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4 de julho de 2018

A Noiva Solteirona

Série Lordes e Ladys
Mr. Charles Norris precisa de ajuda para encontrar uma esposa…
Pois ele tem o hábito lamentável de se apaixonar pela mais bela debutante de cada temporada, apenas para ter seu coração partido quando ela se casa com outro. Certamente que Lady Marjorie Penwhistle o pode ajudar. Ela é sensata, inteligente, conhece a sociedade e deve casar com um lorde, coisa que ele não é. 
Já que se encontra decididamente fora de seu alcance, Charles é livre de desfrutar de sua honestidade refrescante e seus inesperadamente atraentes beijos…
Lady Marjorie Penwhistle não quer um marido…
Pelo menos não quer pretendentes com títulos, mas insuportáveis que sua mãe está determinada que ela case. Preferiria ficar solteira e cuidar de seu irmão excêntrico. Contudo, aconselhar Mr. Norris é uma excitante diversão secreta. Depois de tudo, quão difícil será encontrar um par para alguém tão justo, honorável e completamente lindo? Não é como se estivesse em perigo de ela própria achar Charles demasiado irresistível…

Capítulo Um

Marjorie Penwhistle chegou à alarmante realização, no dia cinco de maio no ano de nosso Senhor de mil oitocentos e setenta e quatro, que estava destinada a ser uma solteirona. Que já era, de fato, uma solteirona.
Tinha sido negligenciada.
Enquanto estava no salão de dança ao lado de sua mãe, reparou em um fenômeno estranho. Todos os jovens cisnes que costumavam estar à sua volta estavam agora em volta de Miss Lavínia Crawford. Marjorie era, pelos padrões da sociedade londrina, bastante velha para não estar casada. Aos vinte e três anos (e muito próxima dos vinte e quatro), ela ainda continuava adorável, claro, mas existiam outras mulheres mais adoráveis (e mais jovens), frescas para o mercado de casamento, cheias de riso e vida, enquanto Marjorie tinha que admitir que estava… cansada.
― Miss Crawford parece estar atraindo uma multidão. ― Disse para sua mãe.
Um olhar disse a Marjorie que sua mãe tinha reparado no mesmo.
Com olhos estreitos, Dorothea Penwhistle, Lady Summerfield disse:
― Pararão de andar atrás dela quando ela abrir a boca para falar. Nunca ouvi um som tão agudo saindo da boca de uma jovem lady.
Marjorie riu baixinho e sua mãe pareceu satisfeita com sua reação. Miss Crawford tinha, de fato, uma voz normalmente encontrada em uma criança de dez anos, mas, apesar do comentário de sua mãe, os jovens cavalheiros a seu lado não pareciam incomodados com isso. Marjorie pressionou seus lábios juntos, recebendo um olhar agudo de sua mãe. Forçou- se a relaxar a boca, tornando em um sorriso agradável destinado a transmitir confiança e charme feminino. Era um sorriso que tinha praticado em frente do espelho um grande número de vezes, com sua mãe ao seu lado oferecendo sugestões.
Marjorie tinha sido um produto bastante milagroso de duas pessoas extremamente simples. Seu pai há muito morto (alguns disseram que sua mãe o tinha matado com um de olhares letais) tinha sido baixo, gordo, e estava perdendo seu cabelo, com um nariz batatudo e grosso e lábios carnudos. Sua única característica agradável, os olhos profundos cinzentos rodeados de azul, tinham sido herdados por Marjorie. Dorothea tinha sido seu par perfeito, uma mulher forte e de queixo quadrado com cabelo cinzento de ferro (mesmo em seus vinte e poucos anos) e pequenos olhos castanhos dominados por sobrancelhas fortes e grossas que precisavam de ser aparadas uma vez por semana.
Marjorie era ligeiramente maior que seu pai e sua mãe e tinha sido abençoada com um rosto adorável, caracóis negros e grossos, uma figura feminina que, até aquela temporada, tinha atraído um grande enxame de pretendentes. Sabia que sua falta de namorados podia ter tanto a ver com sua idade como com o fato de que tinha rejeitado quase todos os que se aproximaram dela.
 A mina de homens adequados estava diminuindo rapidamente não só por sua exigência, mas também devido à exigência de sua mãe de que ela se cassasse apenas com um lorde. Era bem conhecido entre a alta sociedade que, a menos que tivesse um título importante (um mero barão nunca serviria, pelo menos não nesta altura) ninguém se aproximava de Lady Marjorie Penwhistle, nem com um simples convite para dançar. Se Marjorie fosse honesta, ela teria desfrutado de sua reputação perspicaz nos primeiros dois anos de sua estreia, mas estava cansada disso agora. Perguntou- se se sua mãe estava sequer consciente de que Marjorie já mão era mais a bela da temporada.
