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14 de dezembro de 2017

O Prisioneiro da Torre

Depois de doze longos anos, uma viúva e um conde cínico foram reunidos contra todas as probabilidades. 

Mas quando o passado ameaça destruir sua recém encontrada felicidade, poderia o amor ser suficiente para salvar esse homem marcado pela guerra e uma longa vida de solidão?







Capítulo Um

― Mas certamente você pretende conhecê-la?
― Se ela for sua escolhida, Jamie, eu prometo que eu ficarei bem satisfeito.
Houve um breve silêncio. Alex Leighton, o nono Conde de Greystone, forçou o olhar a permanecer na página impressa que estava lendo. Ele sabia que seu irmão estava tentando formular algum pedido, um que não ofenderia, por sua presença quando as visitas chegassem. Ao longo dos anos, Greystone tornou-se bastante habilidoso em negá-los, não importa o quão bem intencionado fosse. Como seria Jamie, é claro.
― Se ela for se tornar minha esposa…
As palavras de seu irmão se arrastaram para o silêncio. Dessa vez ele olhou para cima, pacientemente esperando pelo que ele sabia que estava vindo.
― Se todos nós formos viver na mesma casa…
Novamente suas palavras vacilaram. Alex resolveu ter piedade de seu irmão, que realmente era o melhor dos irmãos e que tolerava mais dele do que ele tinha o direito de esperar.
― Perdoe-me. Eu pensei ter-lhe dito, ― ele disse. ― Estou me mudando para Wyckstead.
― Para Wyckstead? ― a voz de Jamie aumentou ao final do nome, como se seu irmão tivesse anunciado que estava mudando-se para uma caverna. ― Ela é só um pouco maior que uma cabana de caça.
― E vai combinar perfeitamente comigo. Os estábulos estão bons, e há bastante espaço para os meus livros.
― Isso não vai servir. Eu não vou permitir, ― Jamie disse decididamente. Seu belo rosto ganhou cor como acontecia quando ele ficava de mau-humor.
― Perdoe-me, ― Greystone disse suavemente, jogando uma das cartas que ele raramente usava, mas uma que seu pobre irmão não poderia derrotar. ― Eu descobri que não tenho vontade de viver aqui com você e sua recente noiva bonita.
Jamie corou ainda mais forte. Sua boca finamente moldada se abriu uma vez, mas como não havia nada para ser dito sobre seu razoável desejo, ele sabiamente não disse nada.
― Quando eles chegam? ― o conde perguntou. Não porque ele se importava, mas para quebrar o silêncio constrangedor.
― Essa tarde, ― seu irmão disse rigidamente. ― Se eu soubesse que você desaprovaria.
― Você me entendeu mal. Eu não tenho nenhuma objeção para essa festividade. Essa é sua casa, Jamie. Você pode se divertir nela sempre que desejar. Contanto que você não espere que eu seja o anfitrião. Certamente você me conhece melhor que isso.
