Severine de Cabrillac, órfã da revolução francesa e, em algum momento, agente da inteligência britânica, tentou deixar a espionagem para trás.
Agora ela se dedica a investigar crimes em Londres e a encontrar justiça para os indevidamente acusados.
Raoul Deverney, um enigmático meio espanhol com segredos suficientes para conquistar o respeito de um espião, está à sua porta exigindo ajuda. Ela é a única pessoa que pode encontrar o assassino de sua esposa há muito afastada e resgatar sua filha desaparecida de quatorze anos. Relutantemente, Severine concorda em ajudá-lo, mesmo sabendo que a crescente atração entre eles a torna mais do que imprudente. Sua busca desesperada pela garota desencadeia traição e assassinato... e oferece uma última chance para duas pessoas fortes e feridas encontrarem amor.
Capítulo Um
Ela acordou lentamente e percebeu que havia um homem em seu quarto. Ele ficou entre ela e a janela onde mostrava um quadrado fraco do céu noturno. Só estava em pé, o que era uma ameaça suficiente para todos os fins práticos. Qualquer homem que se esgueirasse tão silenciosamente por uma janela no segundo andar não era amador na arte de invadir casas.
Era assim que a morte chegava. Sem convite. Discreta. Uma pausa quase trivial no esperado.
Séverine de Cabrillac, órfã da Revolução Francesa, dama da moda da sociedade, às vezes espiã, se moveu sob os cobertores, preparando-se para lutar por sua vida. Ela estava com muito medo.
Ele deve ter ouvido ela se mover. Veio devagar, suavemente quieto, na direção dela. Ele era uma sombra como uma coluna alta, iluminada de um lado com luz vermelha do fogo, pura escuridão do outro. Ele carregava uma faca na mão direita, tinha experiência com a arma. Ele disse:
― Eu não vou te machucar.
É por isso que você está apontando dez polegadas de aço para mim.
― O que você quer?
Sua pistola estava carregada e pronta, colocada cuidadosamente debaixo do travesseiro. Mesmo em Buckinghamshire, no Shield and Staff, a familiar e amigável pousada a meio caminho entre Londres e da sua casa, ela tomava precauções. Mas não conseguiria pegar a arma antes que ele usasse a faca. Nunca foi sobre ter a melhor arma. Sempre se tratava de colocar sua mão nela.
― Eu quero a garota ― disse ele. ― Mantenha o amuleto. Apenas me dê a garota. Sua mente abriu todos os armários e todas as gavetas, e nenhuma delas continha nada sobre garotas perdidas ou roubadas ou qualquer tipo de garota.
― Não há ninguém aqui. Olhe em volta. ― Talvez ele tenha invadido o quarto errado. Talvez ela pudesse mandá-lo ameaçar outra pessoa.
― Você não a amarrou debaixo da cama, mas sabe onde ela está. ― Em completo silêncio, ele deu o último passo que o levou ao lado dela. Seu joelho tocou a colcha e o colchão teve menor dos tremores.
A ponta da faca parou silenciosa, a uns dezoito eloquentes centímetros da garganta dela. Ele disse:
― Não gosto de violência. Eu odeio isso. Vamos ver se conseguimos passar por esta conversa sem recorrer à força.
Algumas situações exigem grande inteligência. Algumas exigem mentiras. Ela se decidiu pela honestidade franca.
― Não faço ideia do que você está falando.
― Que esquecida você é. ― ele disse suavemente. ― O nome dela é Pilar. Ela é uma estudante de doze anos que mora em Londres. Há três meses, sua mãe morreu na sala da frente. Ninguém viu a garota desde então.
Ele era anônimo no escuro, mas ela pensou novamente conhecê-lo, se ela sobrevivesse à noite e iria procurá-lo. Não haveria muitos homens que carregassem uma presença tão silenciosa e deliberada. Que se movia como um gato. Sua voz soou como se um gato tivesse decidido conversar.
Ele usava seu casaco, preto ou com alguma sombra perto dele, abotoado para esconder sua camisa. Sem gravata. Sem chapéu. Cabelo escuro. Pele que parecia morena e não pálida onde a luz do fogo estava sobre ele. Seus olhos tinham um lampejo de reflexão.
Ela gostaria de ver o rosto dele com mais clareza. Além de não querer ser esfaqueada, ela não queria ser esfaqueada por um homem que não tinha visto.
― Sinto muito por essa estudante ― ela disse suavemente. ― É triste e terrível, mas não tenho nada a ver com isso.
― Se ela ainda está viva, está sozinha e aterrorizada, prisioneira à mercê de estranhos. Você sabe como é ficar preso e sozinho nas mãos de um inimigo? ― A faca descreveu um pequeno círculo no ar. ― É assim que se sente.
Ele estava errado ao pensar que ela não sabia como era ficar sozinha, com medo e presa. Suas primeiras lembranças eram exatamente isso. A Revolução não havia poupado crianças.
― Londres é uma fossa de crimes ― disse ela. ― Mas esse não é meu crime. Não é minha brutalidade. Eu não estou no negócio de matar.
― Você deu ordens para a morte na Espanha.
Muito poucas pessoas sabiam que ela tinha estado na Espanha. Este homem não estava aqui por acidente. Esta não era uma identidade equivocada. Ele sabia quem e o que ela era. Ela disse:
― Isso foi há muito tempo.
Série Agentes Secretos
0.5-A Dama de companhia de sua Senhoria
1. Desarmado por uma Dança
2. Meu Lorde e Espião
3- A Rosa Proibida
4- O Falcão Negro
5- Espião Mestre
6- Bela como a noite
Série concluída