― Ela se parece com um delicado canário rodeado de gatos famintos. ― Marjorie comentou sobre Lavínia no ouvido de sua mãe, ganhando um sorriso dela.
Era fácil agradar a sua mãe. Marjorie precisava apenas respirar para fazer sua mãe feliz. Sabia que sua mãe acreditava que Marjorie era o produto de seu próprio trabalho árduo, uma peça de arte a exibir orgulhosamente. Marjorie amava muito sua mãe, mas muitas vezes se encontrava não gostando dela. O peso de ser sempre s filha boa, bonita, encantadora e especial se tornava cansativo. Se ela era a criança de ouro, seu pobre irmão George era o pária. George, com todas suas maravilhosas imperfeições, embaraçava amargamente a sua mãe. Doce George, que não possuía um único osso mau em seu corpo magro, era o objeto do desprezo de Lady Summerfield. E, portanto, por muito que Marjorie amasse sua mãe, não gostava dela, também. Não gostava do modo com tratava seu amado irmão, da forma como seus olhos ficam frios sempre que ele entra numa sala.
Algo estava errado com o jovem sentado à sua frente na mesa de cartas, mas Charles não conseguida identificar o quê. Era mais do que seu cabelo horrivelmente vermelho e indisciplinado ou a forma estranhamente intensa com que olhava para suas cartas. 
O jovem rapaz, que não poderia ter mais de vinte anos, continuava perdendo, principalmente para ele. E, contudo, sua expressão nunca se alterava, mesmo quando seu amigo muito mais velho perdeu. Ele não suava nem praguejava. Não se envolvia em nenhuma das provocações que os outros trocavam depois de uma mão desastrosa, o tipo de troca verbal que tinha a intenção de anunciar aos outros que perder quinhentas libras em uma única jogada era apenas uma gota no balde. Parecia como se não se importasse realmente se ganhava ou perdia.
E Charles ainda tinha que conhecer um homem que realmente não se importe.
Jogada após jogada, o jovem olhava para a mesa ou para suas cartas quando lhe eram dadas. Ele jogava mal, principalmente porque nunca olhava à sua volta, não se preocupava em tentar ver se seus companheiros estavam telegrafando o tipo de cartas que possuíam. 
Sir Robert, por exemplo, puxaria de suas sobrancelhas por domar quando tinha uma mão particularmente pobre e se sentaria direito quando tinha uma mão muito boa. Lorde Hefford limparia sua garganta quando estava um pouco excitado sobre sua mão: Lorde Pendergast se iria desleixar. E o amigo do jovem (não se recordava do nome apesar de terem sido apresentados) puxava por seu colarinho quando sua mão era particularmente má. 
Seus tiques nervosos eram fáceis de perceber se alguém estivesse realmente observando.Mas o jovem não tinha tiques, pois sua expressão nunca variava. Charles sabia disso porque olhou para o jovem jogada após jogada, observou seus olhos passarem por suas cartas. Ele sabia como jogar, isso era certo. 
Apostava bem quando tinha uma mão para apostar. Mas, porque não olhava a seu redor, não tinha ideia do que os outros homens tinham. E foi assim que Charles ganhou, jogada após jogada, até que o jovem percebeu, muito para sua surpresa aparentemente, que tinha entrado em uma dívida de quase vinte e cinco mil libras. Era uma soma enorme. 
Uma soma devastadora. E, contudo… 




10 de junho de 2018

Quando um Lorde Precisa de uma Lady

Série Lordes e Ladys
Lorde Graham Spencer precisa de uma esposa.

Mas não qualquer jovem. Deve ter o dinheiro necessário para salvar sua propriedade dilapidada e inquilinos desesperados. Então, quando ele conhece uma encantadora criada americana na praia de Brighton, a última coisa que deve fazer é beijá-la.
Katherine Wright está caçando um marido com título.
Ou pelo menos sua mãe está. Mas Katherine não pode tirar da sua mente a lembrança de um beijo dos mais impróprios. O belo estranho que a tomou em seus braços em Brighton era apenas um valete, mas mesmo sendo uma herdeira, preferiria passar a vida com ele a um aristocrata britânico.
Poderia o verdadeiro amor sobreviver a duas identidades falsas, duas mães maquinadoras e duas festas campestres onde tudo é revelado? Poderia...