O silêncio que respondeu a esse estratagema igualmente imperdoável foi, felizmente, mais de teimosia do que constrangedor.
― Eu pensei que você gostaria de conhecer a mulher com a qual eu pretendo me casar.
― Eu não posso imaginar por que você deveria, ― Alex disse, sorrindo para ele levar a picada da repreensão.
― O que eu devo dizer a eles sobre sua ausência?
Foi óbvio pela sua pergunta que Jamie havia cedido.
― Que eu fui para Paris? ― Greystone sugeriu, sorrindo.
Seu irmão levantou uma sobrancelha em um gesto de “eu-não-estou-me-divertindo”, um que o conde reconheceu como uma cópia do seu próprio.
― Não? ― ele respondeu. ― Então diga a eles que eu estou indisposto. Se eles forem mal-educados o suficiente para questionar isso, talvez você deva repensar sua proposta.
― Eu queria sua aprovação.
― Você a tem desde que eu coloquei você em seu primeiro pônei e você falhou e caiu. Agora, vá recepcionar suas visitas e me deixe em paz, por favor.
― Eu venho te ver depois, ― Jamie prometeu, com seu sorriso restaurado.
― Eu acredito que eu estarei em Paris, ― o Conde de Greystone disse, voltando sua atenção para o livro em seu colo.
Seu irmão riu. Então Jamie tocou seu ombro em despedida, antes de atravessar a porta exterior da sala de estar do conde, que estava localizada na parte mais antiga da casa.
Os olhos de Alex continuaram olhando para baixo, até que o som dos passos de seu irmão desapareceram através do chão de pedra da casa. Somente então, ele colocou seu livro de lado e inclinou novamente sua cabeça na cadeira.
Ele nunca ficava confortável quando havia pessoas de fora em Leighton. Mesmo sem encontrá-los, ele sempre estava consciente de sua presença. Ter alguém mais em casa perturbava o calmo curso de seus dias. E a solução seria se mudar para Wyckstead.
Ele abriu os olhos, olhando em volta para os objetos bem amados com os quais ele havia preenchido essa sala. Seus livros e suas armas, as poucas lembranças de amigos e lugares que ele tinha escolhido manter.
Seu mundo. Um que ele quis, que ele desejou, escolheu manter inviolado. A propriedade e tudo que contém nela eram seus e iriam ser até a sua morte.
O que ele disse ao Jamie, entretanto, não era nada além da verdade. Ele não tinha nenhum desejo de viver aqui com seu irmão e a esposa dele. Muito melhor uma breve interrupção do seu ambiente, que uma inveja devagar e fervorosa da felicidade que tão sinceramente desejava para eles.
― E não importa o que você faça, Emma, ― seu cunhado disse pela décima vez, ― não divague.
― Emma nunca fica divagando. 



