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16 de abril de 2017

A Noiva Escocesa

Série Família Sherbrook

Artimanhas do Destino!

Viúvo e com três filhos aos trinta e um anos de idade, Tysen Sherbrooke acaba de ser nomeado o novo barão Barthwick, do Castelo de Kildrummy, na Escócia.

Devoto, ponderado e de espírito honrado, o mundo limitado e sóbrio de Tysen vira de pernas para o ar quando ele se vê envolvido numa série de problemas, tendo de enfrentar pessoas que de bom grado lhe cortariam a garganta.
É quando entra inesperadamente em sua vida a bela Mary Rose, uma jovem marginalizada por ser filha ilegítima, uma mulher nobre e corajosa, que precisa de proteção.
E logo Tysen se vê contemplando a possibilidade de fazer bem mais do que apenas protegê-la...

Capítulo Um

Northcliffe Hall 15 de agosto de 1815
Tysen Sherbrooke olhou o gramado pelas grandes janelas da sala de Northcliffe com a testa franzida.
— Eu sabia que estava na linha de sucessão do título, Douglas, mas havia tantos herdeiros antes de mim que nunca imaginei que pudesse acontecer de fato.
Na verdade, não penso em Kildrummy há uma década. O último neto, Ian, morreu mesmo?
— Sim, seis meses antes do avô.
Parece que caiu de um penhasco no Mar do Norte.
O advogado acha que a morte de Ian acabou provocando a morte do velho Tyronne.
Bem, ele já tinha oitenta e sete anos, e provavelmente não precisava mais do que um empurrãozinho... Isso significa que você, Tysen, agora é o barão Barthwick.
É um título antigo, que remonta ao século XV, quando os homens importantes eram todos barões. Os condes vieram mais tarde, e foram considerados arrivistas por muito tempo.
— Eu me lembro bem do Castelo de Kildrummy — disse Tysen. — Fica no litoral, ao sul de Stonehaven, com vista para o Mar do Norte.
É um lugar bonito.
Não é como os antigos castelos medievais escoceses, muito altos e sem janelas: é uma construção mais recente, do final do sécuo XVII, creio.
Parece que o castelo original foi destruído em uma dessas intermináveis lutas entre clãs.
O novo tem telhados de duas águas, muitas chaminés e quatro torres.
O andar térreo tem um imenso pátio interno.
— Ele parou um instante, vendo tudo aquilo do ponto de vista do menino que era quando conhecera o lugar. Seus olhos brilhavam quando falou:
— A região é ainda selvagem, como se Deus tivesse olhado para baixo e decidido que ali não iria haver construções nem grandes estradas.
Há mais despenhadeiros do que se pode contar e apenas um caminho, estreito e sinuoso, que conduz ao castelo. Há também uma colina íngreme e rochosa, terminando em precipício à beira de uma praia, e muitas flores silvestres.
Douglas pensou que aquele havia sido um discurso bastante poético para um homem sério e, às vezes, até seco como seu irmão.
E ficou feliz por perceber que Tysen não só se lembrava muito bem de Barthwick, como também parecia gostar bastante de lá.
— Lembro-me de que você foi para lá com papai, quando tinha... Quanto? Dez anos?
— Isso mesmo. Foi um dos melhores momentos da minha vida.
Douglas não ficou surpreso com a resposta. Não era comum que um deles houvesse tido o pai só para si.
Sempre que pudera contar com a atenção do conde, sentira-se abençoado por Deus. Ainda sentia saudades do pai, um homem que amara os filhos e conseguira tolerar sua difícil esposa com um sorriso e um encolher de ombros.
Suspirou. Quantas mudanças!
— Já que você agora é o titular de um baronato medieval, suponho que terei de deixá-lo sentar-se à cabeceira da mesa.
Tysen não chegou a rir. Não tinha rido muito desde que decidira se tornar um homem de Deus, aos dezessete anos.
Douglas se lembrou do irmão deles, Ryder, dizendo a Tysen que, entre todos os homens que viviam naquela terra inculta, os sacerdotes eram os que deveriam ter o maior senso de humor, já que, obviamente, Deus o tinha.
Bastava olhar para todos os absurdos que os rodeavam.
Será que Tysen nunca havia observado o ritual de acasalamento dos pavões? Bastava olhar para o príncipe regente, aquele palhaço que, de tão gordo tinha de ser içado para entrar e sair da banheira.
Mas seu irmão Tysen era um homem sério; seus sermões eram magnânimos e profundos, sempre deixando implícito que Deus era um feitor severo e que não perdoava com facilidade os erros dos homens.
Tysen tinha agora trinta e um anos de idade, e todos os traços dos Sherbrooke: era alto, bem proporcionado, com os cabelos castanhos tendendo para o loiro e olhos da cor do céu no verão.
Ele, Douglas, era diferente, com sua cabeleira negra e olhos escuros.
Porém Tysen não tinha o mesmo amor pela vida que os irmãos tinham; nem a mesma alegria inata, ilimitada; ou a crença de que o mundo era um lugar agradável.
— Acho que devo viajar para a Escócia e ver como estão as coisas por lá — ele disse num suspiro.
— Sempre tenho tantas coisas para fazer aqui, entretanto nosso tio-avô Tyronne merece um herdeiro que, pelo menos, veja se a propriedade está sendo bem administrada. Não que eu tenha muita experiência nessa área, mas posso aprender.
— Sabe que eu vou ajudá-lo, Tysen. Quer que eu o acompanhe até Barthwick?
Ele meneou a cabeça, recusando a oferta.
— Não, Douglas, eu agradeço muito, porém é minha a responsabilidade. Conheço um cura que pode assumir minhas funções por algum tempo. Você se lembra de Samuel Pritchert, não?Claro que sim, pensou Douglas. Não havia como esquecer aquele homem tão austero e arrogante.