlameado em uma lama densa. Dentro do Leão Vermelho, a estalagem mais ao norte da velha estrada de Kinton, o estalajadeiro Ian Drummond abriu a janela da sala comunal para soltar o ar enfumaçado. Era uma noite calma, pois a chuva mantinha todos os bebedores de cerveja mais motivados, amontoados sobre seus próprios lares. Aqueles que ousaram aventurar-se no tempo para provar o bom uísque de Drummond e a excelente comida de sua esposa estavam cheios e acomodados perto do fogo, fumando seus cachimbos.
Enquanto o estalajadeiro respirava grato pelo ar fresco da chuva, uma carruagem bem equipada entrou no pátio, as rodas espirrando em poças profundas quando parou diante da ampla porta.
― Iona, venha aqui! ― Drummond chamou por cima do ombro. ― Lord Buchan veio para o jantar de sexta-feira afinal.
Sua esposa, tão baixa e redonda como ele, levantou o olhar de seu famoso ensopado para seus poucos convidados e sorriu. ― Eu não quero que ele perca a minha torta de veado. Não pela chuva.
Ela colocou a panela de ferro de volta no gancho perto do fogo e, limpando as mãos no avental, veio para ficar ao lado de Ian. Lá fora, um lacaio empacotado desceu do banco e correu para abrir a porta da carruagem. O jovem então ficou bem fora do caminho, quando Lord Buchan desembarcou. Alto e moreno, vestindo um casaco de lã grossa, uma bengala de cabeça dourada apertada em uma mão, sua senhoria desceu até a laje molhada e mancou pesadamente em direção à grande saliência que protegia a porta da frente.
O lacaio fechou a porta da carruagem e subiu em seu assento, e a equipagem rangeu para os estábulos. Iona, observando o progresso de Lord Buchan, estalou o rosto rechonchudo franzido em solidariedade. ― Ele está mancando poderosamente hoje. A chuva afeta sua perna ferida.
Mais perto agora da porta da frente, a bengala de Lord Buchan clicou ruidosamente sobre as pedras congeladas pela umidade.
― Oh, ele vai cair, ele está apoiando muito sobre aquelas pedras molhadas. ― Iona se inclinou para frente como se fosse dar um aviso.
Drummond segurou o braço dela. ― Não diga uma palavra!
― Eu só quero avisá-lo.
― Não seria bem-vindo. Ele não gosta de ser lembrado de seus ferimentos.
― Mas ele pode cair!
― Ele sabe disso. Veja o quão cuidadoso está se movendo?
Lord Buchan alcançou a saliência e Drummond deu um suspiro de alívio. ― Aí. Ele está a poucos passos da porta agora, e as pedras estão mais secas, então...
A bengala de Buchan saiu de debaixo da mão dele, indo ao chão. Ele tropeçou para frente, com o peso jogado na perna esquerda. Um fluxo de maldições aquecidas derramou-se dele, amargo e avivado.
Iona e Drummond prenderam a respiração.
Sua senhoria cambaleou até a parede e encostou-se nela, apertando a coxa com as duas mãos enquanto continuava a amaldiçoar como um marinheiro.
Drummond estremeceu com a dor crua na voz de sua senhoria.
― Eu vou ajudar. ― Iona virou nos calcanhares.
― Não! ― O estalajadeiro a puxou e deu-lhe um rápido abraço. ― Deixe-o sozinho, Iona.
― Mas ele está ferido!
― Talvez, mas ele precisará de tempo para recuperar seu orgulho. Confie em mim, que fui ferido pior do que a perna dele.
Iona soltou um suspiro. ― Bem. Você o conhece melhor que eu. Mas isso vai contra o meu coração.
― Ele vai agradecer mais por deixar o orgulho dele, senhora. Ou ele faria se soubesse da sua tolerância.
Era natural que a generosa e impulsiva Iona, que era a curandeira de sua aldeia, desejasse ajudar Lord Buchan, especialmente porque ela conhecia o rapaz desde que ele andara de calça-curta. Ah, que tristes as mudanças que o tempo fez nesse rapaz feliz desde que ele voltou da Índia, ferido e amargo.
Iona expirou exasperada. ― Eu gostaria que ele me permitisse fazer um tônico para sua dor. Ajudaria, você sabe. ― Ela balançou a cabeça. ― Bem, pelo menos ele me permite cozinhar para ele toda sexta-feira.
― E isso faz nele um mundo de melhoras também. Ele está mais forte agora e muito menos pálido.
Iona pareceu levemente apaziguada. ― Verdade. Eu vou preparar sua torta. Assim que estiver pronta, vou pedir à nova empregada para trazê-la aqui em cima. ― Ela suspirou. ― Estou feliz que a senhorita Tatiana veio até nós. Ela tem sido uma grande ajuda, embora eu tenha que treiná-la para fazer tudo. É como se ela nunca tivesse segurado um pano antes!
― Sim. Isso é estranho.
― Especialmente quando ela está contando histórias teatrais.
― Não! Outra carta?
― Sim. ― Iona, deu um tapinha no bolso do avental. ― Vou enviá-la amanhã. Ela fica imaginando por que não está conseguindo uma resposta.
― Esse é o resultado de mandar cartas para príncipes, especialmente os príncipes de Oxenburg. ― Drummond bufou. ― Não pode haver tal lugar. Eu nunca ouvi falar disso.
― Sim, apenas uma lesão na cabeça poderia causar tais desilusões. ― Iona balançou a cabeça tristemente. ― Certa vez ouvi falar de uma senhora que caiu de um cavalo e pensou que era a rainha por uma quinzena inteira. Vamos nos certificar de que nossa moça não piore seus delírios. Ela é bonita demais para se lançar no mundo sozinha. Seria comida por lobos, ela é muito inocente.
― Ninguém no mundo inteiro tem um coração melhor que você, meu amor. ― Drummond beijou Iona profundamente na bochecha, fazendo-a corar quando os homens que se aglomeravam em torno da lareira, levantaram um grito de censura zombeteiro.
― Oh, Drummond, olha o que você começou. Agora vou na cozinha. É melhor você ver o nosso convidado. ― Com o rosto vermelho, mas sorrindo, Iona saiu correndo.
O som da porta da frente abrindo alertou a Drummond que Buchan estava entrando. Endireitando o colete, o estalajadeiro foi ver seu convidado titulado.
No corredor da frente, Darrac Buchan encostou-se pesadamente contra a parede, o punho pressionado contra a coxa enquanto ondas de dor lancinante percorriam o músculo cicatrizado. Maldita perna, maldita dor, e maldita esta chuva miserável. Repetir a maldição de novo e de novo não ajudou, mas passou os minutos e, lentamente, lentamente, a dor diminuiu. Finalmente capaz de respirar, ele cerrou os dentes e, segurando a bengala com mais força, tentou colocar peso em sua perna dolorida. A dor atravessou sua coxa, mas desta vez com menos violência, e ele conseguiu ficar em pé.
― Oh, boa noite, milord!









Série Príncipes de Oxenburg
1- O Príncipe que me Amou
2- O Príncipe e Eu 
2.5- Uma Princesa na Escócia
3- Louca por um Kilt
3.5- Doze Beijos para à meia-noite
Série concluída