10 de fevereiro de 2012

Série Corações Seduzidos

1 - Em Nome do Desejo
Ingenuamente provocante, Emily Harland desconhecia o poder de sua beleza. 

Mas ao primeiro olhar, Dominic percebeu o perigo do nascente desejo entre eles. Essa sedutora mulher poderia afastar o manto de desespero que o mantinha escondido, em segurança, e condenar a ambos ao inevitável sofrimento...
Filha de um soldado, Emily julgara conhecer as violentas forças que dominam os homens em nome do dever. 
Até encontrar Dominic Maitiand, duque de Avon, um ser humano com passado trágico e futuro vazio. Um homem que só poderia lhe conceder uma noite de paixão em seus braços ávidos por envolvê-la!

Capítulo Um

Londres, 
O duque de Avon permitiu que o valete retirasse sua casaca de lã fina. Enquanto Moss pendu­rava-a no imenso armário da mansão ducal em Mayfair, ele retirou o alfinete de gravata de safiras, com o olhar distante. Já estava se concentrando na missão daquela noite.
O mais importante de todos os mensageiros deveria chegar do continente, no meio da noite, e haviam sido tomadas todas as providências para assegurar a segurança e manter o segredo dos comunicados que ele traria de Paris. Desta vez, não poderia ocorrer nenhum engano! Só Avon e o pessoal do departamento do general Burke, em Whitehall, tinham conhecimento dos de­talhes dessa missão especial.
E era justamente esse o problema! Avon já não confiava mais em ninguém. As informações que vinham até ele dos campos de batalha na Espanha e de todos os outros contatos espalhados pela Europa, destinadas apenas ao ministério da Guerra, eram importantes demais para serem deixadas à mercê do acaso. Nos últimos tempos, começara a acreditar que os perigos sempre maiores enfrentados pelos mensageiros não se tratavam apenas de má sorte.
— Milorde?
A voz de Moss o arrancou de seus pensamentos. O valete continuou a remover seus trajes formais, deixando-o apenas com as calças negras que sempre usava para compromissos à noite. A luz das velas que iluminavam profusamente o amplo quarto de vestir do duque criavam sombras móveis no peito amplo e na musculatura perfeita de Avon. Seus ombros muito largos contratavam com os quadris estreitos que, no entanto, não eram moldados pelas roupas muito justas preferidas pelos aristocratas elegantes.
O duque de Avon lançava a moda, jamais a seguia. E, na verdade, não tomava o menor conhecimento de nenhum desses dois aspectos da vida social.
Com toda a certeza, a malha preta que Moss ajudava seu patrão a vestir não estava na moda em nenhum dos ambientes de Londres freqüentados por Avon. Não seria usada por nin­guém em qualquer de seus clubes — os mais fechados e ex­clusivos da capital — ou nas luxuosas mansões de seus conhe­cidos. Mas, naquela noite, o duque procurava passar desaper­cebido e, nos bairros da cidade que iria percorrer, nem seu rosto nem seu nome eram familiares a ninguém.
— É evidente que irá levar as Manton — declarou Moss. Avon voltou-se para observar o valete, já verificando o par de pistolas de duelo, que haviam pertencido ao seu pai.
— Se quiser, pode ficar com as pistolas enquanto me espera na carruagem, Moss. Eu levarei minha bengala que se transforma em espada pois sempre existem vantagens em eliminar um ini­migo... silenciosamente. Em especial, na minha área de trabalho.
— Vantagens para quem, milorde? Espero sinceramente que não precise se aproximar tanto de seu inimigo a ponto de usar a lâmina oculta na bengala.
Sem disfarçar a relutância, Moss voltou a guardar as pistolas em sua caixa de ébano entalhada de ouro.
— Eu pretendo apenas receber o mensageiro e mandá-lo embora, em segurança, trazendo comigo os papéis que veio me entregar. Tenho que comparecer a uma ceia à uma hora da manhã e preciso de tempo para trocar de roupa antes de ir. Não estou vestido adequadamente para um encontro romântico.
Recuando alguns passos, o duque se examinou no amplo espelho e vestiu a longa capa negra que chegava até seus pés. Então, apanhando a arma que Moss lhe estendia, verificou o funcionamento do mecanismo. Com um simples toque, a lâmina afiada e letal de aço de Toledo brilhou à luz das velas e, com a mesma facilidade, voltou a se ocultar no interior da bengala.
— Ela pouco se importa de que forma milorde está vestido — declarou Moss, ultrapassando abertamente os limites de respeito entre patrão e empregado. — Ela sabe muito bem quem é a fonte de seus luxos pessoais.
— E eu lhe asseguro que faço tudo para a fonte não secar pois... — Avon riu, sabendo que provocava a raiva do valete — considero-a uma amante excepcionalmente satisfatória. De­testaria deixá-la de mau humor.
— Você não se importa a mínima com o bom ou o mau humor dela — resmungou Moss, sem disfarçar o desprezo pela mulher em discussão. — Ela não passa de uma conveniência, nada mais!

2 -  Corações em Jogo
Eles apostaram tudo no amor!

O coronel inglês Devon Burke sabia dos perigos de sua missão. Mesmo assim, foi à França, determinado a encontrar um amigo desaparecido - o homem a quem devia a vida... ou morreria tentando!
E a misteriosa Julie de Valmé era sua única esperança de sucesso.
Antes admirada por toda Paris, Julie tivera sua vida destruída na noite em que seu pai morrera. Agora, ela vivia sozinha em um mundo obscuro e perigoso. E o único homem em quem podia confiar não percebia a fascinante mulher sob o disfarce que ela adotara para proteger-se...