Capítulo Um

― Estou morrendo.
Katherine Wright soltou um pequeno e silencioso suspiro ao escutar as palavras de sua mãe, enquanto olhava para a praia lotada desde sua suíte no Grand Hotel. Brighton não era nada comparada a Newport. Não havia nada de distinto ou opressivo naquele famoso local de férias. Estava lotado com o que sua mãe chamava de ralé. Era estridente e barulhento. Era… maravilhoso.
― Estou morrendo, ― insistiu sua mãe, tirando a compressa fria da testa e colocando-a diretamente sobre os olhos. ― Eu fui levada a acreditar que Brighton era o lugar para ir. O lugar. Charles Dickens costumava passar férias aqui.
― Isso foi há vinte anos, mãe. E eu prefiro assim. É tão vivo. E não podemos colocar defeitos no hotel ou na sua clientela. É tudo muito charmoso. Essas máquinas de banho. Realmente ― disse Katherine, olhando para a fila de pequenos vagões cobertos que as mulheres recatadas usavam para trocar de roupa antes de se banharem fora de vista. 
Ela usou uma ontem, cedendo à curiosidade. Levou seu traje de banho em uma bolsa, subiu a bordo e se trocou enquanto o vagão era puxado por um cavalo de aparência muito triste, aproximadamente 15 metros dentro da água. O condutor entrou na água e um conjunto de escadas caiu produzindo um pequeno salpico. Pisou cuidadosamente na água fria, seus pés calçados em chinelos afundando apenas um pouco na areia dura. Os vagões estavam posicionados de maneira que nenhum olho masculino pudesse espionar uma mulher enquanto usava seu traje de banho. Depois de nadar um pouco, saiu da água sozinha e estava terminado.
Como aquilo era diferente das férias de dois anos atrás que passou na casa de sua avó em Nova York quando, vestindo apenas roupa interior, ela corria até uma grande pedra de onde saltava para a água fria do lago com um grito de contentamento. Sua mãe teria desmaiado se soubesse disso. Mesmo ali, naquela carroça estúpida, sua mãe estava diligentemente assegurando-se de que nenhum homem vislumbrasse um tornozelo, ou pior, talvez a curva da sua panturrilha, quando desceu a escada.
Sua mãe não a acompanhou, mas esperou na máquina de banho, reclamando sobre o cheiro estranho em Brighton.
― É o mar ― disse Katherine. ― Acho que cheira bem.
Katherine desviou os olhos das máquinas de banho e olhou para sua mãe. Tinha um aspecto horrível. Fazia anos que sofria de dores de cabeça, mas esses acessos pareciam ser mais frequentes ultimamente ― e justo no momento de fazer algo que sua mãe não tinha interesse em fazer. Hoje, tinham planejado caminhar ao longo do cais. Os ingleses o chamavam de passeio. Katherine simplesmente amava a forma como os ingleses faziam tudo parecer mais especial. Era um dia glorioso e Katherine ansiava sair e juntar-se a multidão.
― Tantas pessoas. Quem é essa gente? Eu posso dizer que esse não é absolutamente o tipo de pessoa que fui levada a acreditar que encontraria em Brighton. Eu posso ouvi-los daqui. Feche a janela, querida.
Elizabeth Wright era uma boa mulher, Katherine sabia, mas era terrivelmente esnobe.
Era verdade que Brighton atraia uma multidão eclética, e Katherine começava a suspeitar que Lady Haversly, quem as introduziria na sociedade neste outono, simplesmente quis se livrar das duas durante o verão. 
― Disseram-me que eles chegam aqui de trem, ― disse Elizabeth. ― Escapando da cidade em massas, como ratos.
Katherine encarou sua mãe, ainda que os olhos da mulher mais velha estivessem cobertos pela compressa. ― Eu realmente gostaria que a senhora não fosse sempre tão esnobe, mãe.
― Você vai ficar contente quando for uma duquesa. ― Disse Elizabeth de maneira presunçosa.
