Série Vikings
Inglaterra e Escandinávia, 858
A chama de uma paixão
Gwyneth olhava para as águas do oceano tentando acalmar as batidas aceleradas de seu coração.
Era o dia de seu casamento e por mais que odiasse a idéia, naquele mundo dominado por homens não tinha escolha a não ser obedecer aos ditames do pai.
Ainda assim, ela continuava a sonhar com o amor de um viking loiro que a presenteara com um pingente em forma de cabeça de dragão...
A embarcação viking singrava os mares a toda velocidade.
Sèlig, o Destemido, preparava-se para atacar Wessex, onde um dia fora mantido prisioneiro.
O destino, porém, tinha uma surpresa para Sèlig, pois uma das primeiras pessoas com quem se deparou foi a linda jovem que o ajudara a fugir de seu cativeiro.
Como levar sua vingança adiante, quando tudo o que queria era tomá-la nos braços e fazê-la sua mulher para toda a eternidade?
Capítulo Um
Wessex e costa ocidental de Inglaterra, 858
O brilho suave da luz matinal incidia sobre a costa rochosa.
Uma jovem delicada e morena observava as águas revoltas do oceano, sentada em uma rocha fria e úmida. Abraçando os joelhos, inspirava fundo o ar marinho e procurava acalmar-se. Era o dia de seu casamento. Daquele momento em diante, sua liberdade seria cerceada.
— Um marido... — Gwyneth sussurrou e concluiu que o som daquela palavra não a agradava em absoluto.
Apesar disso, nada poderia ser feito para impedir a realização de suas núpcias. O mundo era dominado pelos homens, e uma filha tinha de obedecer aos ditames do pai, independentemente do quanto o episódio fosse desagradável para ela. Gwyneth fora obrigada a aceitar um futuro sem perspectivas e a desilusão de casar-se sem amor, em benefício do fortalecimento de uma aliança.
O pai de Gwyneth e Alfred, o futuro marido, eram dois dos maiores proprietários de terras de Wessex ocidental. Há muito tempo haviam concordado em unir seus territórios pelo casamento. Como Ethelin, sua irmã mais velha, já estava comprometida, Gwyneth fora a eleita para a união de interesses.
— É um matrimônio caído dos céus — o pai afirmara, contrariando as expectativas da filha.
Gwyneth mal conhecia Alfred. Era perturbador imaginar que se casaria com um desconhecido, embora esse tipo de união fosse usual entre as classes mais favorecidas. Depois dessa noite não serei mais uma donzela. Gwyneth sentiu um arrepio de medo pelo que a aguardava. O marido seria gentil? Ou ele pensaria apenas em usufruir os direitos matrimoniais? Embora Ethelin insistisse em dizer que isso não era tão ruim, Gwyneth desejava algo mais. Queria a maravilhosa alegria de amar tão alardeada nas canções dos bardos. O mesmo sentimento que ela experimentara havia tempos por um escravo viking.
Gwyneth fechou os olhos. Lembrou-se da primeira vez em que vira o belo jovem de olhos castanho-claros e tempestuosos. Seu pai arrastara para dentro do hall o jovem de mãos amarradas nas costas.
— Temos um escravo! — o pai anunciara, triunfante. — Agora o faremos pagar por todo o sofrimento que seu povo trouxe para nosso litoral.
Curiosa, ela abrira caminho por entre os que se aglomeravam ao redor do pagão, que na certa deveria ter semelhança com o demônio. Atônita, comprovara que o escandinavo loiro não diferia muito dos jovens de Wessex.
Gwyneth espantara-se ao notar que ele deveria ser apenas cinco ou seis anos mais velho do que ela. Embora o rosto imberbe não escondesse as marcas de energia e de orgulho. De cabeça erguida, determinado, parecia mais o conquistador do que o conquistado. Apesar disso, ela sentira compaixão ao ler a dor e o desengano naquele olhar expressivo.
— Ele insiste em dizer que não é nosso inimigo. Que descende de ingleses e que seu pai era norueguês e não originário da Dinamarca. Pois eu afirmo que um viking nunca deixará de ser um viking!
Irado e blasfemando, seu pai empurrara o jovem e o infeliz se estatelara no chão.
Gwyneth adiantara-se, com uma agressividade incomum à própria natureza calma.
— Deixe-o, meu pai!
Série Vikings
1 - Tentação
2 - Provocação
3 - Sedução
4 - Ragnar