18 de novembro de 2009

A Dama e o Bárbaro

Série Irmãos de Armas

Lady Marianne não acreditava que a sua vida pudesse tornar-se pior.

Contudo isso foi antes de se encontrar nas agrestes Terras Altas da Escócia, país de bárbaros indomáveis, e de ficar noiva de um velho decrépito.
No entanto, quando um destemido guerreiro bateu à sua porta, sentiu que as suas preces tinham sido ouvidas.

Adair Mac Taran chegou em paz, todavia um só olhar para a bela dama que tinha diante de si bastou para perder a cabeça.
A sedutora dama normanda atraía-o como o canto de uma sereia...de cujo feitiço não queria ser salvo.
De imediato, o ousado filho do chefe do clã Mac Taran jurou libertar Marianne de um casamento sem amor... e fazer dela sua esposa

Capítulo Um

Escócia, 1235

Marianne encontrava-se no purgatório.
Ou pelo menos era o que lhe parecia ao contemplar a paisagem úmida que se avistava da janela da fortaleza do seu irmão.
Estava a chover outra vez, como seria de esperar.
A chuvarada, que escondia, como um véu, os topos cerrados das colinas que rodeavam Beauxville, transformava o pátio de armas num lamaçal e ensopava os andaimes levantados à volta dos muros inacabados do castelo.
Não tinha parado de chover nem um só dia desde que Marianne chegara àquele local nos limites do mundo civilizado.
Se estivesse na Normandia, o sol brilharia e as folhas das árvores seriam de um verde brilhante.
Ela estaria à sombra dos seus ramos, a conversar com umas quantas raparigas da sua idade e a tentar sufocar a gargalhada enquanto os lavradores passavam junto aos muros do convento, de regresso a casa depois do dia de trabalho nos campos.
Os jovens camponeses cantariam as suas canções lascivas, conscientes de que atrás das taipas brancas do convento as raparigas os ouviam e as freiras andariam de um lado para o outro, gorjeando como um bando de pássaros assustados, repreendendo as suas pupilas e a tentar fazê-las entrar no convento.
Se estivesse na Normandia, teria calor e estaria contente, em vez de sozinha, gelada e triste. Ali, pelo contrário, continuava a ter frio apesar de usar uma camisa de linho, um vestido de lã azul-escuro, um manto vermelho com rebordo dourado e um xale de lã verde vivo à volta dos ombros.
Devia ter-se informado melhor quando o seu irmão chegou ao convento e lhe disse que ia levá-la para as suas terras.
Mas tivera tantas ilusões por sair dos limites do convento e estava tão orgulhosa do seu irmão, cujo porte e armas não deixavam de a impressionar, que não lhe perguntara nada. Até a madre superiora parecia diminuída perante Nicholas, e Marianne achava que nem o próprio Papa conseguia intimidá-la.
No entanto, se a madre superiora soubesse que Nicholas pensava levar a sua irmã para ali, para aquele monte de alvenaria e pedras sem polir, onde viveria entre selvagens de cabelo comprido e pernas à mostra, sem dúvida teria pensado que a Escócia não era lugar para uma jovem normanda de berço nobre e educação refinada e teria sugerido a Nicholas que permitisse a Marianne ficar no convento que durante doze anos fora o seu lar, até que encontrasse um marido adequado para ela.
A porta dos seus aposentos abriu-se de repente.
Marianne afastou-se da janela sobressaltada e viu que o seu irmão, o recém-nomeado senhor de Beauxville, entrava calmamente no quarto.
Nicholas usava, como de costume, roupas de lã preta dos pés à cabeça, sem golas nem punhos bordados. O seu único ornamento era a fivela de bronze do cinto da espada.
As suas botas estavam sujas de lama, usava o cabelo úmido e a sua expressão taciturna não permitia adivinhar por que razão decidira ir vê-la aos seus aposentos, onde raramente se aventurava.