Katherine suspirou profundamente. Não queria ser uma duquesa, marquesa ou mesmo uma baronesa. Queria voltar a New York e ir à universidade, tal como sempre desejou. 
Qual era o sentido de todo aquele estudo ao qual foi forçada senão para prepará-la para uma educação universitária? Quando abordou aquele tema com sua mãe, foi como se tivesse anunciado que queria se tornar uma prostituta. Foi quando se deu conta, com crescente horror, que todas as lições de linguagem, filosofia e história europeia foram para prepará-la para sua vida como uma nobre. Foi uma operação bem orquestrada e cuidadosamente planejada e Katherine quase admirava a capacidade da sua mãe de permanecer focada no prêmio todos esses anos.
― O dinheiro é grosseiro, querida. Mas um título é algo que você não pode comprar. Eu gostaria que minha própria mãe tivesse feito por mim o que eu fiz por você.
Não ocorreu à sua mãe que exibir o dote dela na frente de um nobre empobrecido era equivalente a comprar um título. E  não lhe ocorreu que se a avó a tivesse casado com um nobre, Katherine não existiria. Pelo menos não na sua forma atual.
― Eu vou ler no meu quarto, ― disse Katherine. ― Eu espero que a senhora se sinta bem o suficiente para comparecer ao jantar. Soube que o duque de Monmouth irá.
Isso animou sua mãe. ― Um duque, você disse?
― É apenas um rumor. ― Mentiu Katherine sobre um título que se extinguiu com a infame decapitação do duque de Monmouth no século XVI. Ela afastou a pontada de culpa que sentiu por mentir à sua mãe.
Elizabeth afundou a cabeça no travesseiro, arrancando o pano frio da sua cabeça. ― Se ele vai comparecer, eu simplesmente terei que aguentar a dor. É uma oportunidade que não podemos perder. Um duque. Isso faria com que tudo fosse perfeito, não faria? Se bem que eu miraria no duque de Penfrey. Ele é supostamente bonito e tem uma casa tão adorável em Londres.
Katherine olhou sua mãe com divertida exasperação. Ela distraia Katherine, mas amava sua mãe com todo o seu coração.
― Sim, seria agradável, não seria? ― Disse suavemente.
Caminhou até sua mãe, gentilmente substituiu a compressa e então beijou sua bochecha. ― Eu a verei então à noite, na nossa pequena sala de jantar. As oito?
― A menos que o duque esteja aqui, ― Disse Elizabeth suavemente, soando como se já caísse no sono.
― A menos que o duque esteja aqui, ― Disse Katherine e então saiu do quarto na ponta dos pés...
― Ah não, senhorita. Perderei meu emprego se a pegarem. ― Clara, a leal criada de Katherine e parceira no crime, não parecia nem um pouco preocupada. Seus olhos brilhavam com excitação. Que criada ruim era ela. Katherine piscou um olho.
― Isso não vai acontecer, Clara. Minha mãe não vai te despedir porque eu não permitiria isso. ― Olhou no espelho e sorriu. Parecia tão... ordinária. Apenas uma garota saindo para um passeio. Estaria procurando por alguém na praia, mas na realidade estaria gloriosamente sozinha sem ninguém ao seu redor vigiando com olhos de águia a qualquer cavalheiro sem título que pudesse ousar pousar os olhos nela.
Ontem, pela primeira vez, vestiu a roupa da sua criada e colocou um pequeno chapéu com uma pluma azul, e caminhou sozinha ao longo da praia. Durante dez minutos inteiros. 
Foi a coisa mais gloriosa e talvez mais assustadora que já fez. Sentir o vento contra as suas bochechas, deter-se e assistir as crianças jogando, pensar em como seria sentir a areia entre os dedos do pé. Provou um pouco de uma massa frita coberta com açúcar branco que nunca tinha visto na sua vida. Foi o céu na sua boca.
E ia fazer aquilo tudo novamente hoje.
― E se a sua mãe descobrir? 