Capítulo Um

Londres — março de 1815
Ninguém no quartel da Cavalaria se sur­preenderia com o fato de ainda haver luz naquele escritório em particular. Considerando as notí­cias do continente que se infiltravam lentamente como rolos de fumaça, a lâmpada na sala do Coronel Devon Burke decerto não seria a única acesa naquela hora avan­çada de uma noite de primavera.
Mas já havia meses que o homem sentado à escriva­ninha contemplava o alvorecer através das altas janelas do quartel. Para ele, o trabalho era um refúgio, uma forma de escapar do vazio.
Por fim, o enrijecimento dos músculos e o torpor que o invadira nos últimos minutos começaram a sinalizar que ultrapassara os limites de sua resistência. Pousando as mãos sobre a mesa, o Coronel Burke levantou-se. Ressentia-se com o preço que pagaria pela vigília noturna - cãibra nas costas e na prejudicada perna direita.
 Caminhou até a janela, man­cando de leve, e moveu os ombros para relaxá-los.
Deteve-se diante da vidraça e nada enxergou além da própria imagem refletida pelo vidro numa espécie de zom­baria. Os cabelos castanhos cortados no estilo militar, a intensidade dos olhos azuis, as marcas sutis gravadas no rosto cuja beleza as árduas experiências tornaram áspera, tudo isso eram detalhes que o negrume da janela não revelava. A extensão de seus ombros e o tórax musculoso cobertos pela túnica elegante, os quadris estreitos e as longas pernas, contudo, distinguiam-se com facili­dade na superfície do vidro.
As mudanças que se operaram em Devon Burke nos últimos dois anos já não transpareciam no exterior. In­capacitado para o Exército depois do episódio em Sala-manca, foi enviado de volta para morrer na Inglaterra. Ao invés disso, e a despeito dos ferimentos gravíssimos causados pela explosão de uma bomba francesa, Devon sobreviveu, para perplexidade geral. Todavia, sofreu me­ses de imobilidade e confinamento, pois corria o risco de ficar paralítico se os fragmentos metálicos alojados em sua espinha se mexessem. Aquele foi um período que preferia não recordar.
Uma das muitas coisas que não gostava de lembrar.
E era esse o motivo de ele estar ali, num ambiente mas­culino. Sempre se espantava com a facilidade com que o menor estímulo acionava-lhe memórias que tentava apagar. Bastava um fugaz aroma de lavanda ou mesmo a postura delicada de qualquer mulher caminhando pela rua. A pró­pria admissão dessa fraqueza lhe trazia à mente...
Elizabeth.
O simples nome lhe provocava dor. A dor da rejeição. Amara-a e sonhara com ela dia e noite por muitos anos. A idéia de que sua amada o esperava dera-lhe forças para durante as inúmeras batalhas que enfrentara e — com a possibilidade de recuperação oferecida pelo cirur­gião francês que seu cunhado havia miraculosamente des­coberto — mesmo ao longo dos meses de agonia em que se esforçara para atingir a recuperação completa. Fora por ela que lutara pela sobrevivência e suportara, calado, todas as dores das queimaduras e da solidão.
E então...
Deus, como fora tolo!
 

3 - Corações Seduzidos

Um escândalo explodiu em Londres: quem obrigou Madelyn Fairchild a se casar com Jean-Luc Gavereau?

Uma das mais belas damas do reino jamais se entregaria, de livre e espontânea vontade, a um aventureiro com cicatrizes no corpo e na alma!
Mas Madelyn enxergara para além do rosto marcado de Jean- Luc, encontrando a própria salvação.
Ele era um amante fabuloso, que jurou vencer todos os fantasmas que povoavam o passado da mulher amada…

