Marguerite de Fleurignac, uma vez aristocrata privilegiada, está fugindo, disfarçada como a pobre governanta britânica Maggie Duncan.
William Doyle, o principal espião da Inglaterra, tem contas a acertar com ela, ele a reconhece em seu castelo destruído.Atraídos inexoravelmente para a louca e revolucionária Paris, eles apostam em um amor inadmissível destinado à traição.
Capítulo Um
—Você não foi idiota — disse ela. —Mas foi azarado. Os resultados são indistinguíveis.
O coelho não disse nada. Ele estava de lado, ofegante. Terror jorrava dele em ondas, como água descendo os degraus de uma fonte. A armadilha circulava sua garganta. Ela o pegou com uma tira de seda vermelha, que rasgara do vestido. Não pôde escapar. Mesmo quando viu a morte vindo em sua direção através do mato, não lutou. Sendo sensato, desistiu.
—As analogias com a minha própria situação são claras. E eu não gosto nenhum pouco. —Marguerite de Fleurignac sentou-se e puxou a saia para cobrir os joelhos. A grama estava lisa e suas pontas afiadas entravam na pele nua de seus tornozelos. Atrás dela erguiam-se as ruínas do castelo. Ela não olharia naquela direção se pudesse evitar. —Estou morrendo de fome, você sabe. Não como alguém que passa fome nas histórias, nobre e graciosamente. Eu estou estupidamente morrendo de fome. Eu raspei a aveia que havia no fundo das caixas de ração e colhi frutas. Eu tirei cenouras selvagens da terra e as mastiguei em minha caverna sob a ponte. Nada disso repousou facilmente no meu estômago. É muito sórdido. Não vou compartilhar os detalhes com você. Os olhos do coelho olhavam além dela.
—A vida não é como as fábulas. Nenhum pássaro mágico pousa no telhado, trazendo mensagens. Você não me ofereceu três desejos em troca de sua vida. Nenhum príncipe monta em seu cavalo branco para me resgatar. A pele de coelho era de um marrom feito de muitos tons, como torradas. Os pelos da orelha eram mais escuros que os pelos que se prendiam ao restante do corpo. Dentro de suas orelhas havia um delicado veludo, pálido como creme, e ela podia ver a pele rosa por baixo. Em seus olhos tinham uma fileira curta no topo como uma franja, pelos grossos. Tinha cílios. Ela não sabia que coelhos tinham cílios. Terror, terror, terror. Foi um erro olhar tão atentamente para o coelho. Ela não deveria ter falado com ele.
Quando ela tinha cinco ou seis anos, o velho Mathieu, o guarda-caça, deixou que ela o seguisse através da floresta. Ele colocou armadilhas e fez uma grande matança de coelhos e os colocou em uma grande sacola de couro para levar para casa.
Ele morreu há quinze anos. Na última vez que adoecera, ela o visitara todos os dias em sua cabana suja e cheia de gente junto ao rio. Ela levou-lhe o melhor conhaque dos porões do castelo para aliviar-lhe a dor. Tio Arnault, que era marquês na época, a repreendeu e dera-lhe ordens, que ela ignorou. —Você estraga esses camponeses. Você os trata como animais de estimação. —Papai havia salientado que os espíritos não eram bons para os humores do corpo.
Série Agentes Secretos
0.5-A Dama de companhia de sua Senhoria
1. Desarmado por uma Dança
2. Meu Lorde e Espião
3- A Rosa Proibida
4- O Falcão Negro
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!