Série Lordes e Ladys
1 - Quando um Duque diz Sim
2 - A Filha do Lord Louco
3 - Quando um Lorde Precisa de uma Lady
4 - A Noiva Solteirona
Série Concluída

11 de setembro de 2017

A Filha do Lorde Louco

Série Lordes e Ladys
Trancada por seu pai recluso e intensamente protetor, o recém falecido “Lorde Louco de Northumberland”

Melissa é bela e educada, mas dolorosamente inocente sobre o mundo real e sobre os segredos obscuros de seu nascimento. 
Agora, aos cuidados de seu tio, o Conde de Braddock, ela deve se preparar para entrar para a sociedade Londrina e encontrar um marido apropriado, uma tarefa que se complica quando ela se apaixona pelo único homem que nunca poderia ter. Logo quando uma nova vida promissora começa a eclipsar seu trágico passado, ela se encontrará consumida por um amor proibido que poderia destruir tudo…

Capítulo Um

Bamburgh, Inglaterra, 1862
Melissa olhou para fora de sua janela do primeiro andar e encarou furiosamente a carruagem que subia trazendo o homem que a levaria da única casa que conhecera em sua vida. Sua respiração embaçou o vidro e ela o limpou impacientemente. Ela desejou naquele momento que tivesse poderes especiais e que pudesse fazer a carruagem explodir em chamas, forçando o homem a correr de seu lar em terror para nunca mais retornar.
― Eu o odeio, ― ela disse, tentando impedir a movimentação eficiente de sua criada.
― Sim, senhorita.
― Vá e diga àquele homem que não estarei descendo.
― Sim, senhorita. ― Mas a criada continuou a empacotar, ignorando sua senhora mesmo que concordasse com ela.
― Mary, realmente.
Mary, que não era nada parecida ao que uma jovem moça deveria ter como criada pessoal – ela era bem velha e nada atraente – parou apenas tempo o suficiente para dar a Melissa um olhar reprovador, antes de colocar outra pilha de livros em um peito avantajado. Mary estava com Melissa desde que conseguia se lembrar e era muito mais uma amiga do que uma criada, o que provavelmente explicava por que a mulher continuava a ignorar suas ordens.
― Não estou partindo. Acorrente-me à parede se for preciso, ― Melissa disse dramaticamente, imaginando-se como uma profana Joana d’Arc.
Mary ergueu uma sobrancelha e bateu outra pilha contra o peito.
― Realmente, Mary, você não pode se importar nem um pouco comigo se vai permitir que aquele homem me leve embora. Papai nunca teria permitido isso. Ele queria me proteger. Ele queria… ― ela parou, porque o pensamento de seu pai era simplesmente doloroso demais. Ele morrera há apenas seis meses, deixando-a desolada e completamente sozinha, além de Mary. Ela se perguntava se havia outra alma na Inglaterra que estava tão sozinha quanto a dela. Ela não tinha mãe, nem pai, nem irmãos, e agora, nem casa. Ela engoliu o nó que instantaneamente se formou em sua garganta.
― Seu pai queria que você fosse uma jovem lady normal. Ele apenas não teve a coragem de deixá-la ser, ― Mary disse, seu tom carregando o menor indício de desaprovação. Se era desaprovação por seu pai ou por seu comportamento infantil, Melissa não sabia.
― Ele estava me protegendo, ― ela disse pela centésima vez. Dissera essas mesmas palavras tantas vezes desde a morte de seu pai que elas perderam seu significado e até mesmo começou a duvidar delas.
Em todo o tempo em que foi mantida segura, nunca pensou em si mesma como uma prisioneira. Estivara completamente contente em viver sua vida, sabendo que era protegida e amada, e sabendo que sua segurança fazia seu pai feliz. Não, as dúvidas sobre sua vida tinham começado depois da morte de seu pai, quando ouviu por acaso alguns criados bem-amados caracterizá-la como “a pobre mocinha, mantida prisioneira por todos esses anos”. E então, outra criada misteriosamente acrescentara, “São aqueles olhos”. Na verdade, o comentário tinha sido sussurrado, como se a criada tivesse medo de que ela pudesse escutar.
A primeira reação de Melissa a aquelas palavras ouvidas fora raiva. Como ousavam criticar seu pai por mantê-la segura, por permiti-la viver sem ameaça de morte ou perigo?
Mas as palavras que escutara não a deixariam. Será que os criados realmente tinham pena dela? Será que eles achavam que sua existência segura era mais uma sentença? Será que seu pai tinha lhe roubado, roubado sua infância, sua liberdade, sua própria vida? Ela perguntara a Mary e a mulher mais velha balançou a cabeça em desgosto.
― Apenas palavras tolas em que não deveria prestar atenção, senhorita, ― ela dissera.
Mas enquanto as semanas passavam e Melissa começava a aprender exatamente quão desesperadora era sua situação, ela não pôde evitar e se perguntar se seu pai não fizera tudo o que podia para protegê-la. Ela não gostava da ideia de que seu pai temera por ela, ou tivera medo de algo por conta própria. Assim que esses pensamentos entravam em sua mente, ela os afastava. Seu pai a amara, quisera apenas o melhor para ela. Certamente ele sabia mais do que os criados que trabalhavam para ele.
Melissa caminhou em frente à janela, parando de vez em quando para verificar se alguém estava saindo da carruagem. Ah, lá estava ele, empurrando seu chapéu feio sobre sua cabeça. O próprio diabo que achava que podia arrancá-la de sua casa, levá-la a Deus sabe onde, fazê-la entrar na sociedade com todos os seus perigos. Casá-la.  Oh, Deus.
Ela ainda tinha a carta do demônio, suas palavras perversas encobertas com aparente preocupação. Bah!