Capítulo Um

Londres, março de 1817.
O súbito lançamento dos diamantes na superfície da mesa de jogos deixou os jogadores imóveis, como era a intenção do visconde de Mannering. O brilho colorido das pedras exerceu um enorme fascínio sobre os últimos ocupantes do elegante cassino. Já passava das quatro horas, e logo a aurora introduziria o novo dia. Nenhum dos homens pensava em ir embora.
O jogo estava muito interessante, as apostas cresciam com constância desde a disputa iniciada na noite anterior pelos dois jogadores. A tensão era óbvia, o cheiro das gravatas engomadas misturavase com o aroma de cigarrilhas e conhaque. Era um ambiente masculino que aproveitava de sua exclusividade: levar àquelas vidas exaustas a exaltação de arriscar grandes quantias em dinheiro.
O homem que providenciava tal oportunidade era o único que parecia inabalável com a oferta reluzente sobre a mesa. Ele embaralhava as cartas com uma graça hipnótica. Ao tocar o tecido preto que cobria seu olho direito, revelou um certo traço de nervosismo.
— Outra vez tocando nesse tapa-olho — reclamou Mannering, evidenciando a irritação. — Cada vez que você leva a mão aos olhos, eu me pego olhando para o seu rosto. Tira a minha concentração. Até parece que é de propósito. O burburinho aumentara nas duas últimas horas. O visconde, reputado pela firmeza de seus nervos, vinha bebendo bastante essa noite. E quanto mais tomava, mais aumentava as apostas.
— Não, milorde — disse o homem. — Mas que diabos você quer dizer? Os diamantes cobrem muito mais do que a aposta. Como não?
— Não — interrompeu-o a voz silenciosa para reiterar a negativa. — Olhe para eles, Gavereau. Olhe — ordenou o visconde, passando os dedos sobre as pedras e enfeites de ouro que adornavam o poderoso colar.
— São os diamantes de um Mannering, e você diz não? Já viu algo parecido? — perguntou ele com calma, enquanto recolocava as pedras na mesa. O olhar amendoado pareceu envolver-se com a exibição, mas levantou-se bem depressa para encontrar-se com os olhos do aristocrata.
— Não — repetiu ele. — Eu não sou qualificado para avaliar a autenticidade da jóia. Não sou ourives. É dinheiro vivo o que está em jogo.
— Seu francês arrogante… — Mannering interrompeu o insulto com grande esforço. — Você negaria uma oferta do rei em pedras preciosas por causa dessas regras idiotas? Todos conhecem os diamantes dos Mannering. Estão na minha família faz mais de cem anos. Sé você soubesse…
— Se você quer cobrir a aposta, então vá em frente.
— A voz estava muito calma, inflexível com os insultos. O sotaque francês ecoou pelo ambiente como um fio de ouro numa tapeçaria, pálido porém adicionando brilho ao colorido. — Você fica com as minhas fichas — sugeriu o visconde com arrogância.
— Como quiser — retrucou o jogador, sem elevar a voz, mas demonstrando o tamanho da raiva pela primeira vez. Seus dedos se fecharam ao redor de uma pilha de fichas e colocou-as em frente às cartas.
— Mais do que eu jamais conseguirei juntar. Eu lhe disse o limite que queria manter, mas você insistiu em ultrapassá-lo. Se você não tem mais nada… — provocou ele, esperando com um olhar satânico.
— Os diamantes

Série Corações Seduzidos
1 - Em Nome do Desejo
2 - Corações em Jogo
3 - Corações Seduzidos
Série Concluída

18 de outubro de 2011

Uma Dama Espanhola

Trilogia Sinclair

Honrado, corajoso, galante...

Sebastian Sinclair espelhava-se em tudo no exemplo de seus irmãos, até quando chegou o momento de perseguir um amor intenso e quase impossível.
Certamente o sentimento em seu coração não poderia ser outro, pois levou-o a salvar uma linda e corajosa dama espanhola prisioneira dos desejos malévolos de outro homem!
Mi corazón, ela suspirou. Meu coração...
Ao pronunciar aquelas palavras, Pilar sentiu a doçura que continham e soube que Sebastian Sinclair as merecia, pelo pois o valente oficial inglês tivera a coragem de arrebatá-la das garras de um homem monstruoso e casara-se com ela para preservar sua honra!