- Ah, estás aí, Marianne - disse, como se esperasse que estivesse noutra parte. Passeou o olhar pelos móveis simples e pelo baú pintado de Marianne, e fixou os olhos um momento no bastidor de bordar que ela tinha largado com descuido num canto.
- O que estás a fazer?
- Estava a pensar no convento.
Ele respondeu com um gemido desdenhoso, como costumava acontecer cada vez que Marianne mencionava a sua vida no convento ou falava das suas colegas ou das irmãs.
Mas porque não ia pensar no passado e na sua vida na Normandia?
Por acaso Nicholas achava que podia esquecer aquilo tudo?
Que queria esquecer?
- Não devias estar a vigiar os pedreiros da parede sul? - perguntou com alguma irritação. - Ou a dar atenção àquele velho escocês que chegou esta manhã?
- Os pedreiros estão à espera que pare de chover e Hamish Mac Glogan já se foi embora.
- Se os pedreiros esperarem que o céu fique limpo, talvez nunca acabem o teu castelo - comentou ela enquanto olhava novamente pela janela.
Mas, para sua surpresa,naquele momento não chovia, embora no céu continuasse a haver nuvens cinzentas. - Tantos atrasos vão custar-te uma fortuna.
- Não sabia que percebias tanto sobre a construção de castelos.
- Algumas vezes houve pedreiros a trabalhar no convento e uma vez ouvi a madre superiora queixar-se do que cobravam - respondeu Marianne.
- Tu não estás a consertar alguns tijolos soltos, portanto suponho que...
- Tu não tens de supor nada - interrompeu Nicholas.
- Posso pagar aos pedreiros agora que não tenho de pagar às freiras para cuidarem de ti. O seu tom já não era desdenhoso.
Tinha um laivo estranho de rancor, como se o valor que pagara pelos anos de Marianne no convento lhe tivesse trazido sérias penalidades.
A família de Marianne, no entanto, nunca tivera dificuldades e as freiras nunca lhe tinham insinuado que estivesse ali por caridade, como outras raparigas menos sortudas.
- Era assim tão caro manter-me lá?
- Bastante - respondeu ele. - Mas não vim para falar de dinheiro.
Marianne disse para si que o rancor do seu irmão devia ter uma origem mais misteriosa. Sentou-se num banco e perguntou-se o que teria levado Nicholas ao seu quarto.
- Tiveste notícias de Henry?
Nicholas cruzou os braços sobre o peito amplo e franziu o sobrolho.
- Um soldado não tem tempo de mandar recados à família.
Aparentemente, as coisas não tinham melhorado entre os dois irmãos.
Quando eram pequenos, discutiam sem parar. Na verdade, uma das primeiras coisas que Marianne recordava era o fato de se esconder deles quando lutavam.
- bom, sobre o que querias falar comigo? - perguntou, estranhando a relutância evidente de Nicholas em ir diretamente à questão. O seu irmão era, de modo geral, extremamente direto portanto aquelas hesitações começavam a inquietá-la.
Então ocorreu-lhe uma razão pela qual um irmão podia procurar o conselho da sua irmã. -Trata-se de um assunto de mulheres? - perguntou, esperançada.
- Há alguma mulher que desejes cortejar e vieste pedir-me conselhos?
Nicholas olhou para ela como se tivesse ficado louca.
- Não sejas ridícula. Tenho coisas mais importantes
na cabeça do que cortejar uma mulher e, mesmo que assim fosse, não viria pedir-te conselhos a ti.


Série Irmãos de de Armas
1 - A Dama e o Bárbaro
2 - Uma Dama para um Cavalheiro
3 - Casamento Combinado
4 - A Dama Desejada
5 - Desejo Proibido
6 - Desejo Soberano
7 - Inimigos nas Sombras – na lista
8 - Cumplices nas Sombras- idem
9 - A Noiva do Guerreiro

Um comentário:

  1. Oi boa tarde Jenna.
    Bem eu queria saber se vc sabe se alguem esta traduzindo a serie da Donna Grant que segue a serie Beijo do demonio?
    Etambem pra te convidar a participar do nosso clube do livro online.
    Bem como se vc poderia fazer um pouco de divulgação aqui no seu blog.
    Obrigada e se vc poder entra em contato comigo

    Niuma Doerner

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