Série Lordes e Ladys

1 - Quando um Duque diz Sim
2 - A Fiha do Lord Louco
3 - Quando um Lord Precisa de uma Lady
4 - A Noiva Solteirona
Série Concluída




5 de junho de 2017

Quando um Duque diz Sim

Série Lordes e Ladys
A senhorita Elsie Stanhope residia em Nottinghamshire numa área tão rica em cavalheiros titulados, tão prazerosa para as mães com ideias matrimoniais, era chamada de “Ducados”.

De fato, Elsie havia sido prometida desde a infância ao herdeiro de um ducado.
Ela não tinha nenhuma expectativa de que se casaria por amor. 
Ainda menos, que ela entraria em um caso escandaloso com um tipo totalmente diferente de amante. 
E a última coisa que imaginava era que os mistérios do nascimento dele seriam desvendados com tantas voltas e reviravoltas imprevistas, como os segredos mais profundos de seu coração.

Capítulo Um

Nottinghamshire, England, 1862
Uma das tarefas mais angustiantes dos criados de Mansfield Hall era procurar Miss Elsie, que tinha uma tendência a adormecer nos lugares mais estranhos. Uma vez a encontraram equilibrada precariamente na beirada de uma fonte, com uma mão pendurada na água enquanto uma carpa mordiscava curiosamente e sem dor, seus dedos. Embora os criados começassem sempre a busca em seus aposentos, era quase inevitável que a encontrassem onde não deveria estar, e, nunca, em sua cama.
― Porém, não parece um anjo. ― Disse Missy Slater, empregada doméstica de Elsie, olhando para a patroa enquanto dormia como uma criança encolhida, em uma enorme poltrona de couro, na biblioteca de seu pai.
A Sra. Whitehouse, a governanta, era muito menos caridosa e olhou para a garota adormecida. ― Como se eu tivesse tempo para isso ― Ela resmungou, então limpando sua garganta, alto, em uma tentativa de despertá-la.
― Você tem que dar uma boa sacudida. ― Missy disse, fazendo exatamente isso. Ela foi recompensada quando os olhos verde musgo de Elsie se abriram sonolentos, e ela sorriu. Ela, quase, sempre acordava sorrindo.
― O que eu estou perdendo? ― Ela perguntou, como sempre fazia. Estava se sentindo um pouco grogue, porque deveria ter dormido durante, pelo menos, uma hora. Os criados foram instruídos a nunca despertar Elsie a menos que algo de importante estivesse acontecendo.
― Aquele pintor francês está aqui ― disse Missy. ― Eu sei que você queria estar no salão de baile quando seu pai se encontrasse com ele.
― Monsieur Laurent Desmarais, senhorita Elizabeth. Ele chegou há dez minutos, ― disse a Sra. Whitehouse, olhando para Missy por sua familiaridade. Missy fez uma careta atrás das costas da empregada e Elsie se encontrou tentando não sorrir para sua criada. Só porque sabia que deveria, deu a Missy um olhar severo, o que só fez a pequena criada encolher de ombros, inocentemente.
― Obrigada, senhoras ― disse ela, saltando, como se não tivesse dormido. Ela deu uma ajeitada em seus cabelos castanho dourados, que não ficaram piores por ter dormido, e foi para o salão de baile. Ter o grande Laurent Desmarais pintando um mural no seu salão de baile, fora uma grande jogada para a família Stanhope. Normalmente, o famoso muralista não pintava para ninguém abaixo do nível de um visconde, mas seu pai, o barão Huntington, possuia mais libras do que um barão típico, e aparentemente, essa renda era mais do que monsieur Desmarais pudera resistir.
A propriedade de Stanhope estava nas proximidades de Dukeries, uma área de Nottinghamshire que teve um número excessivo de duques, fazendo, da área, um lugar uma vez afortunado para toda a família com meninas em idade casadoura. Elsie teve a sorte de ter sido comprometida com um futuro duque desde a infância. Pelo menos, seu pai insistia, que era, uma boa sorte. 