Capítulo Um

Madri, 1814 
— Desejo lembrá-los que estamos aqui como representantes do príncipe regente — disse o duque de Wellington, os olhos penetrantes examinando cada um dos oficiais. — Não preciso lhes dizer a honra e responsabilidade que isso representa. Como se fosse uma parada militar, sua equipe o seguiu pelas maciças portas de madeira, descendo a escada da residência que fizeram questão de oferecer para receber o ex-comandante das Forças Militares britânicas na Ibéria, e no momento enviado especial à corte espanhola.
No pátio, carruagens esperavam Wellington e sua comitiva para levá-los à festa que se realizaria no palácio real.
— Vai encontrar um bando de nobres espanhóis esta noite, determinados a voltar o relógio para cinco anos atrás — murmurou Wetherly.
— Diplomacia não é o seu forte, Harry — redargüiu Sebastian. — Deixe que Wellington cuide disso. Pelo menos sabe a mensagem que devemos entregar a Ferdinando e seus conselheiros. — Pelo menos que não deixem a Inquisição começar a queimar pessoas de novo. E razoável. Wellington fora enviado pelo governo inglês para aconselhar a corte espanhola que seria loucura tentar desfazer as reformas instituídas no país durante o exílio de seu rei. Entretanto, ninguém, muito menos o enviado especial, esperava que a missão tivesse êxito.
— De qualquer modo Wellington dará seu recado — continuou Wetherly —, e eles que decidam se obedecem ou não. Sabiam que Arthur Wellesley, no momento duque de Wellington, jamais suportara tolos. Tendo obtido enorme popularidade com a derrota de Napoleão, não mudaria de atitude agora. — Confesso que não estava com saudade de Madri. Não se compara à gloriosa Paris na primavera — falou Wetherly.
— As gloriosas dançarinas do Teatro Opera, quer dizer — replicou Sebastian em tom de zombaria. — Está com ciúme, meu caro. Não tenho culpa se a mais bonita de todas me preferiu. Era o tipo de brincadeira que faziam um com o outro ao longo de muitos anos de amizade. Cada qual proclamava a própria superioridade junto às mulheres, a capacidade de suportar a bebida e a perícia nas lutas. Dessa vez, entretanto, fez-se um pequeno silêncio após o comentário desajeitado do visconde, que tentou se desculpar. ]
— Sabe que não é verdade, Sin. Nenhuma mulher jamais me preferiu a você. Nem mesmo depois....
— ...que destruíram meu rosto? Sebastian riu e passou o braço pelo ombro do amigo, em um gesto de conciliação.
— Não quis dizer isso — tartamudeou Harry. — Só porque todos fingem não perceber, a realidade não muda. — Sinclair tocou a cicatriz avermelhada que atravessava sua face. — E bobagem tentar esconder o sol com a peneira. Sempre se referia ao ferimento em tom de zombaria, e ria em resposta a algum comentário. A maioria das pessoas pensava que o recebera em um ataque de bandidos, e apenas uns poucos amigos conheciam a verdade sobre o incidente no rio.
— Ainda é o oficial mais charmoso — disse Harry com generosidade.
— E você o maior mentiroso. Não consigo entender como Wellington o suporta.
— Continua me mantendo por perto porque sou muito divertido.
— E a mim por causa da grande beleza — replicou Sebastian, zombando de si mesmo.

Trilogia Sinclair
1 - Uma Mulher de Coragem
2 - Sonhos Secretos
3 - Uma Dama Espanhola
Trilogia Concluída

17 de outubro de 2011

Sonhos Secretos

Trilogia Sinclair

Uma mudança no destino…

O major Edward Sinclair sabia, por experiência própria, que a guerra fazia com que os homens agissem de maneira estranha. Mas ser nomeado tutor da filha do homem responsável pelo fim de sua carreira – e quase de sua vida – ultrapassa todos os limites.
Agora Annelise Darlington estava sob sua responsabilidade, ele se viu imaginando um futuro com o qual fazia muito tempo deixara de sonhar...

