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9 de outubro de 2018

No Castelo de Pendragon

Série Família Sherbrook
Quando seu primo Jeremy Stanton-Greville, a quem Meggie adora em silêncio desde os treze anos, lhe quebra o coração, ela embarca em um matrimônio apressado com Thomas Malcombe, o conde de Lancaster, um homem desiludido pelas más experiências com as mulheres no passado. 

Thomas leva a sua mulher a Pendragon, um velho castelo na costa sul oriental da Irlanda. É um lugar lúgubre, repleto de gente excêntrica, mas Meggie, que se esforça por conquistar o seu marido, a contra gosto dele, até que descobre que ela está ali por razões que poderiam conduzir a um desastre.

Capítulo Um

Corridas de gatos. Circuito McCaulty, próximo de Eastbourne, Inglaterra. 
Uma tarde de sábado ensolarado, abril de 1823 – Senhor Raleigh tire o Pequeno Tom do caminho do Senhor Cork! Por todos os diabos, ele está atrapalhando–o! 
Alguém tirou do caminho o Pequeno Tom justo a tempo, dois segundos mais tarde e o Senhor Cork o haveria feito em picadinho. Pequeno Tom era a grande esperança do senhor Raleigh, mas ainda não estava pronto para a competição dessa categoria. 
Pequeno Tom, negro como um parente do diabo e de diminutas patas brancas, não tinha mais que um ano, ainda não era um adulto nem estava bem treinado. 
Sem dúvida, quando os corredores já haviam saído disparados e haviam passado a velocidade de um raio, o senhor Raleigh voltou a colocar Pequeno Tom na pista, lhe deu uma palmada nos traseiros e lhe falou algo no ouvido. Esse murmúrio, sem dúvida, era a promessa de uma ração com pedaços de fígado de frango. Ao imaginar o saboroso que seria esse manjar até chegar a seu estômago, Pequeno Tom saiu propulsado para diante. Meggie Sherbrooke estudou os corredores, e com as mãos a modo de corneta voltou a gritar:
 – Por todos os diabos, Senhor Cork, corra! 
Não deixe que lhe alcance Mascarado II! Pode fazê–lo, corra! O reverendo Tysen Sherbrooke costumava passar por alto os momentos ocasionais em que sua filha recorria à blasfêmia predileta dos Sherbrooke, posto que era bastante apropriada para a corrida. Ele também gritou: – Corra, Senhor Cork, corra! Cleópatra, pode fazê–lo, vamos, bonita, vamos! 
O Senhor Cork, que fazia seis meses havia entrado na idade adulta, era um corpulento felino tigrado, de riscas alaranjadas no lombo e na cabeça, e com o ventre e as patas brancos como a neve, era tão forte como Clancy, o macho campeão do senhor Harbor. Senhor Cork corria atraído unicamente pelo aroma de uma truta; de uns três quilos de peso e sempre morta, graças a Deus. O peixe estava temperado com umas gotas de limão acabado de espremer e pendia da mão de Max Sherbrooke, situado na linha de meta. 
O garoto a fazia oscilar a modo de metrônomo e assim mantinha a atenção do Senhor Cork no peixe. Certamente, quando não se encontrava no período de treinamento, o bichano passava muitas manhãs parado junto à mesa da sala de jantar e deixava pairar acima uma coberta de riscas alaranjadas, agitando–a com um balanço preguiçoso. 
Com ele anunciava que estava pronto para que lhe servissem um delicioso lanche de bacon crocante, ou quem sabe uma tigela de leite, ou ambas as coisas, no caso de que seu benfeitor se sentisse generoso. Cheia de admiração, lady Dauntry disse que o Senhor Cork que era corpulento e forte, e que tinha as pernas musculosas, era puro poder e poesia em movimento. Lady Dauntry era a mestre–de–cerimônias desde os quatorze anos e jamais havia deixado de comentar as corridas. Inclusive aquelas que não acompanhava. Detestava a corrupção do circuito. No ano de 1823, havia um rumor de que existiam tentativas de adulterar os resultados das corridas. 
Por ela, todos os gatos se submetiam a uma estrita vigilância. Mary Rose, a mulher escocesa que havia se casado com Tysen fazia oito anos, gritou com uma vozinha aguda e cândida: 
– Corra, Cleo, bonita, corra! – Em seguida gritou a todo o pulmão: – Pode seguir seu ritmo, Alec! Corra, garoto!