Série Lordes e Ladys
1 - Quando um Duque diz Sim
2 - A Filha do Lord Louco
3 - Quando um Lord Precisa de uma Lady
4 - A Noiva Solteirona
Série Concluída


9 de novembro de 2011

Quase Perdidos

O tempo certo para amar...

Bonito, elegante e irresistível, Edward Hollings causa furor em Newport, e, para surpresa de Maggie Pierce, somente ela atrai sua atenção.
No entanto, quando o charmoso conde volta para a Inglaterra sem pedi-la em casamento, Maggie compreende que precisa esquecê-lo, embora fique arrasada ao ver todos os seus sonhos de amor e felicidade cair por terra.
Quando recebe um convite para ir à Inglaterra para as festas de fim de ano e para conhecer o bebê de sua melhor amiga. Maggie aceita, decidida a esconder seus vergonhosos segredos e mentiras do único homem que amou na vida... Embora tivesse jurado a si mesmo que nunca se casaria, Edward quase rompeu a promessa quando conheceu Maggie. Ela é linda, inteligente, encantadora, e ele não consegue esquecê-la. Quando o destino os aproxima de novo, na residência de um casal de amigos em comum, Edward tem dificuldade para ficar longe dela.  Ele se sente mais atraído que nunca, e a indiferença de Maggie só faz aumentar seu desejo.
Agora, com o amor que ele nunca imaginara sentir um dia escapando por entre seus dedos, Edward está determinado a conquistar Maggie, custe o que custar...

Capítulo Um

Nova Iorque, 1893

Esperando acalmar-se, Margaret Pierce sentou-se no sofá da sala cor-de-rosa, um cômodo extravagante, tão amado pela mãe excêntrica.
Balançou o corpo para a frente e para trás, as mãos unidas, dedos entrelaçados e rezou fervorosamente pelo pai. Ouviu a porta da frente abrindo-se e a mãe falando em voz baixa com um dos poucos criados que continuavam na casa.
Em seguida, passos ressoaram no piso de mármore. Margaret sentiu uma batida lenta e dolorida no coração.
— Ah, você está aí, Maggie — disse Harriet Pierce, a expressão notavelmente tensa.
— Agora tudo terminou.
Maggie olhou para a mãe com medo de perguntar o resultado do julgamento do pai, homem educado e brilhante que tinha ido para a prisão.
Faltara-lhe coragem de comparecer ao tribunal; sentira-se incapaz de olhar nos olhos do homem que tinha nas mãos imundas o destino de Reginald Pierce. Como desejava saber quanto tempo o pai iria permanecer na prisão. Teria de ser um ano apenas, e não cinco. Ela se sacrificara para conseguir a redução da pena.
— Minha querida — prosseguiu Harriet Pierce, sentando-se ao lado da filha e abraçando-a. — Eu sei que tudo isto é muito difícil para você que sempre foi tão unida a seu pai. Imagino que ele também esteja sofrendo por não poder estar presente ao seu casamento. Por não ver os netos quando nascerem. Maggie afastou-se um pouco da mãe e olhou para ela com expressão de medo.
— Papai ficará na prisão por um ano apenas. Estará em liberdade por ocasião do meu casamento e, claro, verá os netos quando nascerem. Lágrimas brilharam nos olhos de Harriet e ela balançou a cabeça.
— De onde tirou essa ideia? Você sabe tão bem quanto eu que a pena é de cinco anos.
O que a fez pensar o contrário? — A mãe endireitou-se no sofá.
— Mas conseguiremos superar esta provação. Seu pai é relativamente jovem. Quando voltar para casa estará com cinquenta e poucos anos. Não será tão velho.
— Tem de ser um ano — Maggie murmurou, a voz traindo seu desespero.
Sentia-se como se fosse desmaiar, como se o mundo girasse ao seu redor.
— Um ano. Não mais que um.
— Minha querida — a mãe tentou abraçar de novo a filha para confortá-la —, os anos passarão depressa. Você verá. Maggie levantou-se, agitada.
— Impossível. Ele prometeu. Harriet sorriu para a filha.
— Quem prometeu?

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