Isolada em um internato longínquo, Annelise Darlington crescera sem conhecer outro tipo de vida. 
Até o destino jogá-la nos braços fortes de Edward Sinclair, um nobre torturado, cujo passado ameaçava o sonho secreto de Annelise de que algum dia ele correspondesse ao seu amor e se tornasse o marido perfeito.

Capítulo Um


— Como disse? — perguntou Annelise Darlignton, olhando para cima. 

Estava ajoelhada no chão de pedras diante de Sally Eddington, segurando a barra da saia da garota.
Tentava diminuir a barra do vestido para que não arrastasse no chão enquanto a menina cami­nhava. E realizava a tarefa com a garota vestida, o que era bem mais difícil. Sendo assim, sua con­centração a impediu de escutar a primeira parte da mensagem que a diretora lhe mandara.
— E seu tutor — disse Margaret Rhodes, com toda importância. — Veio buscá-la para passar o Natal com ele.
— Que ótima notícia, Sally — disse Annelise, dando o último ponto no tecido. Depois enfiou a agulha pela última vez, dando um nó. E arreben­tou a linha com os dentes. — Eu não imaginei que você fosse embora hoje.
Para ser bem sincera, ela nem sabia que Sally tinha um tutor. No ano anterior, a menina pas­sara as férias na escola. 

Havia poucas alunas que o faziam, e como a própria Annelise sempre fora uma delas, conhecia a história de quase todas as colegas.
A perda da mãe, normalmente por complicações no parto. Um novo casamento do pai, talvez. Ou o desinteresse dele.
Annelise acreditava enquadrar-se na última ca­tegoria, mas já parara de pensar na falta de in­teresse do pai havia muito tempo. Na verdade, era grata pela educação que ele lhe proporcionara, mesmo não sendo presente. 

E naquela semana a sra. Kemp tinha lhe oferecido um cargo de pro­fessora para o próximo ano letivo.
Nesse caso, jamais teria de deixar aquela escola que tanto adorava, pensou, ajeitando a saia da pequena Sally. Depois beijou-lhe o rosto sardento.
— Eu não vou embora — falou Sally, não en­tendendo nada.
— Não estou falando da menina, Annelise — disse Margaret. — Ele veio buscar você.
Incrédula, Annelise virou-se para a jovem.
— Eu?
— E a Sra. Kemp falou para você ir logo e não o deixar esperando.
Annelise abriu a boca para protestar, mas logo a fechou. Afinal de contas, qualquer coisa que acontecesse seria diferente da rotina de suas tar­des, quando assistia algumas aulas e limpava o nariz das meninas menores. Ou elas estavam brincando ou alguém tinha se enganado. Entretanto, em ambos os casos, seria uma grande novidade. Se fosse uma travessura, as outras se divertiriam à sua custa, o que não a incomodava. E caso não fosse, o engano de certo já teria sido desfeito quando chegasse na diretoria. Até lá...
— E claro — disse ela, alegre. — Não pretendo deixá-lo esperando. Ele deve ter vindo de Londres.
— Não sei — confidenciou Margaret —, mas chegou em uma linda carruagem com os cavalos mais maravilhosos que já vi.— A Sra. Kemp não aprovaria escutá-la falando assim, Margaret.


Trilogia Sinclair
1 - Uma Mulher de Coragem
2 - Sonhos Secretos
3 - Uma Dama Espanhola
Trilogia Concluída

16 de outubro de 2011

Uma Mulher de Coragem

Trilogia Sinclair
Paris, 1913 
Dessa vez o conde de Dare foi longe demais! 

Stephen Sinclair, o conde de Dare, era um enigma, mesmo para aqueles que julgavam conhecê-lo bem. 
Pois embora sua moral parecesse suspeita e sua busca pelo prazer tão incansável quanto a de suas parceiras, havia algo sob a fachada de beleza, perspicácia e charme que ele, muito habilmente mantinha escondido. 
Ou, pelo menos, assim parecia, até a noite em que Dare apostou uma pequena fortuna pela amante inglesa de um jogador francês... e ganhou! 
Agora, com a bela viúva instalada em sua casa, até as mamães casamenteiras da alta sociedade estavam começando a duvidar que o conde de Dare seria capaz de recuperar o bom nome, pois tinha-se a impressão de que a mal-afamada sra. Carstairs estava destinada a se tornar a próxima noiva da família Sinclair...

Capítulo Um

Londres. 
Se tudo ocorrer de acordo com o planejado, minha querida, teremos um convidado muito especial esta noite — disse Henri Bonnet, sorrindo com indisfarçável satisfação. — Alguém a quem você deve tratar com redobrada cortesia. 
Elizabeth Carstairs ergueu a cabeça e, durante breves segundos, fitou o reflexo do patrão no espelho sobre a penteadeira. Sem nada responder, retomou a tarefa de maquiar os belos e tristes olhos azuis. Irritado com a indiferença daquela inglesa altiva, apesar da posição subalterna que ocupava em sua casa, o francês atravessou o quarto com passadas rápidas e segurou-a pelo queixo rudemente, obrigando-a a encará-lo. 
— Um convidado muito especial — tornou a dizer, pronunciando cada palavra com propositada lentidão. — Você está me entendendo, mulher? 
 — Claro — ela retrucou, não deixando transparecer a angústia que lhe ia no peito. Nos últimos dois anos, Elizabeth Carstairs pouco controle tivera sobre qualquer aspecto da própria vida, exceto quanto ao comportamento pessoal. E, desde o início, jurara a si mesma que Henri Bonnet, jogador profissional, jamais saberia o que ela estava pensando. Ou sentindo. 
Ainda segurando-a firme pelo queixo, Bonnet virou-a em direção à luz. Depois de examiná-la criticamente, mergulhou um dedo num pote de rouge e acrescentou mais cor aos lábios e às faces pálidas. 
Então afastou-se alguns centímetros e contemplou o resultado. Todavia o vestido azul, de corpete alto e mangas compridas, não o agradava. 
— Prefiro vê-la usando o vestido vermelho, em vez deste aqui. Portanto, troque-se. Estaremos recebendo alguém importante. Alguém muito importante. E conto com seu empenho. 
Sem se dar ao trabalho de aguardar até que sua ordem fosse cumprida, pois sabia que seria, o jogador retirou-se, deixando-a só no quarto. Elizabeth olhou-se no espelho, odiando a própria imagem. 
Num misto de raiva e frustração, tentou remover o rouge das faces. Porém, após alguns instantes, desistiu, resignada. Impossível lutar contra o destino. Já não podia ser quem um dia fora. Com o olhar fixo no espelho, levantou-se e começou a desabotoar o vestido azul, preparando-se para cumprir a determinação do patrão. 
Orgulhosa e serena, embora com a alma dilacerada, saiu do quarto após trocar-se, sem voltar a se olhar no espelho. 
— Tão gentil de sua parte nos honrar com sua companhia, meu lorde Dare — Henri Bonnet falou inclinando-se servilmente, a mão esquerda, enfeitada por um enorme anel de esmeralda, apontando para a mesa de mogno, que dominava parte do cenário daquela elegante casa de jogos, no coração de Londres. Havia duas cadeiras vagas à mesa, as outras quatro já ocupadas por cavalheiros que costumavam freqüentar o mesmo círculo social do conde. 
O olhar arrogante de Dare mal se deteve sobre seu anfitrião, preferindo passear rapidamente sobre o rosto de cada um dos presentes. 
— Creio que você conhece todos aqui reunidos — o francês acrescentou, não se permitindo revelar o quanto a indiferença do conde às suas palavras efusivas de boas-vindas o tinha desagradado.

Trilogia Sinclair
1 - Uma Mulher de Coragem
2 - Sonhos Secretos
3 - Uma Dama Espanhola
Trilogia Concluída